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NETVASCO - 07/11/2009 - SÁB - 20:40 - Carlos Alberto: 'O título é sempre a cerejinha do bolo de um trabalho'

Na jornada que culminou na volta do Vasco à Primeira Divisão, não faltaram heróis. Fernando Prass, Ramon, Elton e os garotos Alex Teixeira e Souza foram decisivos. Mas o grande comandante da nau cruzmaltina foi Carlos Alberto. Sem estrelismo, o meia chamou a responsabilidade para si na Série B. Em entrevista ao ‘Ataque’, o capitão revelou os momentos mais emocionantes da caminhada e deixou claro que quer levantar a taça.

Colocar o Vasco na Série A foi o maior desafio de sua carreira?

Muita gente falava que eu não tinha nada a ver com o rebaixamento do clube, que eu não tinha noção do que era jogar a Série B, mas era um risco legal de correr. E isso faz você ter novos sonhos, às vezes muda até o panorama da sua vida. Diziam para mim: ‘Se você não conseguir ter uma sequência, se não conseguir impor seu ritmo de jogo’ se isso, se aquilo... Mas a pior coisa que poderia acontecer era eu passar vergonha. O cara pode ficar sem jogar por opção do treinador, mas duro é você entrar em campo e passar um ridículo. Ao mesmo tempo em que tem um horizonte de coisas boas ao lado, tem as inseguranças também. Mas graças a Deus, com a ajuda de todos, com a cumplicidade do grupo, eu vejo que valeu a pena me expor, lutar, me desgastar pelo clube e pelas pessoas que estão vivendo comigo este momento.

Você teve chances de deixar o Vasco no fim do seu empréstimo, mas preferiu ficar. Por quê?

No meio do ano, tive a chance de voltar para a Alemanha e recebi propostas de outros clubes. Mas o que mais pesou para mim foram as pessoas que comandam o clube. O presidente e o Dorival me diziam sempre: ‘Se você sair hoje será um estrago muito grande’. Meus companheiros me pediam para não ir embora, diziam que eu era importante e fazia a diferença. Só se o cara tiver um coração muito duro para não ser perceptivo a esse sentimento. Senti que tinha que brigar para estar aqui. Procurei viver ao máximo este momento. O ser humano vive a busca excessiva pela felicidade, e aqui eu encontrei essa felicidade.

Você não acha que encontrou a felicidade numa circunstância incomum?

Tem umas coisas muitas loucas na vida. Se você voltar cinco anos na minha carreira, vai chegar à época em que fui campeão pelo Porto da Liga dos Campeões e do Mundial. Jamais eu faria um prognóstico de que em 2009 jogaria a Série B pelo Vasco, isso seria um descenso, mas estou feliz aqui.

Você amadureceu muito, está centrado. Nem lembra os tempos de bad boy. A rebeldia acabou?

Eu nunca me senti esse bad boy. Quem me conhece há mais tempo pode dar uma opinião melhor sobre isso. Sempre fui muito claro e direto. Bad Boy significa menino mau e eu nunca fui assim. (risos)

Então você foi apenas um menino travesso?

Menino travesso é melhor. Como seria isso em inglês, menino maluquinho (risos)? Muitos dos problemas que tive é porque me abria, dizia o que acontecia. Só que as pessoas interpretavam os fatos de outra forma e isso gerou um desgaste.

Hoje você é bom menino?

Sou mais garoto do que nunca. Quero ficar com essa imagem sempre. É lógico que o menino precisa crescer em alguns momentos. Mas eu não preciso esbravejar como antes.

Você foi o grande comandante deste time?

É natural as pessoas de fora me rotularem assim. Mas tenho a ajuda de muitas pessoas aqui, O Tiago, o Fernando Prass, o Amaral... são caras que dividem comigo as responsabilidades, que correram riscos.

O acesso já é coisa do passado e o título vai ficar em São Januário?

O título é sempre a cerejinha do bolo de um trabalho. No início do ano, eu dizia, sem demagogia nenhuma, da minha convicção em chegar ao fim do ano com a vaga no Brasileiro e o título da Série B. Eu nunca ia fazer um prognóstico como esse sem ter alguma coisa para me basear. Sempre acreditei no grupo.

Fonte: O Dia

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