Ser adepto de esportes sem tradição no país não é uma tarefa fácil. Este é o desafio de um tijucano e de uma francesa radicada no Brasil, praticantes de tiro com arco. Luiz Felipe Machado de Sant’Anna Neto, de 25 anos, é atleta do Vasco da Gama. Ele precisa dividir o seu tempo entre os treinamentos e o trabalho de engenheiro florestal.
— É uma rotina apertada, porque o tiro com arco é um esporte ao qual é preciso dedicar um grande tempo — conta o atleta. Sant’Anna Neto ficou em terceiro colocado em duas importantes competições ano passado: os campeonatos estaduais indoor e outdoor. Ele acha que o esporte vem crescendo no Brasil e diz que o mais importante para quem pretende praticar é ter paciência e dispor de tempo livre, já que os treinamentos são longos. Por isso, o atleta chegou a pensar em largar o esporte, ficando alguns anos parado. O retorno ocorreu depois que ele terminou a faculdade na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
— Resolvi voltar a treinar e acabei me saindo bem em algumas competições. Hoje tento conciliar minha profissão e o esporte, o que não é fácil — explica.
Já Patrícia Liayolle, de 52 anos, agarrou-se ao esporte para se recuperar das sequelas de um acidente. Há dois anos ela foi atacada por um cão e acabou sofrendo sete fraturas no braço direito.
Foi necessário o implante de dez pinos, e ela perdeu boa parte da mobilidade justamente no membro em que usava para puxar o arco.
— Praticava o tiro com arco no Club Municipal há nove anos e, para os médicos, eu jamais retornaria — conta.
No ano passado ela resolveu voltar a atirar. Depois de perceber que, mesmo com todas as barreiras, ainda conseguia praticar o esporte, agora Patrícia almeja disputar a Paraolimpíada.
Para isso, ela ainda precisa se classificar em competições nacionais.
— Os danos emocionais do acidente foram muito maiores do que os físicos. O tiro com arco foi a melhor terapia que eu tive nesse caso — afirma.
Ela é casada com um brasileiro, e seus dois filhos nasceram aqui.
Isso é uma motivação a mais para Patrícia disputar a Paraolimpíada, já que ela sonha representar o país que escolheu para viver.
— Eu sou uma carioca nascida na França — brinca a atleta.