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NETVASCO - 21/04/2010 - QUA - 20:45 - Roupeiro Severino, 56 anos de Vasco, fala sobre São Januário No dia 21 de abril de 1927, o Gigante da Colina deu um importante passo em sua história. Com recursos próprios, o clube inaugurou o Estádio Vasco da Gama, popularmente conhecido como São Januário. Na época, o então mandatário vascaíno Raul da Silva Campos reuniu o presidente da república Washington Luís, o major aviador português Sarmiento de Beires, que havia feito a travessia Rio-Lisboa na aeronave Argos, e alguns conselheiros para realizar o ato simbólico de cortar a fita preta e branca. Localizado na Rua Abílio, hoje General Almério de Moura, o caldeirão vai completar nesta quarta-feira 83 anos de vida. A festa vai ficar ainda mais completa por conta do jogo entre os donos da casa e o Corinthians-PR, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Um empate coloca a equipe do técnico Gaúcho na próxima fase do torneio nacional e presenteia o "aniversariante" com mais um triunfo cruzmaltino.
Mas não será apenas a partida em si ou a vaga nas quartas de final do torneio que vai chamar a atenção de quem for à Colina. São Januário transpira fatos marcantes do futebol e da próprio história do Brasil. A partida de abertura, em 1927, contou com a presença de cerca de 40 mil pessoas e marcou a primeira derrota do time cruzmaltino em sua casa. O Santos venceu por 5 a 3, e o primeiro gol registrado no estádio foi marcado por Evangelista, da equipe paulista.
Até 1930, São Januário era o mais importante estádio da América do Sul. Foi ultrapassado apenas após a construção do Centenário de Montevidéu, utilizado na disputa da primeira Copa do Mundo. No período entre 1927 e 1950, São Januário abrigou inúmeros eventos políticos e esportivos. A seleção brasileira conquistou o sul-americano de 1949, o então presidente da república Getúlio Vargas discursou na tribuna de honra da Colina, os soldados que lutaram na Segunda Guerra Mundial treinaram no caldeirão e até mesmo desfiles de escolas de samba aconteceram no gramado. A fachada é tombada pelo patrimônio histórico e artístico nacional.
Com 56 anos de clube, o roupeiro Severino de Melo, de 83 anos, já viu de tudo na Colina. Funcionário mais antigo do Vasco após a morte de Murilo da Costa Ribeiro, no início do mês, ele conviveu com grandes nomes do futebol brasileiro. O goleiro Barbosa, o meia Ademir Menezes (Nota da NETVASCO: Ademir era atacante.), o goleador Roberto Dinamite, atual presidente do Gigante da Colina, os rebeldes Edmundo e Romário e o capitão Carlos Alberto já receberam os cuidados do profissional.
- Foram vários jogadores que passaram por aqui e eu pude conhecer. Trabalhei com o Orlando Pessanha, como Bellini, com o Ademir, com o Roberto Dinamite, com o Edmundo – disse Severino, que está sempre nas rodas de brincadeiras dos jogadores vascaínos.
Antes de ingressar no quadro de funcionários do clube, em 1954, Severino teve a oportunidade de acompanhar o Expresso da Vitória. A equipe montada pela diretoria vascaína entre os anos de 1942 a 1952 ganhou praticamente todas as competições que disputou, inclusive o Sul-Americano de 1948.
- Era um grupo maravilhoso, extraordinário. Se colocassem os reservas, o time continuava ganhando de todo mundo. Era como uma seleção – afirmou o funcionário, que também viu a seleção brasileira vencer a Copa América da época, em 1949.
Na década de 50, o estádio ganhou uma capela (1955) e os seus dois ginásios (1956). Em 1953, as piscinas foram contruídas em São Januário e passaram a servir de escolinhas em várias modalidades. Em 1998, o local foi sede de uma etapa da Copa do Mundo de Natação.
A partir daí, o que era para ser apenas um estádio se transformou em um projeto ainda mais ambicioso. A diretoria construiu um hotel-concentração e a Escola Vasco da Gama, ambos em 2003. O primeiro atendia ao elenco profissional, que passou a ficar hospedado em um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro. O outro educa os atletas do clube que não têm tempo hábil para realizar as atividades esportivas e manter os estudos em dia.
O estádio conviveu ainda com os artilheiros. Na década de 70 e 80, Roberto Dinamite trilhou o caminho do sucesso em São Januário. O atual mandatário do clube é o maior goleador da história da Colina, com 184 gols. Até mesmo o atual técnico do Vasco, o ex-zagueiro Gaúcho, tem histórias para contar no local. Em 1977, em um amistoso entre Vasco e Porto para comemorar os 50 anos do caldeirão, ele marcou o gol do empate por 1 a 1 com os portugueses.
- Jogamos contra o Porto e foi marcante aquela partida. Eu não era de fazer muitos gols, mas deixei a minha marca no aniversário de 50 anos. Foi um gol de cabeça em uma bola cruzada pelo Luiz Carlos. Lembro que o time do Porto contava com vários atletas da seleção portuguesa - conta Gaúcho. (Nota da NETVASCO: O jogo que comemorou os 50 anos do estádio foi Vasco x Santos.)
A Colina também foi palco de um show de Edmundo. Em 1997, o Animal marcou seis gols em uma única partida de Campeonato Brasileiro, na vitória do Vasco sobre o União São João por 6 a 0. Dois anos depois, após uma passagem razoável pela Fiorentina, da Itália, o atacante retornou ao clube e pousou de helicóptero no gramado de São Januário. Naquela ocasião, mais de dez mil vascaínos presenciaram o evento.
Em 2007, Romário marcou o seu nome em São Januário. No dia 20 de maio, o Baixinho marcou o milésimo gol de sua carreira em uma partida contra o Sport, pelo Campeonato Brasileiro. De pênalti, o goleador superou o goleiro Magrão para balançar a rede. Além do feito, o atacante ainda ganhou uma estátua atrás do gol localizado à esquerda das cabines de rádio.
Para o futuro, a expectativa é que São Januário passe por uma reforma para receber os Jogos Olímpicos de 2016, que vão acontecer no Rio de Janeiro. O estádio foi escolhido para ser sede dos jogos de rugby. Até lá, a Colina vai seguir transpirando história e escrevendo o futuro do gigante Vasco da Gama.
Fonte: GloboEsporte.com
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