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NETVASCO - 13/09/2009 - DOM - 00:41 - Remo: Vascaínos comentam melhorias na Lagoa Rodrigo de Freitas

Cartão postal do Rio, a Lagoa Rodrigo de Freitas ganhou sua oitava elevatória de tratamento de esgoto na última terça-feira. o projeto todo é de R$ 50 milhões e 300 ligações clandestinas de esgoto já foram retiradas. Para quem vive o dia-a-dia do espelho d'água, as mudanças são visíveis, e a maior delas é a volta dos peixes.

– Nestes dois anos já melhorou bastante, mas não sei se está tudo aquilo que dizem – diz Carmem Correa, de 44 anos, que rema há dois no Clube de Regatas Vasco da Gama. – Acho que eu ainda não mergulharia na Lagoa.

Com a mesma opinião, o barqueiro do clube, Renato Barbosa, ressaltou que tem visto mais pescadores e a diminuição da mortandade de peixes.

– Antigamente, aqui era um cheiro insuportável, mas agora melhorou muito. De vez em quando ainda sentimos um odor, mas geralmente é só quando chove.

Desafinando o coro, porém, o técnico de remo do Botafogo Alexandre Monteiro, de 42 anos, diz que nunca houve tanta sujeira na Lagoa. Ele avalia, no entanto, que a frequência da limpeza aumentou de maneira proporcional.

– Todos os dias, os agentes da Cedae e da Comlurb estão aqui limpando – acrescenta Alexandre, frisando que a pior época de sujeira é no final do ano, com a árvore de Natal luminosa.

Ainda segundo o técnico botafoguense, não há passado de doenças no clube decorrentes do contato com a água.

– Nunca peguei doença e não conheço ninguém que tenha pego. Apenas uma vez, um aluno apareceu com hepatite, mas depois vimos que ele havia acabado de chegar de Arraial D'Ajuda, na Bahia.

O coordenador técnico de remo do Flamengo, Paulo Macário, 36, diz que quando começou a remar, há 22 anos, havia até seringas boiando, provenientes do Hospital da Lagoa e que hoje dá para se ver o fundo da água.

Evandro da Silva e Marcos Luiz pescam com frequência na Lagoa e disseram que quem mais contribui para a poluição é a própria população.

– E ainda olham de cara feia se a gente reclama – conta Marcos.

O também pescador Walter Marinho, por sua vez, reclama da falta de peixes. Segundo ele, que trabalha na colônia de pescadores localizada no Parque dos Patins, a ligação entre a lagoa e o mar, pelo canal do Jardim de Alah, está fechada, impossibilitando o aumento do número de peixes.

– Já perdi a conta de quantas vezes reclamei com a prefeitura. Eles falam que fecham para manter o nível da água e que o pescador não tem do que reclamar, pois está cheio de peixes – conta Marinho, que não acredita na despoluição sem a troca de água pelo canal.

Walter diz ainda que nos últimos anos tem aparecido muito a espécie de peixe tilápia, que, segundo ele, vive em água doce ou poluída.

– Nunca teve tilápia nessa região e agora tem.

Segundo o biólogo Mario Moscatelli, a tilápia não é exatamente um peixe de água poluída, mas consegue suportar mais a sujeira do que as outras espécies.

– A tilápia vive em água doce. Se não há troca com a água salgada, a renovação é muito pequena e ela vai acabar reinando no local.

O biólogo ainda ressalta o perigo da comporta ficar fechada.

– Se chover torrencialmente, pode haver uma inundação ao redor da Lagoa, como ocorreu em 1996. O canal deve ficar desobstruído e aberto.

A Rio-Águas, órgão subordinado da Secretaria Municipal de Obras, informou que realiza o trabalho de desassoreamento do canal do Jardim de Alah diariamente e que “a ligação entre a lagoa e o mar ocorre em função da maré do dia, da maré meteorológica e das condições climáticas”.

Fonte: Jornal do Brasil

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