Brasil e Argentina podem até ser o os mestres de cerimônia do futebol da América do Sul no mundo, mas quem tem a honra de bater no peito e dizer que é a casa dos boleiros no continente é o Paraguai. Função, que, por sinal, exerce eficiência e um orgulho transformado em quase 10 mil metro quadrados de história desde janeiro deste ano, quando foi inaugurado o Museu do Futebol Sul-Americano.
Responsáveis por sediar a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), os paraguaios têm na pequena Luque, na região metropolitana de Assunção, uma legítima capital continental da bola. Algo evidente para estrangeiro logo nos primeiros minutos neste país, uma vez que tanto a sede do órgão quanto o museu estão localizados a poucos quilômetros do Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi.
Ainda fechado para o grande público por tempo indeterminado, o museu recebe apenas visitas guiadas e pré-agendadas desde a inauguração, em 29 de janeiro deste ano. Na véspera da partida entre Fluminense e Cerro Porteño pela semifinal da Copa Sul-Americana, entretanto, a Conmebol abriu as portas de seu gigantesco acervo de vídeo e imagens do futebol sul-americano com exclusividade ao GLOBOESPORTE.COM.
Monumento de veneração aos heróis de dez nações
A grandiosidade da obra, nítida à primeira vista, é comprovada logo nas primeiras atrações do espaço, que mistura modernidade com a manutenção de raízes históricas. No hall de entrada, formado por bandeiras seguidas de vídeos com momentos das dez seleções que compõem a confederação, vídeos do presidente da Conmebol, Nicolás Leoz, e dos presidentes de honra e efetivo da Fifa, João Havelange e Joseph Battler, dão boas vindas aos visitantes.
O passo seguinte é formado por um reluzente corredor onde estão expostas as réplicas de todas as competições já realizadas pela entidade, desde a cobiçada Libertadores até a extinta Supercopa. A parte destinada aos clubes tem início com uma interessante divisão entre países banhados pelos oceanos Atlântico e Pacífico, com a exposição de flâmulas das mais inimagináveis agremiações. Mapas interativos, inclusive, ajudam a identificar a origem de clubes menos cotados como o Grêmio Maringá, do Paraná, e o Goytacaz, do Rio de Janeiro.
As bandeirinhas penduradas na parede levam o visitante ao ponto interativo do museu, separado por fatos históricos de seleções e clubes, sempre acompanhados de vídeos, fotos e narrações. Na parte destinada a equipes nacionais, dez espaços contam as conquistas de cada país, além de personificarem em pinturas em tamanho real seus ídolos maiores, como Pelé, Maradona, Dom Elias Figueroa, Valderrama, entre outros. No lado aposto ao futebol, é possível perceber também a exposição de parte da cultura de cada nação.
Dono do maior painel no local, o Brasil exalta craques das cinco conquistas de Copa do Mundo, treinadores, dirigentes, e exibe a frase “Jogo bonito que conquistou o mundo”. A figura de Pelé dando uma bicicleta é o ponto central de um mural de craques do nível de Didi, Garrincha, Nilton Santos, Romário, Ronaldo e outros profissionais, como o árbitro Arnaldo Cézar Coelho.
O respeito pelo futebol brasileiro é tanto que, para surpresa de muitos, o Maracanazo de 1950 tem espaço não muito destacado na parte destinada ao Uruguai, marcado apenas por uma foto do gol de Gigghia.
Galeria de conquista exalta paixão por clubes
Na sequência, a paixão do torcedor por seu clube de coração é explorada. Totens contam a história de cada conquista desde 1960, ano de criação da Taça Libertadores, com imagens das decisões e detalhes dos mais variados campeonatos organizados pela Conmebol. Santos, São Paulo, Palmeiras, Flamengo, Vasco, Botafogo, Cruzeiro, Atlético-MG, Internacional e Grêmio representam o Brasil no espaço, que contém também artigos históricos, como a camisa usada pelo goleiro equatoriano Cevallos na final da Libertadores de 2008, contra o Fluminense.
A parte final do passeio remete o amante da bola ao passado. Um gigantesco painel evidencia a mudança das “hincadas” sul-americana ao longo dos tempos e leva o visitante a um cinema em 180º. No local, é apresentado um filme de cerca de 15 minutos que começa exaltando o sentimento provocado pelo esporte.
- Deus criou o mundo em seis dias, e deixou o domingo para que todos desfrutem uma paixão chamada futebol – diz o locutor, que segue contando com um entusiasmo contagiante a relação do sul-americano com o esporte mais popular do planeta.
É o ponto de despedida de um espaço criado para eternizar o chamado futebol mais artístico do mundo e que deixa ainda mais à flor da pele o orgulho do fanático torcedor sul-americano.
Fonte: GloboEsporte.com