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NETVASCO - 31/08/2009 - SEG - 16:26 - Eurico Miranda: 'Ajudei muito o Vasco e agora outros que ajudem'

Eurico Miranda e polêmica sempre foram sinônimos durante o tempo em que esteve à frente de um dos maiores clubes do Brasil, o Vasco da Gama. Brigas, bate-bocas, desafetos, títulos, amigos e inimigos foram algumas coisas que o ex-presidente do Gigante da Colina colecionou durante a maior parte dos 64 anos de vida. Hoje comandando um escritório de advocacia que sempre manteve junto com as atividades do futebol, Eurico recebeu a reportagem do site Justicadesportiva.com.br para falar, obviamente, sobre futebol e Vasco da Gama.




Com o habitual charuto em mãos, Eurico falou sobre o atual momento vivido pelo time do coração, na Série B, e contou como tem se sentido com esta situação. Ele também criticou os defensores da adequação do calendário do futebol brasileiro ao europeu. Eurico Miranda ainda aconselhou o Fluminense, lanterna do Campeonato Brasileiro, e contou que não pretende voltar ao Vasco, de onde saiu no ano passado após sua chapa sair derrotada das eleições convocadas após anulação de pleito anterior no clube.

Você é a favor do formado de pontos corridos no Campeonato Brasileiro?

“Sempre houve uma campanha muito forte da mídia com essa história de pontos corridos. Isso não é o que o apaixonado pelo futebol quer. Aqui é diferente. Você não tem quer copiar modelos europeus. A única coisa que o Brasil não tem que copiar de ninguém é o futebol. Se o futebol do Brasil não fosse organizado como muitos dizem, se fosse um país caracterizado apenas por ter excelentes jogadores, não estaríamos onde estamos. Não adianta ter uma boa quantidade de jogadores se não tem um mínimo de organização. O Brasil é cinco vezes campeão do mundo por que? Porque tem organização e isso foi baseado principalmente nos dois grandes centros, São Paulo e Rio de Janeiro. O torcedor quer ver o seu time sempre campeão. Ele quer o seu time com possibilidades de disputar título. Quando você disputa uma competição em que a parte mais interessante passa a ser você não ser rebaixado, o torcedor não vai comparecer. Quem está no meio da tabela não vai ao estádio ver o seu time jogar. O Estadual do Rio de Janeiro tem muito mais apelo do torcedor e sempre fui contrário a esse formato de pontos corridos”.

Por que os jogadores não querem mais ficar no Brasil?

“O futebol é difícil. Surgiram algumas medidas que prejudicaram muito os clubes. Os clubes são as células do futebol e sem eles não existiria nada. De repente vem uma Lei Pelé que tirou dos clubes a sua essência, que era a formação dos jogadores. O sonho de qualquer menino que começava era um dia jogar num clube do Rio de Janeiro e jogar no Maracanã. Hoje eles pertencem a empresários, não têm mais ligação com os clubes por conta de algo que não vejo como um problema, que é competir com o futebol europeu. É tão antigo o fato de um jogador ir para a Europa. Aliás, foi algo que sempre motivou os clubes para ter mais investimento. Era o ciclo que se renovava. A partir do momento em que houve um corte brusco nisso, em toda a estrutura do futebol, os clubes sofreram muito com isso, e os do Rio foram os mais afetados. Talvez isso tenha levado os clubes cariocas a não estarem hoje conquistando títulos. Se um dia vier a acontecer do Rio perder a hegemonia, se acontecer, não é para essa geração. Quem sabem em 50 anos?”

Você apontaria algum favorito ao título do Brasileirão?

“Acho que tem alguns clubes que tem um certo distanciamento dos outros, em questão de elenco, para esse campeonato. O Internacional teve uma caída, mas é um bom time. Tem também o Palmeiras e não me surpreenderei se o São Paulo vier a ser o campeão. Teve umas mudanças, mas é natural. Tem o Atlético/MG que está disputando bem, mas não acredito que terá fôlego para seguir até o fim. O título deve ficar entre Inter, Palmeiras e São Paulo”.

Tem vontade de voltar a ser dirigente?

“Não estou longe do futebol. Fui fundador do ‘Clube dos 13’ e isso foi a grande conquista dos clubes. Acho que agora não tenho que pensar em voltar a ser dirigente, e do Vasco nenhuma chance. Ajudei muito o Vasco e agora outros que ajudem. Servirei muito mais pela vivência que tenho no futebol, como uma espécie de consultor. O Vasco não deve abrir mão do pouco que sei e, sempre que for chamado, estarei presente. Mantenho sempre contato com quase todos os clubes do Brasil e uma vez ou outra alguém vem me pedir uma opinião”.

Na sua gestão o Vasco correria o mesmo risco de cair para a Segunda Divisão, como acabou acontecendo no ano passado?

“Eu usava uma frase que comigo não havia hipótese do Vasco cair para a Segunda Divisão, mas claro que os meus críticos e ‘inimigos’ achavam que, por exemplo, eu falava isso porque usaria de meios não-lícitos para impedir uma queda, mas não é isso. Quando falava, é porque quando se sente que há a possibilidade do rebaixamento, você tem que tomar medidas, e elas são administrativas. E tem que se tomar a tempo, não adianta se esperar, porque pode chegar num ponto que não tem mais jeito”.

O Fluminense ainda tem chances de se recuperar e não ser rebaixado?

