NETVASCO - 05/07/2009 - DOM - 17:31 - Ex-vice de marketing J. H. Coelho faz balanço de 1 ano da gestão Dinamite

Artigo publicado no site Supervasco por José Henrique Coelho, presidente do Movimento Unido Vascaíno (MUV) e vice-presidente de marketing do Vasco durante os primeiros meses da administração Roberto Dinamite:

"José Henrique Coelho

Presidente do Movimento Unido Vascaíno (MUV) e ex-vice de marketing do Club de Regatas Vasco da Gama.

Domingo, 5 de julho de 2009

Um ano depois (parte 1)

No dia 27 de junho de 2008 foi consagrada a vitória dos vascaínos que acabavam de retomar o Vasco das mãos da família Miranda e seus seguidores. O projeto do ex-presidente de se manter no poder por conta dos votos encomendados aos “seus” Grandes Beneméritos e Beneméritos, “fabricados sem controle de qualidade”, estava derrotado. Foi derrotado em todos os tribunais para os quais apelou: - em Brasília, no STJ e no STF, no Rio, no Centro, na Ilha do Governador, em Copacabana, no Leblon, na sede do Calabouço e por último na sede da Lagoa. A força do Vasco sempre esteve nos vascaínos e que naquele momento todos se reuniram para “eliminar o déspota”. Tomava posse no dia 1 de julho a Chapa Por Amor ao Vasco que elegeu o ídolo Roberto Dinamite à presidente do clube para um mandato de três anos, 2008-2011.

Tinham se passado oito anos e meio da eleição que levara Eurico a presidência do Vasco. Após a posse em 2001 iniciava-se a uma longa fase de escândalos onde o ex-presidente passou a usar o nome do Vasco como escudo e a tesouraria do clube como fonte para pagamentos dos seus processos e despesas. Escândalos dos desvios dos investimentos do Nations Bank – U$ 12 milhões em 60 dias, da casa em Miami, dos carros, apartamento, Aremitas e Nilson Gonçalves. Poucos meses depois, aquele presidente iniciava uma política de eliminar do quadro social todos os sócios que levantassem críticas a sua administração, foram trinta e três no total. Eurico leva o Vasco neste período de um passivo de cerca de R$ 25 milhões em de janeiro de 2001 a cerca de R$370 milhões em julho de 2008, um caso digno de responsabilização pessoal do ex-presidente por gestão temerária. Não devemos nos esquecer, o exemplo que vem de Portugal, onde o ex-presidente do Benfica, Vale Azevedo, hoje se encontra foragido da justiça portuguesa em Londres, onde aguarda o julgamento do pedido de extradição, para voltar para o “xilindró” por conta dos processos onde foi condenado por usar os recursos do clube em benefício próprio. Ainda é preciso passar o clube a limpo.

No dia 2 de julho, os integrantes da nova diretoria encontraram o clube esfumaçado. Contêineres de documentos queimados ainda fumegavam ao lado do Colégio Vasco da Gama. Queima de arquivo, literalmente.

Na sala da presidência, o conjunto de arquivos era entregue vazio, eram dezesseis gavetas de pastas suspensas com apenas “raspas de papel” dos documentos anteriormente arquivados, um saque às provas. Quem sabe se o verdadeiro contrato do Pablo não estava ali?

Na tesouraria cantavam desafinadas três máquinas de escrever e calculadoras “de fita”, os únicos equipamentos disponíveis para os funcionários, computadores nunca tinham passado por lá. O arquivo de contas a pagar era uma pilha desengonçada de duplicatas vencidas.

O hotel “cinco estrelas” sempre divulgado nunca foi encontrado. Deve ter sido desmontado antes do dia 2 de julho. Era fruto de propaganda enganosa. Hoje a provável instalação foi convertida em residência para atender a divisão de base, de modo a atender a legislação anteriormente descumprida pela antiga gestão.

Alguns empregados trabalhavam sem carteira assinada, outros recebiam “por dentro” e “por fora”. Outros ainda recebiam salários inexplicavelmente altos e com carga horária diminuta. Uma bagunça.

Após o primeiro jogo em nosso estádio, uma descoberta: - o “quadro móvel” para fazer funcionar um jogo não era móvel, era enorme, cerca de 140 pessoas. Posteriormente em novembro, mesmo em jogos com o estádio lotado, trabalhamos com até 88 pessoas. Uma esperança de ajuste.

Na primeira reunião entre a nova diretoria e a diretoria deposta um pedido dos envergonhados: - a aprovação das contas de 2008. Uma piada.

Uma semana depois, o monarca deposto pede o pagamento, que ele próprio não pagou, dos supostos “empréstimos” no valor de R$4,650 milhões do seu ex-ministro do futebol, que teriam ocorrido desde o ano de 2001. Cara de Pau. Será que os supostos empréstimos foram informados a Receita Federal? Será a talvez a única prova incontestável deste “negócio”.

Mais uma semana e pedem uma nova reunião para apresentar os documentos da venda do Phillipe Coutinho ao Inter de Milão: - uma traição ao clube. Você entregaria ao Eurico a responsabilidade de vender a grande revelação do clube na semana anterior a sua derrota? Você acredita nos valores apresentados da negociação?

O quadro de pessoal apresentado era de 530 funcionários registrados. Para que tanto? Após a primeira demissão, a primeira reclamação de ex-funcionários: - “cadê o meu fundo de garantia? Não tem nada!, como é que o Eurico anunciava por aí que o Vasco tem uma Certidão Negativa do FGTS???”. Foram todos os ex-funcionários para a justiça do trabalho pedindo o pagamento do FGTS não recolhido!

Os gastos com a “segurança do clube” terceirizada mais parecia que guardávamos ali o cofre forte do Banco Central.

A herança maldita estava lá. Fora encontrada. Precisava ser espalhada, vasculhada, limpa e organizada. O preço que os vascaínos já pagaram e ainda estão pagando é resultado da conta deixada pelo antigo regime. “Nunca tinha visto nada igual” foi a frase mais repetida pelos diversos vascaínos que voltaram ao clube.

Assim encontramos o clube no dia 2. “Euricos nunca mais”.

Convoco todos os vascaínos a retomarem o nosso clube.

Seja sócio. Voltem. O Vasco é nosso.

(parte 2 – O Projeto e seus desvios.)"

Fonte: Supervasco