Agora na Seleção, Philippe Coutinho volta ao Maracanã, onde conquistou a Série B pelo Vasco há 10 anos
Philippe Coutinho era uma criança. Estava ainda no fraldinha quando seu pai, José Carlos Coutinho, o levava da casa onde moravam no Rocha, Zona Norte do Rio, até a Vila Olímpica da Mangueira. O trajeto era curto, de 1,5km. Mais 2km de carro e passavam em frente ao Maracanã, palco da final da Copa América deste domingo, entre Brasil e Peru. É no estádio que o jogador tentará o título mais importante de sua carreira.
A primeira volta olímpica como profissional aconteceu no ex-maior do mundo. Coutinho entrou no segundo tempo da partida entre Vasco e América-RN e celebrou o título da Segunda Divisão de 2009 ao lado de dois companheiros de seleção: o lateral-direito Fagner e o volante Allan. No ano seguinte, se transferiu para a Internazionale, da Itália, e nunca mais voltou ao estádio. São nove anos sem jogar no Maracanã.
- Vou jogar na minha cidade, estou muito feliz. Tenho a oportunidade de disputar uma final de Copa América bem perto de onde eu vivia. Espero que a gente possa sair muito feliz da final - afirmou Coutinho.
Em uma Copa América marcada pela irregularidade de suas atuações, o jogador do Barcelona terá na decisão contra o Peru a última chance para brilhar. Tentará ser destaque como cansou de ser nas categorias de base. Já no futsal do Vasco, ele distribuía passes e consagrava as outras crianças. Até que o pai começou a pedir por mais gols.
- Eu oferecia dinheiro para ele por gol marcado. Ele só queria saber da passar a bola - lembra seu Zé Carlos, aos risos.
Rapidamente, a fama do garoto saiu dos arredores do Maracanã e ganhou a cidade, chegou até Madureira. Em Conselheiro Galvão, ele protagonizou uma reedição da famosa frase de Gentil Cardoso. O treinador, em 1946, assumiu o Fluminense e disse para a diretoria tricolor: "Deem-me o Ademir que lhes darei o campeonato", referindo-se ao atacante do Vasco na época. O Tricolor suburbano queria ser campeão no futsal em 2005 e o técnico Luisinho Ganança prometeu que seria se Coutinho reforçasse a equipe mirim.
O esforço foi feito: com uma ajuda de custo de R$ 1.500 por mês, seu Zé Carlos levou seu filho para o Madureira. O clube queria tanto contratar o jogador que bateu à porta de uma churrascaria e de uma faculdade do bairro. Do restaurante, conseguiu dinheiro. Da instituição de ensino, uma bolsa de estudos para os irmãos de Coutinho. A bolsa não foi utilizada, mas a receita da carne na brasa caiu bem e o Madureira foi campeão com Coutinho.
Histórico ruim no Maracanã
Neste domingo, é a vez de o Brasil tentar a volta olímpica com o jogador em campo. O último troféu levantado pela seleção foi há seis anos, o maior jejum dos pentacampeões desde 1989. Na Copa das Confederações de 2013, Philippe Coutinho viu a vitória sobre a Espanha por 3 a 0 pela televisão. Contra o Peru, estará em campo com a camisa 11 do Brasil.
Nas outras vezes em que atuou no Maracanã, ostentava o número 30 nas costas. No total, foram oito partidas pelo Vasco no estádio antes de se mudar para o futebol europeu. Os números não são bons: foram duas vitórias, um empate e cinco derrotas. Ele ainda ainda busca o primeiro gol no estádio. Caso marque, de certa forma, seria como uma viagem no tempo, de volta aos dias em que era um menino do Rocha a chutar uma bola na quadra da Mangueira.
- O Maracanã sempre foi palco de grandes jogos. Fico feliz por estar tendo essa chance de jogar uma final no estádio com a seleção - afirmou Coutinho.
Fonte: O Globo Online