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NETVASCO - 05/01/2010 - TER - 09:15 - Reinaldo acredita que acerto com Dodô esfriou interesse do Vasco

No início da noite desta segunda-feira, Reinaldo embarcou num avião rumo à Coreia do Sul. Mas por uma questão de horas, seu destino não foi Vitória, no Espírito Santo, onde o Fluminense realiza sua pré-temporada. Mesmo se dizendo feliz por defender o Samsung Bluewings, o atacante de 30 anos lembra que, depois de deixar o Botafogo, sua intenção era permanecer no Rio de Janeiro, mas a ligação da diretoria tricolor aconteceu pouco tempo depois de ter firmado acordo com o clube da cidade de Suwon.

Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Reinaldo fez um balanço de seu desempenho em 2009, quando retornou ao Brasil para defender o Botafogo. Ele dividiu a temporada em duas partes: antes e depois da grave lesão no tornozelo direito, sofrida no primeiro jogo da final do Campeonato Carioca, contra o Flamengo. Mesmo fugindo de polêmica, o atacante não escondeu o descontentamento com a forma com a qual o problema clínico foi conduzido pelo departamento médico do Alvinegro. Ele confessou que, durante os três meses de aflição, se consultou com José Luís Runco, médico do Flamengo e da seleção brasileira.

Está feliz com a decisão de defender o Samsung Bluewings? Voltar ao exterior era sua primeira opção, ou sua ideia era permanecer no futebol brasileiro?

– Estou feliz, sim, pois estarei ao lado do Juninho, que foi meu companheiro de quarto nas concentrações do Botafogo. Minha primeira ideia era ficar em General Severiano e fazer uma temporada sem lesões, mas minha outra opção era seguir no Rio de Janeiro, pois estaria perto da minha família e com meu filho de 3 anos adaptado à cidade. Foi uma surpresa grande, pois quando o Celso Barros (presidente do patrocinador) me ligou oferecendo uma oportunidade no Fluminense, eu havia acabado de assinar um pré-contrato com o Samsung. Mas ao mesmo tempo sei que, perto de completar 31 anos, não poderia deixar passar uma chance como a que o clube coreano propôs.

O fato de o Botafogo não ter manifestado vontade de renovar seu contrato chegou a surpreendê-lo?

- Algumas pessoas do clube comentaram, na reta final do Brasileiro, que se o Botafogo ficasse na Série A, metade do grupo teria o contrato renovado. Conseguimos a permanência na Primeira Divisão, mas a diretoria mudou de ideia. Respeito muito o presidente Maurício Assumpção e o vice de futebol André Silva, que são alguns dirigentes mais sérios que já conheci. Entendi o lado deles. Acho que, por eles, teria ficado, mas outras pessoas não queriam a minha e nem outras renovações. Não vou ficar lamentando. O Botafogo continua a ser grande, e vou seguir meu futuro.

O Vasco entrou em contato com você ainda no decorrer da última temporada, mas a negociação não se concretizou. Por quê?

- Também não sei o que aconteceu. Realmente tive conversas com o Vasco, primeiro com o Rodrigo Caetano (diretor-executivo) e depois com o Carlos Alberto. Estava interessado, pois nunca joguei com o Carlão e tenho certeza de que faríamos uma grande dupla. Mas as conversas foram esfriando, e o Vasco acertou com o Dodô. Entendi que seria difícil que o clube contratasse dois jogadores na faixa dos 30 anos. Por isso, acho que não houve mais contatos.

Qual a avaliação que você faz da sua passagem pelo Botafogo em 2009?

- Até maio tudo foi maravilhoso, eu estava voando. O time completo era forte, mas depois da final do Estadual, o rumo mudou. Demorei a me recuperar da lesão no tornozelo, depois tive três ou quatro lesões musculares e não rendi tudo o que podia. Mesmo assim ainda fui vice-artilheiro do time na temporada (14 gols). Não fossem os problemas médicos, poderia ter dado mais alegrias à torcida. Nossa equipe também demorou a se encaixar. Por seis meses sentimos a ausência do Maicosuel, o que prejudicou o desempenho no Campeonato Brasileiro.

