NETVASCO - Em artigo, ex-vice de marketing Coelho comenta situação política do Vasco - 29/01/2010 - SEX

Em artigo publicado no site Supervasco, o ex-vice de marketing do Vasco José Henrique coelho comenta os últimos acontecimentos políticos do clube:

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"José Henrique Coelho

Presidente do Movimento Unido Vascaíno (MUV) e ex-vice de marketing do Club de Regatas Vasco da Gama.

Sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Diretoria do Vasco Ressuscitou o Morto

*José Henrique Coelho

No mês de junho de 2008, através de um processo eleitoral limpo e transparente, acompanhado por todo o Brasil o MUV impôs uma derrota histórica ao “todo-poderoso” Eurico Miranda. Na reunião de 28 de junho do Conselho Deliberativo, com 41 votos de Beneméritos e Grande Beneméritos que se somaram aos votos da chapa eleita, era derrubada ao mesmo tempo a ditadura e os “esquemas” de Eurico Miranda.

O MUV dava fim à carreira de dirigente de Eurico Miranda. Sua saída, escondido pela porta dos fundos da sede da Lagoa representou o fechamento de seu esquife. Esta vitória épica dos vascaínos levou oito anos ininterruptos de trabalho para se materializar e foi extremamente saudada naquele dia. Esta vitória começou a ser construída quando apresentamos aos vascaínos, aí incluídos os Beneméritos e Grande-Beneméritos, a verdadeira situação administrativo-financeira e esportiva do clube que Eurico escondia entre os balanços fajutos apresentados, os orçamentos inexeqüíveis fabricados e todos os processos que omitiu quando colocou o nosso clube como réu por conta da sua incompetência e irresponsabilidade como dirigente, colocando em risco o nosso crescimento no futuro próximo.

Outro passo para a vitória foi realizado quando apresentamos à mídia a verdade dos nossos discursos. A farta documentação levantada a cada trabalho de pesquisa nos porões onde vivia a bagunça da sua direção, dividida entre filhos, amigos e subalternos interesses de outros membros dos poderes do clube, escolhidos a dedo por sua omissão ou submissão, precisou de tempo para ser entendida e compreendida pelos jornalistas. Outra etapa do caminho para a vitória foi tomarmos a iniciativa do exercício da cidadania vascaína através da apresentação ao poder judiciário das irregularidades cometidas pela administração Eurico Miranda na condução do clube, desde os seus documentos contábeis até ao processo eleitoral. Se em 2003 o próprio judiciário ainda não estava pronto para este tipo de demanda judicial, nós abrimos as portas para que elas entrassem e fossem se tornando vencedoras pouco a pouco, até conseguirmos em 2007 uma vitória nunca dantes alcançada, a suspensão da posse de um pleito com 1256 votos irregulares. Meses depois viria à vitória consagradora da nossa cidadania: - a anulação da eleição fraudada, o afastamento dos fraudadores e a marcação de um novo pleito realizado então com a credibilidade do TRE.

No caminho da vitória foram feridos inúmeros vascaínos, abatidos pelas expulsões do quadro social, pela humilhação de não poderem entrar no seu clube e até pelo impedimento de irem aos jogos dentro da própria casa. Estes ainda foram chamados de antivascaínos por gente que participou ou assistiu calada a pilhagem do clube.

Todos os vascaínos devem ter a exata dimensão daquela vitória.

Naqueles anos pelo caminho foram desviados com a assinatura de Eurico Miranda R$ 12,55 milhões para conta nas Bahamas, deixados mais de 400 processos contra o clube, uma dívida auditada de mais de R$370 milhões, “esquemas” na divisão de base do futebol envolvendo empresas e diretores do clube, instalações para os menores inconcebíveis perante o estatuto do menor e negociações de atletas no padrão Paulo Miranda ou até mesmo Philipe Coutinho, onde os interesses maiores do clube foram deixados de lado. Entre recursos financeiros e material esportivo, tudo foi usado do clube nas campanhas políticas do deputado. O Vasco era um meio. Pelo caminho antes de recebermos o Estádio Vasco da Gama, ele teve o seu leilão deferido em sentença federal em processo por inadimplência do FGTS. Quando o recebemos estava repleto de irregularidades no quesito segurança: - sem instalações de água para combate a incêndios, sem extintores, sem sinalização dos acessos o que levou a defesa civil a reduzir a sua capacidade em sete mil lugares. Recebemos o Colégio Vasco da Gama à beira do seu encerramento, por tantas irregularidades no seu registro e na sua administração. Os formandos em 2008 sequer teriam direito a diploma reconhecido. O quadro de empregados possuía inúmeros trabalhadores sem carteira assinada, além de outros tantos recebendo seus proventos “por fora” da folha de pagamentos e ainda outros com salários inflacionados. Os recolhimentos de INSS e FGTS não eram realizados há muito tempo e ainda assim Eurico arrotava suas bravatas onde “o Vasco é o único clube do Brasil que não deve nada ao Governo e blá, blá, blá e blá, blá, blá”. Você se lembra?

Nunca existiu na história do nosso clube pior presidente do que Eurico Miranda. Neste período o clube foi usado e teve o seu futuro comprometido. Durante toda a campanha por diversas vezes eu comprovei isto.

