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NETVASCO - 01/04/2010 - QUI - 09:20 - Júnior Baiano estuda para ser técnico e elogia Oswaldo de Oliveira

Em breve, no mercado, o mais novo técnico: Júnior Baiano. Aos 40 anos, o ex-zagueiro fará o curso de treinador na Escola de Educação Física do Exército, na Urca. Já tem agendado, inclusive, estágio com Vanderlei Luxemburgo. Com 21 anos de carreira como jogador — encerrada em 2009 pelo Miami FC —, Baiano tem Telê Santana como mestre, mas diz extrair ideias e erros até de técnicos que julga como despreparados ou traíras. Traça seu perfil e, nas entrelinhas, fica a colisão entre o Júnior Baiano técnico e o jogador. Comandante de diálogo, assim se define, diz que indisciplina tem limites, que jogador que dá cotovelada fora do lance é burro e toma “esporro”, rejeita ingerência no seu trabalho e que multa é a punição que põe medo em jogador. De calça de linho e blusa social — “se estiver em time grande e for jogar no exterior, vale até um terno” —, à beira do campo, deseja ver seu time envolvente, sem dar bico para frente.

Quando teve a ideia de ser treinador?

Quando joguei no Brasiliense (2007). Percebi a quantidade de treinadores fracos, despreparados. Ficava imaginando que eu, no cargo, não faria tanta coisa errada.

Quais as fontes de inspiração?

Telê (Santana) é o carro-chefe. Mas tem Vanderlei Luxemburgo, Zagallo, Ricardo Gomes, Joel Santana... O Telê não inventava. Não era homem de endeusar sistemas táticos. Fazia o fácil. Treinava o time para tocar a bola. Sei que treinador não agrada a todos.

A cobrança é grande...

Eu sei. Ainda mais comigo em que tudo é oito ou oitenta. Por isso, tenho que estar muito preparado. Só lembram das minhas m... Fui campeão por todos os clubes, e preciso ser melhor como treinador.

Treinador não é só campo e bola. E fora das quatro linhas?

Tem que ser sincero, íntegro, trabalhar, ser honesto. Eu vou ser assim. Vou falar ao jogador que estou mudando por isso e aquilo; que ele está mal em determinado fundamento. Tem que ir na ferida. O Oswaldo de Oliveira, no Vasco, tinha a admiração até de quem ficava fora dos jogos. O Paulo Autuori é assim também. No Brasiliense, era só trairagem.

Você vai ser disciplinador?

Vou ser mais de conversa. Sei que num elenco sempre vai existir um ou dois indisciplinados. Primeiro, o diálogo. Se o cara não entrar no eixo, esporro e multa. Tem que mexer no dinheiro do jogador. Aí, ele quica.

E se o jogador for expulso ou flagrado em lance desleal (cotovelada, tesoura) ?

Esporro e dos grandes. Ia tomar dura. Hoje, o futebol é diferente e o jogador precisa ser inteligente para saber que, mesmo fora do lance, vai ser flagrado. É preciso ter cautela. Se o Pelé jogasse atualmente? Ele quebrou a perna de um adversário e todo mundo acha bonito. Hoje, estaria f..., chamado de assassino.

Como lidar com a ingerência de dirigentes e até de jogadores ?

Está maluco? No clube, manda o presidente. No time, manda o técnico. Pego o boné e vou embora. Sou de diálogo e ouço. Mas o treinador é o burro, que dança sem os resultados. Já vi muita ingerência. No Brasiliense, o Luiz Estevão manda na escalação. Em clubes grandes, já vi o craque falar que era melhor aquele jogador. E o treinador mudar.

Vai usar terno Armani à beira do campo?

Não vou com agasalho do clube. Minha vontade é usar calça de linho e um camisão. Mas depende da ocasião. Se estiver num clube grande e for jogar no exterior, vou de terno.

Como agiria com Adriano, que tem regalias no Fla?

Conversa. Eu nunca fui santo, sempre gostei de cervejinha. O profissional tem que estar no outro dia para treinar. Tem horário. Faria o que Telê e Vanderlei fizeram comigo. Já chorei com esporro do Vanderlei. O Adriano, pelo que vejo de fora, precisa se preservar. Só falam dele. Se é macumbeiro, evangélico, se gosta de samba, MPB... Tem que se policiar e ter amigos, de verdade, ao lado.

Se estivesse na pele do Zagallo em 98, escalaria o Ronaldo contra a França?

Ali, deixou de ser problema do técnico. O Ronaldo passou mal, teve ataque epilético, convulsão... Cabia ao médico. Se o Ronaldo não jogasse, poderíamos perder de um, de dois, ou vencer. Mas o time só pensava nele. Só no segundo tempo, relaxamos.

Fonte: Blog Jogo Extra - Extra online

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