Depois lesão no tornozelo sofrida durante o primeiro jogo da decisão do Estadual, você participou de um treinamento em Saquarema na véspera da segunda partida. Houve realmente um erro de avaliação do departamento médico do Botafogo, devido à gravidade do problema?

- Todos estavam com a esperança de que eu jogasse a segunda partida. Fui para Saquarema com este intuito. Por isso fiz tratamento até de madrugada e cheguei a treinar, mas senti. Só que depois fiz uma exame de ressonância que apontou uma lesão grave, um edema ósseo, então era impossível eu ter voltado naquele momento. Acho que não houve comunicação dentro do departamento médico. Poderiam ter feito a ressonância logo depois da primeira partida. Foi uma situação chata e não gostaria mais de lembrar disso. Foram os piores três meses da minha carreira.

Durante o período de recuperação, era visível o seu desânimo. Internamente, você chegou a contestar o departamento médico do Botafogo ou procurar um tratamento fora do clube?

- Não cheguei a contestar, pois achei que poderia prejudicar o Botafogo, que já vivia um momento difícil. Conversei com o Anderson Barros (gerente de futebol) e pedi que recebesse meu salário apenas quando voltasse a jogar, mas ele argumentou que isso era juridicamente impossível. A situação era complicada, pois o tempo passava e eu não melhorava. A única coisa que fiz foi, ao lado do Anderson Barros, consultar-me com o doutor José Luís Runco. Ele é o médico da minha confiança, porque me viu crescer no Flamengo. Ele analisou os exames e, depois daquilo, eu me senti mais seguro.

Como você analisa o caso de Jobson, flagrado no exame antidoping por uso de cocaína? É comum o jogador de futebol ter acesso às drogas?

- Foi algo que me surpreendeu muito. O Jobson fez a diferença para o Botafogo na reta final da temporada, e a notícia me deixou triste, pois ele tem tudo para ser um dos melhores atacantes do Brasil. Já vi e soube de histórias de jogadores que usam drogas. Nunca usei, e também não gosto quando vejo alguém dizer que usou por causa de um amigo ou de outra pessoa. Cada um é responsável pelo que faz. Muitos se aproximam dos jogadores, dizem que são amigos, levam para festas, e essas coisas acontecem. É preciso ter estrutura familiar, porque, caso contrário, acontece um deslize. Mas espero que o Jobson tenha a oportunidade de voltar e ter a cabeça no lugar.

Você chega ao Samsung ao lado de Juninho e do meia Camilo, ex-Cruzeiro e Santo André. Qual é sua expectativa em relação a esse novo desafio?

- Acho que em termos de adaptação, não terei muitos problemas, pois atuei três anos no Japão, que tem uma cultura parecida, e me viro bem no inglês. A diferença é que a estrutura do meu novo clube é espetacular, pois é o maior da Coreia. Eles contrataram nós brasileiros porque têm o objetivo de conquistar a Liga dos Campeões da Ásia em 2010. Já disputei duas Ligas dos Campeões da Europa pelo Paris Saint-Germain e sei o quanto é bom para o currículo e para o ego do jogador. Vou fazer de tudo para conquistar este título e chegar ao Mundial de Clubes, em dezembro. É o nosso sonho.

Perto de completar 31 anos, você entra numa nova fase da carreira. Pensa em retornar ao Brasil após esta temporada na Coreia do Sul? Tem algum planejamento para quando encerrar a trajetória de jogador?

- Se correr tudo bem ao fim deste ano e tiver uma proposta legal de um clube do Brasil, pretendo voltar, sim. Mas se tiver uma boa oferta para ficar na Coreia, não serei louco de recusar. Espero jogar em alto nível por mais três ou quatro anos e, a partir de então, me preparar para ser treinador.

Fonte: GloboEsporte.com

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