NETVASCO - 07/11/2009 - SÁB - 11:29 - Eurico diz que vai voltar a participar da vida política do Vasco em 2010
Após ter ganhado apenas um título em oito anos como presidente do Vasco, Eurico Miranda diz que não pensa disputar o cargo com Roberto Dinamite nas próximas eleições. Mas o dirigente ainda tem aspirações políticas na Colina. Quer ser, no ano que vem, presidente do Conselho de Beneméritos. Na última sexta-feira, Eurico recebeu o GLOBOESPORTE.COM no escritório de advocacia que mantém no centro do Rio de Janeiro. Nesta segunda parte da entrevista, ele volta a fazer críticas a atual administração e diz que a volta do Vasco à Primeira Divisão, que pode ocorrer neste sábado diante do Juventude, no Maracanã, não pode ser vista como um símbolo de virada ou nova fase do clube, mas sim, como uma obrigação pelo passado do clube.
- Não tem história de novo Vasco. Como se o Vasco pudesse ser novo. Não existe isso. Ficam com essa história que o Vasco deu a virada, que o Vasco voltou à Primeira Divisão. Como se fosse algo espetacular. Pela história do Vasco, isso iria acontecer naturalmente. Quando sai o time estava em oitavo lugar no Brasileiro.
Desde que deixou a presidência no ano passado, Eurico não é mais visto em São Januário. Ele admite ter virado uma pessoa sem meio-termo entre os vascaínos. Ou é amado ou é odiado. Após ter se recuperado de dois sérios problemas de saúde, o dirigente garante que vai voltar a participar ativamente da vida política do clube em 2010.
- Vou voltar. Com certeza a partir de janeiro vou aparecer mais. Sou grande-benemérito do Vasco e sem dúvida tenho liderança política. Na parte executiva direta eu acho que já prestei serviços ao Vasco e não é da minha vontade voltar. Agora sem dúvida como liderança política e não concordando com o que está acontecendo no Vasco, eu quero mudanças. E quero poder passar a quem vier assumir a presidência os conhecimentos que adquiri esse tempo todo.
Após ter derrotado Roberto Dinamite nas eleições de 2003 e 2006, esta última considerada fraudulenta e anulada pela Justiça, Eurico não admite ter perdido a última disputa. Faz questão de reforçar que não era candidato. Na época, em uma jogada política, Amadeu Pinto da Rocha, um antigo vascaíno muito querido na colônia portuguesa, foi escolhido para participar do pleito que estava praticamente perdido no Conselho Deliberativo. Conhecido por ser pulso firme, Eurico critica a forma de Roberto dirigir o clube.
- Não é ele quem administra. O Roberto é só fachada. Utilizam o nome do Roberto, utilizam o fato de ele ser um ídolo no futebol do Vasco, e são os outros que realmente manobram.
A lista de críticas feitas por Eurico à atual diretoria é grande. Vai do que ele chama de abandono ao colégio Vasco da Gama à mudança do local de concentração do time de futebol. Fala também do que considera descaso ao Vasco-Barra. Mas o que o ex-presidente mais reclama é dos problemas vividos pelos funcionários.
- Poucas instituições neste país conseguem ter funcionários com 40 anos, com 30 anos, com 20 anos (de casa). A permanência desse quadro funcional passa a ser uma identidade e os funcionários têm amor pelo clube. A primeira coisa que eles fizeram foi demitir esses funcionários. Eles não eram funcionários do Eurico. Uma pessoa que está há 40 anos no Vasco não é um funcionário do Eurico. Eu fiquei oito anos na presidência. Esses funcionários passaram por vários presidentes. Além disso, não pode ficar cinco meses sem pagar funcionário e ficar falando que tudo está penhorado. Isso é uma desculpa esfarrapada. Eles priorizaram pagar salários altíssimos (ao futebol). Quando um treinador de futebol ganha sozinho o que ganha cem funcionários do Vasco e se paga a esse treinador e se deixa de pagar esses cem funcionários, você vê o tipo de política e qual é a verdadeira intenção. Sem entrar no mérito se o treinador é bom ou ruim.