Treinadores de Yotún no Vasco, Dorival Jr. e Gaúcho explicam por que peruano não deu certo na Colina
Sábado, 06/07/2019 - 10:58
"Espero que ao fim do ano estejamos todos felizes", disse Yotún no dia 22 de janeiro de 2013. No fim daquele ano, o lateral era rebaixado com o Vasco e voltava ao futebol peruano, depois de passagem apagada pela equipe de São Januário.

O jogador tinha 22 anos. No domingo, quase seis anos depois daquela jornada, Victor Yoshimar Yotún é um dos três peruanos que tentam escrever outra página dentro do país pentacampeão do mundo depois de passagens apagadas pelo futebol brasileiro.

O lateral-direito Luis Advíncula jogou apenas três meses na Ponte Preta. O atacante Ruidíaz durou sete no Coritiba. O trio mostrou muito pouco nos clubes brasileiros, mas jamais perdeu espaço na seleção peruana. Yotún tem 90 convocações e três gols. Advíncula, 82 jogos e um gol. Ruidiaz atuou em 40 partidas, com quatro gols marcados.

Para Dorival Júnior, técnico de Yotún no Vasco em 2013 e observador técnico da equipe peruana pela Conmebol, era questão de tempo para que ele mostrasse serviço, pois qualidade tinha. Dorival conta que chegou a dizer isso ao jogador peruano em seus poucos meses de convivência em São Januário.

- Não é porque hoje ele está voando que estou dizendo isso. Ele é muito inteligente para jogar - analisa Dorival. - Era processo de adaptação natural. Ele mostrava isso daí em treinamentos. O carinho com a bola, levantando a cabeça para fazer passe. Não se apertava, dificilmente acontecia. Mas aquele momento era muito complicado - lembrou o treinador.

O momento ao qual se refere é a crise técnica, política e econômica que o Vasco vivia. A primeira vítima naquele ano foi Gaúcho, que recebeu Yotún na pré-temporada. O atual treinador do Madureira considera que os maus resultados naquele ano do segundo rebaixamento vascaíno para a Série B e a turbulência natural do clube influenciaram no desempenho do jogador.

- Via que ele tinha boa técnica, mas já imaginava naquela época que estava no setor errado do campo (hoje Yotún atua no meio-campo). Era jogador que não tinha maneira de marcar tão forte, não ficava confortável na lateral – analisa Gaúcho.

- Ele tinha algumas dificuldades de marcação, mas hoje é mais combativo, faz boas abordagens frontais. É mais agressivo nesse sentido. É amadurecimento natural do atleta. Era muito jovem - concordou Dorival Júnior.

Na semifinal, o gol de Yoshi, como é chamado no Peru, virou motivo para o Vasco lembrar sua passagem pela Colina. Contra o Corinthians, que tinha Guerrero e Tite naquela ocasião, Yotún protagonizou lance infeliz ao furar chute e depois se chocar com Abuda.

Yotún fura na hora do chute e depois se choca com Abuda, que vibra com o sucesso do ex-companheiro de clube: "Ele é um irmão que ganhei na vida. Muito feliz de vê-lo bem pela seleção dele. Está jogando o fino da bola"

- Naquele ano no Vasco foram quatro treinadores. Numa turbulência dessa, ele garoto, com 22 anos, em outro país. Não foi possível um treinador ter mais calma com ele, mas tinha potencial muito grande. Não era jogador de bobeira, não. Era questão de tempo o Yotún se adaptar. Mas infelizmente tempo é o que menos temos no Brasil. Em duas partidas já falam "esse não presta". Ganha duas, "esse aí é bom" - lamenta Dorival.



Fonte: GloboEsporte.com