Ex-Vasco e hoje na Ponte Preta, preparador físico Joelton Urtiga fala com carinho de Thalles
Terça-feira, 25/06/2019 - 07:58
Jorginho não era o único "pai" de Thalles na Ponte Preta. O preparador físico Joelton Urtiga também tinha o atacante como um filho. Eles se conheceram em 2015, no Vasco, e Joelton fez questão de ir ao velório, domingo, em São Gonçalo. Ao falar sobre o jogador, que morreu no último sábado aos 24 anos, em um acidente de moto, o preparador lembrou da última mensagem que trocou com Thalles e se emocionou.

– Esses últimos dias para mim foram muito difíceis. Eu e o Jorginho tínhamos o Thalles como filho praticamente, o conhecíamos desde 2015. A gente conversava, pegava no pé pelo melhor dele. Infelizmente a vida dele foi ceifada prematuramente. A gente dava conselhos, por ter mais experiência de vida. Hoje, chegando no CT, confesso que chorei bastante dentro do carro. Mas a vida continua. O Thalles vai ficar no nosso coração. Falar dele eu me emociono. A gente tem filhos, muitas vezes eles não escutam os pais, e eu como um pouco mais velho, pensava assim. A última palavra que ele falou para mim no WhatsApp foi "fica com Deus". E lembrei de uma música do Kevinho, que falava "vai na paz, fica com Deus, sei que um dia eu vou te encontrar". Essa música tem marcado a minha vida nos últimos dias, confesso que estou sentindo bastante, mas precisa dar ênfase à nova fase. A gente vai superar e creio que a gente vai colocar a Ponte na primeira divisão e homenageá-lo com isso – disse o preparador físico da Ponte nesta segunda, durante a reapresentação do elenco da Ponte.

Entre os conselhos que deu a Thalles, Joelton tem em mente o alerta que fez sobre o uso de moto e disse que ficou sabendo que o atacante só usou tal meio de transporte no dia do acidente, porque o carro estava na oficina.

– Ele comentou dessa moto que ele tinha, e eu fui bem firme com ele. Falei que um atleta, seja de futebol ou de outra modalidade, não podia ter moto. O atleta depende do corpo, e qualquer problema que ele tiver podia ter uma lesão, ficar fora do futebol. Ele riu para mim. Só que deu um problema no carro dele, estava na oficina, um amigo dele me falou. Ele estava jogando dominó com os amigos, aí foi no baile. De repente deve ter bebido, pegou a moto e aconteceu o que aconteceu. Isso deixa a gente muito triste, porque a gente tentou de todas as formas falar com ele. Que isso sirva de lições para as pessoas, para os atletas, que não usem moto. A gente sabe que é um meio de transporte para muita gente, mas o atleta precisa tomar muito cuidado.

"Ele tinha um bom relacionamento, todos brincavam com ele. A gente usava até uma expressão com ele: bate na massa. Massa por ele ter um porte físico avantajado. Infelizmente essa massa se foi, mas fica em pensamento tudo que ele plantou. Espero que um dia a gente se encontre, porque eu gostava demais dele. Era um menino muito sincero, que cometia alguns erros, mas vai ficar no meu coração".

Além das memórias do dia a dia, Joelton guardará uma recordação material que simboliza a relação entre os dois:

– Ele me deu a última camisa de titular que usou e o par de chuteiras. As lembranças boas da pessoa, do tanto que ele foi sincero comigo, e do bem material. Vou guardar essa relíquia para mim, não tem valor. Sempre falava com ele que queria ser um amigo, um irmão. Ele tinha idade para ser meu filho e sempre me escutava. Abracei muito o pai, a mãe, a irmã dele ontem (domingo). É agora um sentimento de superação. Vamos orar pela família que fica, para que supere esse momento difícil.

O preparador físico também espera que o elenco consiga superar a perda trágica para homenagear Thalles no fim do ano com o acesso da Série B.

– Pode ser um aliado em cima do acesso, de cada vez mais batalhar e guerrear, homenageá-lo com isso. Quem sabe no último jogo, do acesso, fazer uma homenagem ao nosso amigo. Isso vai servir de incentivo para que a gente possa dar esse título ou o acesso, para honrá-lo diante da nossa situação aqui na Ponte Preta.



Fonte: GloboEsporte.com