NETVASCO - 20/06/2009 - SÁB - 17:23 - <i>Site Justiça Desportiva</i>: BO que ajudou em absolvição do Vasco não existe

Fatos ocorridos em São Januário no dia 7 de dezembro de 2008 ainda repercutem no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Em partida contra o Vitória, que ficou marcada pelo rebaixamento do Vasco diversos objetos foram arremessados ao campo, fato que gerou denúncia contra o Gigante da Colina. Mas um inusitado sumiço de um Boletim de Ocorrência (BO) gerou maiores consequências que até hoje ocupam o trabalho de auditores e procuradores. Um inquérito foi instaurado e teve um surpreendente resultado: o boletim, que sumido absolveu o Vasco, na verdade não existia.

Quem confirmou o resultado de semanas de investigação foi o próprio auditor processante do inquérito, Alexandre Quadros, integrante do Pleno do STJD. Ele explica que o inquérito teve origem com a dúvida em relação ao sumiço do BO. O então árbitro da partida, o mineiro Alício Pena Júnior, assinou um documento onde afirma que o clube fez um boletim de ocorrência onde identificava os infratores que arremessaram os objetos e diz que o mesmo foi anexado à súmula.

Porém, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) emitiu um comunicado dizendo que, no envelope lacrado onde constava a súmula do jogo, nenhum boletim estava anexado. Apesar da punição em primeira instância no STJD, o Vasco teve melhor sorte no Pleno, onde foi absolvido.

“Em razão dessa dúvida, o Tribunal entendeu que era melhor absolver o Vasco. Por isso, a Procuradoria pediu a abertura de inquérito para constatar, efetivamente, se esse documento estava lá ou não. Fui nomeado auditor processante desse inquérito e tomei diligencias. Uma delas foi no sentido de oficiar a Polícia Militar para que se averiguasse se existia esse boletim ou não. A resposta que recebi do comandante da PM foi de que esse boletim simplesmente não existe”, disse Alexandre Quadros ao site Justicadesportiva.com.br.

No fim das contas, quem corre risco agora é Alício Pena Júnior. O árbitro deve ser alvo de uma denúncia por ter confirmado a existência de um boletim que, na verdade, não existe. “Concluí o inquérito no sentido de que a Procuradoria avalie a notadamente responsabilidade do árbitro em razão da informação que ele prestou na súmula. A Procuradoria vai avaliar e analisar para ver que conduta deve ser tomada”, informou o auditor processante, que disse concluiu lembrando que o Vasco não deve sofrer nada em um primeiro momento, mas pode acabar denunciado se estiver envolvido em tal sumiço.

“Essa é uma questão que a Procuradoria tem que avaliar. No meu parecer estou afirmando que a responsabilidade pelas informações que foram colhidas deve ser perseguida em relação ao arbitro. O Vasco já foi julgado pelo fato e isso não volta mais, já está concluído. Se em razão do processo disciplinar quanto ao árbitro alguma coisa for constatada em relação à conduta do Vasco, aí sim isso pode ser perseguido posteriormente”.

Entenda a cronologia do caso:

16 de dezembro de 2008 – Denunciado no artigo 213 (Deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens em sua praça de desporto) do CBJD após o árbitro relatar na súmula que foram atirados no gramado um rádio de pilha, um copo descartável, duas latas de refrigerante e um sinalizador, o Vasco foi julgado pela Segunda Comissão Disciplinar. A decisão acabou em punição. O time carioca perdeu um mando de campo e foi multado em R$ 10 mil.

12 de março de 2009 – Até então impedido de fazer o jogo com o Brasiliense, pela Série B do Brasileiro, no estádio de São Januário, o Vasco tentou sua última cartada em um recurso no Pleno do STJD. E surtiu efeito. O clube foi absolvido pelos auditores da instância máxima da Justiça Desportiva e pôde levar o duelo para sua casa, que até então estava marcado para a cidade de Volta Redonda.

Fonte: Site Justiça Desportiva