Porque, depois de tudo isso, o Conselho de Beneméritos elegeu Eurico? O Conselho de Beneméritos foi no passado a representação de um somatório de experiências de vascaínos abnegados que se doaram ao clube, em trabalho e com recursos e escreveram a nossa história. Hoje, no entanto este Conselho perdeu esta característica e tem dado os piores exemplos aos vascaínos. Na “era Eurico” o regimento interno deste Conselho “foi rasgado” e foram “aprovados” beneméritos que em sua maioria nada fizeram pelo clube. Neste período vários beneméritos e grande-beneméritos passaram a receber “pro labore” do clube através de recibos encontrados pelo MUV nos registros da tesouraria, como no caso de um advogado e de um assessor do presidente, como também com RPA’s de advogados do escritório do ex-V.P. Jurídico. Outro benemérito, foi à justiça com apoio deste Conselho, para pedir o pagamento de “empréstimos” até hoje não explicados e sequer comprovados. Ainda neste período outros beneméritos se tornaram fornecedores do clube e tiveram seus privilégios. Outros ainda eram seduzidos por ingressos, camisas e viagens e agradeciam “estes mimos” dando o seu voto em troca. Aprovaram “confissões de dívidas” a favor do ex-atleta Romário sem nenhuma documentação comprobatória. São todos estes que durante anos aprovaram “as contas do Eurico” nos conselhos do clube, aprovando balanços irregulares, passando por cima dos documentos e da realidade daquela gestão. Foram estes beneméritos, entre outros, que o recém elegeram e tem Eurico Miranda como seu líder e sua referência.

O Conselho de Beneméritos ao longo dos últimos anos foi descaracterizado, com vistas a garantir a sobrevivência através de eleições indiretas no Conselho Deliberativo de um regime que levou o clube a sua atual posição de insolvência. O caráter que tinha de defender o patrimônio, se perdeu nos últimos oito anos, quando viu calado o patrimônio do clube ser consumido por dívidas. O caráter que tinha de “pensar o clube” se perdeu por sua má formação. Este Conselho perdeu o respeito e sua importância pela posição serviçal diante dos desmandos do ditador e por se descolar da realidade do clube. A sua maioria votou contra a decisão da Assembléia Geral em junho de 2008, votou contra os sócios.

Eles merecem o Eurico.

E porque só agora a diretoria tentou impedir a eleição do Eurico se durante um ano e sete meses nada fez? Perguntem ao Presidente. Perguntem aos atuais presidentes do Conselho Deliberativo e da Assembléia Geral. Foram estes que se reuniram com o ex-presidente Eurico, após as eleições de Junho/2008. Perguntem ao Mandarino que se reuniu com o Eurico várias vezes após a posse. Foram eles que aceitaram as exigências do Eurico: que nestas reuniões eu, o Hércules e o Luiz Américo nunca estivéssemos presentes, se esquecendo que foi o nosso trabalho que os levou também a vitória. Que tipo de negociações terão realizado para que todas as minhas tentativas e de outros companheiros de diretoria, de levar adiante a segunda etapa da auditoria nunca viesse a ser contratada? Porque estes dirigentes não permitiram que a ação de improbidade administrativa contra Eurico, Amadeu e Pedro Valente, sobre o balanço de 2007, que retiraria os direitos de se candidatarem por 10 anos a qualquer cargo no clube, fosse adiante?

Porque agora nas vésperas da eleição para um Conselho sem poderes a diretoria decidiu disputar uma eleição sabidamente perdida? O mesmo número de beneméritos e grande beneméritos que permitiu a Chapa Por Amor ao Vasco ganhar a eleição em 2008 apoiou agora a Chapa da diretoria. Como o presidente levou adiante este grave erro político? Porque agora deram importância para a eleição deste Conselho se está em curso uma reforma estatutária que defende eleição direta para presidente, como foi prometido durante a campanha? O atual Presidente do clube está completamente perdido. Não teve sequer a coragem de apresentar um Relatório dos primeiros Cem dias. Não teve a coragem de levar adiante o projeto que o elegeu. Não teve coragem de realizar a auditoria investigativa nas contas da antiga gestão. Não teve coragem de cobrar de quem devia todos os prejuízos causados ao clube. Não teve coragem de fazer valer a Lei Pelé no que ela tem de melhor: - a responsabilização dos dirigentes irresponsáveis.

O presidente ressuscitou um morto.

Na próxima reunião do Conselho Deliberativo estarão sentados lado a lado na “mesa de honra” o presidente desse Conselho, o presidente da Assembléia Geral, o presidente do clube e Eurico Miranda como presidente do Conselho de Beneméritos, aquele que expulsou todos estes do clube cada um de uma forma. Eles também merecem o Eurico lá, pois ressuscitaram o morto.

A grande maioria dos vascaínos, e eu estou entre eles, enterrou o Eurico em 2008. O futuro do Vasco depende exclusivamente de nós. É hora de participarmos da campanha de sócios e “alistarmos” imediatamente todos os amigos, para terem direito a voto. No início de 2011 teremos uma nova eleição. É preciso “manter-se em dia” para votar. Se todos os vascaínos se “alistarem” poderemos realizar a maior eleição da história do Vasco e do futebol brasileiro, afastando definitivamente todos os Euricos da direção do Vasco.

Vamos colocar novamente o Vasco em primeiro lugar.

José Henrique Coelho"

Fonte: Supervasco