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NETVASCO - 18/01/2010 - SEG - 00:25 - Colunista relembra título do Vasco na Taça Guanabara de 1976

Mal começou o ano e a bola já está rolando de novo, pela 46ª Taça Guanabara — competição que já teve vida própria mas, faz tempo, passou ser válida pelo primeiro turno do Campeonato Estadual do Rio. O Flamengo, com 18 títulos, é o seu maior vencedor mas, curiosamente, entre os quatro grandes cariocas foi o que mais demorou a conquistá-la: somente na sexta edição, em 1970.

Disputada desde 1965 (Vasco campeão), o torneio já viveu momentos de grande emoção. Um deles, inesquecível pra mim.

O ano era o de 1976 e eu, estagiário da equipe de esportes do Jornal do Brasil, recebi como incumbência fazer uma reportagem com o então técnico rubro-negro Carlos Froner.

— Quero uma matéria que descreva todas as reações dele durante a final.

Minuto a minuto, lance a lance — orientou-me o editor João Máximo.

E, nervoso, lá fui eu para o Maracanã, em minha primeira grande decisão como jornalista. Era um tremendo “foca”, é verdade (ainda cursava comunicação na PUC), mas já repórter! Para cumprir a pauta, resolvi assistir à partida no fosso dos fotógrafos, atrás do túnel rubro-negro e bem diante da antiga geral.

De lá, vi o gaúcho Froner esbravejar quando o zagueiro Rondinelli, infantilmente, desferiu uma cotovelada no rosto de Roberto (este mesmo, atual presidente do Vasco). Sem bola e dentro da área! Pênalti que o Dinamite transformou em gol com uma cobrança rasteira e certeira: 1 a 0.

A partir daí, o jogo foi um chorrilho de emoções — e de palavrões proferidos pelo treinador do Fla, que se lançou todo ao ataque mas não conseguia transpor a sólida muralha vascaína, armada pelo técnico cruzmaltino Paulo Emílio.

O segundo tempo já ia pela metade quando o talentosíssimo meio-campo Geraldo Assobiador arrancou pela direita e acertou um chutaço indefensável para o goleiro Mazaropi: 1 a 1 no placar.

O empate levou para a prorrogação (sem gols) e os pênaltis. E, como Carlos Froner resolveu entrar em campo para orientar os jogadores do seu time, antes das cobranças, acabei fazendo o mesmo.

Lá, me deitei atrás da baliza na qual se decidiria o título, pois se ficasse em pé ou sentado, levaria pilha dos “geraldinos” na cuca.

O primeiro chute foi de Júnior, 1 a 0 Fla. Aí, Abel, zagueiro do Vasco (e atual técnico) cobrou e Cantarele, o goleiro rubro-negro, espalmou! Em seguida, o pontaesquerda Zé Roberto aumentou a vantagem para 2 a 0; Gaúcho, o outro beque vascaíno, diminuiu; Tadeu, meio-campo da Gávea, fez 3 a 1; Fumanchu, ponta da Colina, 3 a 2; o lateral Toninho Baiano marcou o quarto e deu início à loucura no estádio, com mais de 120 mil torcedores.

Punho erguido para a massa em vermelho e preto (que eu não via, por estar deitado de costas, mas ouvia), o Baiano puxou o coro de “é campeão!”, que ecoou forte e sem resposta.

Do outro lado, à minha frente, a imensa torcida vascaína começava a deixar o Maracanã, em silêncio. Faltava uma cobrança. Mas bateria Zico...

Foi sob o ensurdecedor coro rubro-negro de vitória que o volante Zé Mário marcou, com raiva, o terceiro gol vascaíno.

E, já com imensos claros do lado direito das tribunas, o Galo chegou para selar a conquista do Fla...

Pois sim. Seu chute saiu fraco, à direita de Mazaropi, que conseguiu defender. E o silêncio sepulcral mudou de lado, enquanto diante dos meus olhos, acontecia um fenômeno raro: uma torcida inteira, a do Vasco, voltava correndo, pelos túneis de acesso à arquibancada, ressurgindo, enlouquecida no estádio.

Roberto, então, bateu o quinto pênalti e empatou tudo em 4 a 4, forçando novas cobranças, alternadas — o primeiro que se colocasse em vantagem levava.

Pelo Fla, aproximou-se, lentamente, Geraldo Assobiador, o autor do gol de empate e um dos melhores em campo naquela tarde/noite. Meiões arriados até os tornozelos, o camisa oito deu um peteleco na bola, que Mazaropi segurou e ergueu, virando-se, triunfante, para a torcida rival.

A decisão, entretanto, não terminara. Coube a Luís Augusto, obscuro lateral do Vasco, definir o título, com um chute do lado esquerdo de Cantarele — a bola entrou pererecando, a poucos centímetros de onde eu estava...

Minha reportagem, porém, ainda não acabara. Faltava a entrevista de Froner no vestiário, que só foi aberto 45 minutos depois de acabada a decisão.

E aí, quem foi a primeira figura que vi, mal a porta se abriu? Geraldo Assobiador, fazendo jus ao apelido e assobiando, enquanto se enxugava, como se nada tivesse acontecido! Ele era assim: genial e desligado...

A poucos metros, Froner tentava explicar o inexplicável e Zico mostrava-se arrasado com a derrota que, ironicamente, se repetiria nas mesmas condições, também para o Vasco (então foi Tita quem perdeu o pênalti), em 1977.

Somente em 1978, viria o troco rubro-negro, com o gol de cabeça de Rondinelli, nos minutos finais, e o início dos anos de ouro do Fla.

Mas essa já é uma outra longa e gloriosa história...

Ah, esta matéria com Froner foi a primeira reportagem que assinei na carreira! Esquecê-la, como?

Quer ver o Canal 100 deste Vasco x Flamengo, de 1976? Está no YouTube:




Rondinelli será o entrevistado da TV Globo, no intervalo da transmissão de Flamengo e Duque Caxias, hoje. Falará não da partida de 76, mas do gol de 78, que será relembrado com a narração de Waldyr Amaral.

Em tempo: o Flamengo tem 18 Taças GB, o Vasco, 11; o Flu, 8, o Botafogo, 5, e América, Americano e Volta Redonda, uma.

Fonte: Coluna Renato Maurício Prado - O Globo

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