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NETVASCO - 11/04/2010 - DOM - 05:15 - Romário revela bastidores de suas passagens pelo Vasco Irreverente frasista e polemista assumido, Romário viveu intensamente seus mais de 20 anos de jogador profissional. Passou dos mil gols, acumulou títulos e dinheiro suficiente para não ter problemas financeiros hoje — ele garante. Fez desafetos e bem poucos amigos no futebol — como também confessa. O esporte lhe deu fama, prestígio e mulheres, muitas — assinala. E com elas teve experiências incomuns, inusitadas, como revela nesta entrevista exclusiva dada pelo craque na Barra.
Qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
ROMÁRIO: Tive momentos que guardo com muito carinho. O título carioca invicto com o Flamengo em 1996; a final da Copa Mercosul, com o Vasco, quando vencemos o Palmeiras de virada com três gols meus; o título espanhol com o Barcelona. Mas nada supera aquele momento em que o Dunga me passou a taça de campeão do mundo, na Copa de 94. É o fato mais importante da minha vida profissional, o mais feliz.
(...)
Mesmo tendo sido campeão do mundo em 94, você acha que poderia ter feito mais na seleção?
ROMÁRIO: Eu poderia ter disputado mais duas Copas, em 98 e 2002. Em 98, fiquei de fora por causa do corte; em 2002, a razão foi o Felipão ter acreditado em pessoas que garantiram que eu o traí.
O que aconteceu então?
ROMÁRIO: Houve duas histórias. A primeira, da operação na vista, disseram que não queria ir à Copa América (2001). Na verdade, ia operar mesmo, só que, quando o médico Clóvis Munhoz (do Vasco) me levou a um oftalmologista, o cara falou que eu tinha que operar, mas não havia tanta urgência. Então, fiquei treinando. Quando isso aconteceu, a seleção já tinha viajado.
E a outra...
ROMÁRIO: A outra história foi que eu tinha transado com uma aeromoça antes do jogo com o Uruguai, pelas eliminatórias, em Montevidéu. Aliás, foi o único jogo que fiz pela seleção com o Felipão.
Mas você pegou a aeromoça?
ROMÁRIO: Isso foi em 2002 e hoje estamos em 2010. Poderia muito bem falar que tinha acontecido. Mas não aconteceu. Se fiquei de fora da Copa por causa disso, perdi duas vezes. Não fui à Copa e não comi a aeromoça, que era a maior gostosa...
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Como foi a sua relação com os técnicos durante a carreira?
ROMÁRIO: Cara, tive muitos problemas com alguns treinadores, mas não tive com outros. Por exemplo, com Cruyff não tive porra nenhuma de problema. Com o Joel, nunca tive problema. Também não tive com Oswaldo (Oliveira), Edinho, Júnior. Com o próprio Parreira...
Mas qual foi o mais difícil, aquele que quase te fez chutar o balde?
ROMÁRIO: Teve o Gílson Nunes, que me cortou da seleção sub-20 antes do Mundial de 85. Ele não foi firme comigo. Confiou num papo de um supervisor. O cara entrou numa sala no hotel em que estávamos concentrados em Copacabana. Eu, Müller e Denílson estávamos realmente mexendo com as meninas que passavam lá embaixo. O tal supervisor deu o flagrante no Denílson e no Müller, pois eu estava no banheiro na hora. No fim, só eu fui cortado da seleção.
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Você fez amigo no futebol?
ROMÁRIO: Amigo, na minha concepção, é aquele cara que está próximo de você, não precisa nem ser no dia a dia. As pessoas com quem mais me relaciono são jogadores da antiga do Vasco: Mauricinho, Geovani, Paulo Roberto, Lira e também o Mazinho. Hoje tem o Léo Moura, o Leonardo Inácio, o Bruno Reis e o Alex Dias.
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Você já brigou com alguma companheiro de time?
ROMÁRIO: Claro. Teve aquela briga com o Andrei (zagueiro do Fluminense) dentro de campo contra o São Paulo. Também sai na porrada com Júnior Baiano, Jorge Luís, Ronaldão, Sávio e Edmundo...
Saiu no tapa com todos eles?
ROMÁRIO: É. Com o Edmundo nunca foi de mão, não.
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E como foi que você se aproximou do Eurico Miranda?
ROMÁRIO: Conheci o Eurico quando estava subindo para o time de cima do Vasco. Fui cobrar um dinheiro e ele perguntou se eu estava achando que ele não ia me pagar. E fez um cheque e me deu. Rasguei o cheque e mandei enfiar naquele lugar. Disse que não queria dinheiro dele. Queria o que era meu, o que o Vasco tinha que me pagar... Depois, ficamos amigos.
Hoje, vocês já não são tão próximos...
ROMÁRIO: É verdade. Nossa relação não é mais a mesma. Mas ainda assim tenho um grande respeito por ele.
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Você já transou com alguma mulher no Maracanã?
ROMÁRIO: Já, no vestiário.
Como é que pode?
ROMÁRIO: Uma vez acabou o jogo, e tive que ficar para o exame de doping. Era um jogo contra o Corinthians, se não me engano, logo que comecei no Vasco. Demorei muito para fazer o xixi. Quando saí do vestiário, uma namorada minha na época estava me esperando. Aí, voltei para o vestiário do Vasco, para tomar banho. Só tinha a minha roupa e um segurança lá na porta. Transei com ela no vestiário do Maracanã.
De chuteiras, uniformizado?
ROMÁRIO: Não, não, já tinha tomado banho (risos).
(...)
O relacionamento com Romarinho e Moniquinha, seus filhos, foi abalado pelo episódio do ano passado, quando você foi preso por causa da pensão?
ROMÁRIO: Claro, que abalou. Não tinha como ser diferente. Afinal, moram com a mãe, né? Mas as coisas vão se ajeitar. Hoje, a Moniquinha tem 20 anos, já é mais adulta, já entende as coisas. O Romarinho tem 15 e até já assinou um contrato de profissional (com o Vasco). Nosso relacionamento não é o ideal atualmente, mas também não precisa ser perfeito. Afinal, todo mundo tem problema. Mas o amor continua, só o que modificou um pouco foi o relacionamento. Não nos vemos mais com tanta frequência. Isso é verdade.
(...)
Você e Dunga são bem diferentes, como viraram amigos?
ROMÁRIO: Nós nos conhecemos em 1987 no Vasco. Ali, a gente começou a se respeitar. Eu me lembro que uma vez o time estava levando muito gol e houve uma reunião em São Januário. Roberto e Tita disseram, sem citar meu nome, que havia jogador mais novo que precisava correr mais. Dunga interrompeu e disse que, se o recado era para o Romário, podia deixar que ele (Dunga) correria pelos dois, porque só o Romário é que estava fazendo gol.
(...)
Você é um conhecido frasista. Você se arrepende de alguma?
ROMÁRIO: Não.
E qual a que mais gosta?
ROMÁRIO: As que eu achei mais maneiras foram a do Pelé e a do bobo da corte. Reconheço que estava inspirado.
É ensaiado ou sai tudo na hora?
ROMÁRIO: Sai na hora. No lance do Pelé, me perguntaram alguma coisa dele, que tinha falado alguma merda sobre mim. Veio na cabeça e mandei: “O Pelé calado é um poeta”. Já a do bobo da corte foi depois de um jogo contra o Olaria. O Edmundo tinha falado umas besteiras no jogo anterior, sobre rei e príncipe. Saiu na hora.
(...)
Fonte: O Globo
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