“Se eles tomarem essas medidas (administrativas) não vão cair. Tem medidas gerais e medidas específicas. Você não pode tomar medida num clube que tomaria num outro. Até porque cada um tem a sua história e sua particularidade, e alguém que conheça essas particularidades é quem deve tomar uma medida. Nem sempre é o presidente do clube. Ele tem que ter a humildade de passar a bola para quem sabe de tudo, mas geralmente é o presidente que tem a condição de tocar o barco vendo pessoas que dêem suporte. O Fluminense tem que tomar medidas administrativas”.

Você acha certo os clubes trocarem de treinadores quando passam por sufoco?

“Todo mundo acha que as coisas melhoram com mudança de técnico, mas técnico não ganha jogo, ele pode perder jogo. Teve um treinador antigo que disse que não se faz omelete sem ovos. Não adianta ter um time sem jogadores, porque o treinador não vai fazer nada. Não adianta também sair contratando jogadores. Numa situação dessas, você tem que ter a certeza de que os pequenos detalhes estão funcionando, se o gelo chega, se a roupa está bem lavada, se os vestiários estão em condições, se a fisioterapia, musculação e departamento médico estão fazendo um bom atendimento, se os ônibus chegam e saem na hora certa, se que o serviço de limpeza está funcionando quando tem que funcionar, se as viagens estão sendo bem programadas. Não é tão simples”.

Então não seria inteligente fazer o que muitos clubes fazem, atrasando salários de funcionários que recebem muito menos do que os jogadores?

“O jogador tem que receber, mas os funcionários que ganham muito menos e trabalham nessa parte tem que receber em dia. Você não pode deixar um funcionário que ganha salário pequeno três meses sem receber. Isso afeta muito. Às vezes, você pode deixar de pagar um jogador com esses salários enormes para manter essa outra parte que é fundamental. Não justifica você pagar R$ 200 mil a um jogador e um funcionário que cuida da rouparia ganhando um salário mínimo e meio ficar sem receber quatro meses. A mídia quer saber se o futebol está em dia. Mas o que é o futebol? São os jogadores? Não, são todos que trabalham com a infra-estrutura necessária para o futebol acontecer. O jogador quer chegar e ter a sua roupinha limpa e separada no vestiário. As pessoas precisam entender o trabalho que temos para o time estar em campo. Você pode reduzir os custos, mas nunca vai conseguir reduzir o trabalho. Tem que ter os responsáveis por cada coisa, porque chega na hora do jogo, pode ser até que tenham esquecido do principal, que é a bola”.

Por que o senhor sempre defendeu as federações de futebol?

“Não se administra futebol pelo computador ou pelo telefone. São as federações que têm que fazer a administração. Esse Campeonato Brasileiro deve sua realização às federações. Coloca a CBF para realizar um jogo e vai ver que ela não tem estrutura. Parece simples organizar um jogo, mas não é. Primeiro tem que saber quem vai levar a bola, como vão se deslocar para lá, como vão dar as condições para o jogo. A CBF gosta muito de baixar normas, mas quem fiscaliza os clubes, quem cuida, quem trata, que faz e quem leva os clubes a fazerem isso são as federações”.

Quando era dirigente, o senhor procurava orientar os seus jogadores quanto às infrações disciplinares?

“Todos os meus jogadores eram orientados nesse sentido. Com jogador de futebol tem que falar quem eles respeitam, senão fica naquela história do acredite se quiser. A melhor figura para falar numa determinada situação é o presidente. A primeira coisa que o jogador vai perguntar e que ele quer saber é quem o paga, porque ele quer saber a quem cobrar se ele não receber. E quem paga é quem tem a credibilidade com o jogador. Além disso, com ele você não tem a possibilidade de errar. Você não erra duas vezes. Se você perder a credibilidade, você nunca mais recupera. Um jogador que tomasse cartão amarelo bobo para não viajar, porque não gostava de viajar, comigo viajava mesmo não podendo jogar, se soubéssemos que ele forçou o cartão”.

Você é a favor da aplicação de multa para jogadores que não apresentam um bom comportamento?

“Tem que ser analisado. Às vezes pode ter sido uma atitude infantil, mas se foi de propósito e não tinha a menor necessidade, acho que deve se punir sim. Existem várias maneiras de punir um jogador e talvez o que ele sinta mais é no bolso. Só que você não pode aplicar a punição para inglês ver. Existia aquela história de punir o jogador com pena pecuniária, mas quem pagava era o clube. Isso vai muito do dirigente. Mas tem que ter cuidado porque pode implicar na legislação trabalhista, porque não se pode descontar do salário do jogador. Tem que ter cuidado, mas sou favorável à punição dentro de um critério e não sendo levado pela paixão. Na época que eu era dirigente, profissional nenhum punia meus jogadores, a punição era minha. Entendo que um profissional não pode punir o outro porque ele também é passível de punição se ele errar. Das punições que apliquei, todas elas foram feitas por mim, ninguém tinha o poder de fazer isso. Poderiam apenas sugerir”.

Se pudesse voltar no tempo, tem algo que faria diferente?

“Tudo o que fiz faria de novo. Claro e evidente que se eu tivesse o conhecimento que tenho hoje, algumas coisas poderia fazer de maneira diferente. Mas não me arrependo de nada até hoje não. Tudo o que fiz não foi para prejudicar ninguém e nem para usufruir pessoalmente daquela situação. Faria tudo de novo, e olha que fiz muita coisa”.

Fonte: Site Justiça Desportiva

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