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NETVASCO - 15/09/2009 - TER - 08:18 - C. Alberto: 'Como no Vasco, em pouco tempo, nunca foi em lugar nenhum' Se perguntassem para qualquer pessoa, há dois ou três anos, quem era Carlos Alberto, a resposta passaria pela linha de "jogador habilidoso, mas envolto com confusão."
Pois é isso que ele quer mudar. E está conseguindo, principalmente depois do surgimento seu primeiro filho, Lucca, que nasceu no último dia 1°.
Ser pai não trouxe, apenas, mais responsabilidade dentro de casa. Em campo, Dorival Júnior comemora o fato de o camisa 19 ser uma referência. E também de estar levando menos cartões (chegou a ficar 9 rodadas pendurado com dois amarelos).
Nesta entrevista exclusiva, Carlos Alberto fala sobre a atual fase e a anterior, conturbada. Confira os melhores trechos.
Benja: Você está diferente, com a cabeça mudada, mais tranquilão, acabou de ser pai. É isso?
Pois é, e ninguém acredita. Isso é um desafio, ser um jogador acostumado a jogar em Série A, e se dispor a disputar uma Série B sem ter nada a ver com o rebaixamento, precisa de coragem. Eu tive a oportunidade de participar da campanha do Corinthians e não quis, porque achei que estava dando um passo atrás, achava que nunca poderia jogar a Série B. E hoje estou aqui, amarradão, feilz da vida. Acho que Deus falou: "Você tem de passar ali para reencontrar algumas coisas que te fizeram feliz, que foram importantes em momentos em que você foi vencedor". Hoje encontrei isso, um clube que sofreu um pouco. Estamos amenizando essa dor da torcida. A questão de ser pai foi o momento mais sublime da minha vida. Não tem emoção igual, eu assisti ao parto.
Benja: Sua vida mudou do dia para a noite. Às vezes mexia com o ego, com a vaidade?
As minhas coisas, desde criança, foram na porrada, tive de aprender cedo, a sair de casa cedo, morar em alojamento. Você imagina uma criança que fica doente, tem medo, longe dos pais. Eu sempre tive meu pai como herói, toda vez que estava perto dele eu me sentia seguro. Eu morava num lugar em que a violência era visível, vi muitas coisas na infância, tragédias com amigos. Isso, querendo ou não, mexe com a vida, e você começa a ficar mais agressivo. E, do dia para a noite, você ter condições de fazer o que não podia. Mexeu comigo, sim, como com qualquer pessoa. Um dia você não tem dinheiro para comprar um cachorro-quente, no outro pode comprar um carro. No meu auge, aos 20 anos, cheio de energia, eu era muito impetuoso. Eu confiava muito no meu corpo. Às vezes, se tivesse jogo no domingo, saía durante a semana. Chegava no jogo, me garantia, porque estava voando. Então hoje, muita coisa eu não mudei, continuo humilde com as pessoas, isso eu não mudei, mas penso antes, o que eu posso fazer, evitar algum desgaste.
E o que motivou, de fato, a encarar a Série B com o Vasco?
Primeiro, as pessoas que estão no clube. Estou muito feliz, quando cheguei achei que, por ter jogado em outros clubes do Rio, seria "punk". Ia ter uma rejeição, que eu achava até natural. E, desde o primeiro dia, a torcida me abraçou, me adotou e tem tido uma cumplicidade enorme. Como no Vasco, em pouco tempo assim, nunca foi em lugar nenhum. Então, deois de meses, eu já tinha decidido que queria ficar mais tempo. Inclusive meu contrato acaba no meio do ano que vem. Mas o pessoal já está se movendo para renovar.
E a crise no Rio?
Está lamentável. O futebol carioca tem de voltar ao tempo em que tinha jogadores de Seleção. Eu torço para que o futebol do Rio fique igual ao de São Paulo, vitorioso. O Rio é maravilhoso. Imagine se tivesse uma estrutura legal para os jogadores, um padrão de planejamento, estrutura de treino? Ninguém sairia do Rio.
Fonte: Lance
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