Procurado pela polícia por crimes financeiros que preveem penas de até 22 anos de prisão , o empresário Jonas Jaimovick protagonizou no início do ano um escândalo de fraude que deixou milhares de vítimas, entre elas atletas, celebridades e membros na comunidade judaica carioca. Desaparecido há pelo menos cinco meses , Jaimovick é acusado pelos lesados de ter roubado pelo menos R$ 170 milhões em investimentos de pessoas que acreditaram na rentabilidade irreal prometida pela JJ Invest, gestora irregular criada pelo empresário.
Até janeiro, a JJ Invest chamava atenção por ter se tornado uma espécie de mecenas do futebol carioca. O empresário começou a negociar patrocínios com clubes de futebol de pequeno porte, ex-jogadores e federações. Presenteou ex-jogadores do Flamengo com dezenas de anéis de ouro. Fechou parceria com o clube de Zico, o CFZ, e convenceu o ídolo rubro-negro a investir na JJ Invest. Ele prefere não revelar quanto perdeu. Outro ex-atleta lesado foi o comentarista esportivo Júnior.
A marca da empresa chegou a estampar uniformes de pelo menos 25 times, entre eles o Vasco — que rompeu o contrato de R$ 1 milhão após Jaimovick não ter pago a parcela de janeiro. No Goytacaz, a empresa se comprometeu a pagar até os salários da comissão técnica, que era comandada pelo ex-jogador do Flamengo Athirson, ao custo mensal de R$ 30 mil. Até hoje, diversos pequenos clubes do Rio exibem a marca da empresa em seus uniformes. Antes de enveredar pelo esporte, a JJ Invest conquistou parcela importante da comunidade judaica, da qual Jaimovick faz parte.
Paralelamente, a JJ atraía aplicadores com retornos muito acima dos praticados no mercado regulado, com ganhos entre 5% e 10% ao mês. Isso apesar de a empresa possuir estrutura precária. A maioria dos clientes sequer tinha contrato assinado, e os depósitos eram feitos diretamente nas contas de Jaimovick ou da JJ. Muitas vezes, os contatos se davam unicamente por meio de WhatsApp.
Mas, em janeiro, O GLOBO revelou que a empresa estava sendo investigada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Depois disso, a JJ Invest sofreu uma corrida de clientes por resgates e não conseguiu honrá-los. Pressionado, Jaimovick desapareceu, enquanto tentativas de bloqueio judicial se frustraram, deparando com contas zeradas.
Semanas antes, Jaimovick havia se divorciado da esposa, Michele Wakslicht. Em fevereiro, ela foi impedida de viajar para Israel com o filho do casal minutos antes de embarcar no Aeroporto do Galeão . Michele foi ouvida pela PF e liberada.
Hoje, o paradeiro de Jaimovick é um mistério. Em grupos de WhatsApp, vítimas especulam sobre onde ele estaria, e boatos se multiplicam. O processo na Justiça Federal corre em segredo.
Fonte: Globo Online