Longe de se aposentar, Jardel acha que ainda tem espaço no mercado da bola. Apesar de estar desempregado, o centroavante, de 35 anos, mantém a forma numa academia de Fortaleza. Corre constantemente com um personal trainer na orla da capital cearense e treina com bola no clube de mesmo nome de sua cidade natal. Tudo na expectativa de receber um convite indispensável.
- Acho que tenho condições de jogar, no mínimo, por mais três anos. Falta só oportunidade, estou me cuidando. Espero ser procurado por algum grande clube - afirmou.
Embora não tenha chegado a um acordo com o Penhãrol, do Uruguai, nem com o Rio Branco, do Acre, Jardel diz ter descartado uma proposta de um clube grego e vislumbra a possibilidade de atuar no futebol mexicano. De acordo com o jogador, não faltam motivos para acreditar em um retorno triunfal. A experiência adquirida ao longo de 18 anos de carreira e o faro inato de gols pesam a seu favor. No entanto, ele reconhece que está com a imagem arranhada.
- Sinto que as pessoas (os dirigentes) se informam daquela situação da droga e ficam com um pé atrás. Os clubes têm receito de me contratar. Só que todo ser humano erra e precisa de uma nova chance. Paguem para ver. Quem sabe fazer gol nunca esquece - garantiu o atacante, que admitiu em abril do ano passado ser viciado em cocaína, mas está livre das drogas há mais de um ano.
Jardel com os filhos Vitória e Jardel Filho
Carinho dos torcedores vascaínos e gremistas
Jardel se apóia no carinho dos torcedores para dar a volta por cima. Tricampeão carioca com o Vasco no início da década de 1990 e autor dos dois gols do título de 1993 em cima do Fluminense, o centroavante até hoje é tratado com respeito pelos cruzmaltinos. A conquista da Taça Libertadores com o Grêmio em 1995 também é relembrada a todo o momento pelas pessoas que o param nas ruas.
- É algo maravilhoso. Os gremistas e os vascaínos brincam comigo toda hora. Sempre vou ao Rio e ao Sul para cuidar de alguns imóveis, e fico feliz com esta lembrança. Estes momentos ficaram marcados, nunca vou me esquecer - disse.
Por outro lado, Jardel vive um drama familiar. A mãe é viciada em álcool e não aceita receber tratamento. Por isso, o atacante resolveu tirar "férias forçadas" em Fortaleza. Ele admite inclusive não querer se separar mais da genitora.
- Mãe só tem uma. Quero o bem dela. Se acontecer (de ela largar o álcool), vou ficar muito feliz. Já perdi meu pai devido a um problema de coração, em 1997, e quero ajudá-la. Estamos conversando muito, falo o quanto amo ela. Mas a minha mãe não aceita a internação e não pretendo ir contra a vontade dela - confessou.
Frases que entraram para o folclore do futebol irritam Jardel
Em relação às frases folclóricas "eu peguei a bola no meio de campo e fui fondo, fui fondo, fui fondo e chutei pro gol", "clássico é clássico e vice-versa" e "quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe", Jardel garante que isso não passou de uma brincadeira do ex-jogador Paulo Nunes. E como os boatos tomaram grandes proporções, ele chegou a processar uma veículo de comunicação.
- Como eu sempre fui uma pessoa boa e ingênua, atribuíram-me essas frases. Mas eu nunca falei nada disso. Coloquei a (revista) "Placar" na Justiça por causa dessas mentiras - lembrou.
Além da esperança de voltar a atuar em alto nível, o centroavante põe fé no triunfo do América-CE na Terceira Divisão do Estadual. Ele intermediou as negociações de alguns jogadores de 16 e 17 anos com o clube e até admite ajudar este time dentro de campo.
- Vou esperar por convites até o fim da janela (em 31 de agosto). Ninguém trabalha de graça. Só jogo pelo América, se eles me fizerem uma boa proposta. Ia ser bom, eu ficaria em casa, apesar de eu sonhar com um grande clube - concluiu.
Fonte: GloboEsporte.com