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NETVASCO - 04/04/2010 - DOM - 03:50 - Eurico: 'Nem se fosse minha mãe eu torceria contra o Vasco'

Numa partida decisiva para seu futuro no Estadual, e na caminhada de reconstrução do clube após a queda para a Série B, o Vasco reencontra, às 16h, contra o Duque de Caxias, em Volta Redonda, parte do seu passado recente. O adversário de hoje reestruturou-se, em 2009, a partir do grupo de Eurico Miranda, dirigente que mandou no Vasco por mais de 20 anos, período em que o clube conquistou alguns dos principais títulos de sua história — e depois praticamente foi à ruína, dentro e fora de campo.

O jogo é de risco para as duas equipes. Um empate significará a eliminação precoce do Vasco se o América vencer o Volta Redonda. Já o Caxias pode ser rebaixado se perder o jogo, a depender de uma improvável combinação de resultados.

Alijados do Vasco após as eleições vencidas por Roberto Dinamite, profissionais ligados a Eurico abrigaram-se no Duque de Caxias, clube fundado há cinco anos por Washington Reis, ex-prefeito do município fluminense, hoje presidente de honra do Caxias e amigo pessoal do ex-presidente vascaíno.

Dois filhos de Eurico ocupam cargos de comando no Caxias: Álvaro Miranda é o técnico, e Eurico Miranda Filho, o Euriquinho, diretor de futebol. Além deles, estão na Baixada o supervisor Nílson Gonçalves e o ex-técnico Nelsinho Rosa, agora coordenador de futebol, cada um com no mínimo dez anos de passagem por São Januário nos anos Eurico.

Álvaro Miranda, de 31 anos, foi praticamente criado dentro de São Januário. Foi técnico nas categorias de base do Vasco, onde conheceu, por exemplo, Philippe Coutinho aos 11 anos, para depois ser seu treinador.

Chegou ao Caxias há dois anos, indicado pelo pai, atuando como técnico dos juniores, depois como auxiliar-técnico no profissional, até assumir o comando da equipe.

— É final para os dois, minha salvação pode ser a queda do Vasco. É um sensação estranha, mas deixo de lado o torcedor — disse Álvaro, no treino de quinta-feira no Marrentão, estádio do Caxias em Xerém.

Eurico: ‘Ele assume o ônus pelo nome’

O começo da temporada foi péssimo para o Caxias. Na Taça Guanabara, não conseguiu vencer — foram dois empates e cinco derrotas, um retrospecto que poderia resultar na demissão de qualquer treinador. A permanência de Álvaro foi atribuída à sua condição de irmão do diretor de futebol e filho de uma pessoa influente no clube. Dentro de campo, a resposta veio com a recuperação na Taça Rio, e a digna campanha de dez pontos em sete jogos. Mas ainda existe o risco de rebaixamento no Estadual, o que não ficaria nada bem para o único representante do Rio na Série B do Brasileiro.

— Álvaro pegou um grupo todo novo, temos de dar tempo. Agora é pensar no jogo. A Série B começa em maio, mas ainda nem iniciamos o planejamento — admite Nílson Gonçalves, supervisor do Caxias que trabalhou no Vasco por 27 anos.

Álvaro Miranda esquecerá o lado torcedor hoje, mas não terá, neste ponto, a companhia do pai. Eleito presidente do Conselho de Beneméritos do Vasco, Eurico divide seu tempo entre o clube e o escritório de advocacia. Sobre o confronto do time treinado por seu filho contra o que presidiu, não pestaneja: — Nem se fosse minha mãe eu torceria contra o Vasco. Não há a menor hipótese. Se ele só ficou no Caxias porque é meu filho? Talvez, é possível, sim. Mas a cobrança, pelo nome dele, é muito maior. É um ônus que ele tem de assumir. E está indo muito bem — afirma Eurico.

O ex-presidente vascaíno não assistirá à partida de hoje, assim como não costuma ver mais os jogos do Vasco. A perda do poder ainda atormenta quem, quando presidente, comportava-se como dono do clube: — O pior de tudo, o que angustia, é ver que tem coisas erradas. É como minha mãe dizia: “o que os olhos não veem o coração não sente” — completa Eurico Miranda.

Fonte: O Globo

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