NETVASCO - 04/06/2009 - QUI - 13:39 - Pai de corintiano põe culpa em vascaínos, mas promotor o desmente

Após passar a noite sem dormir à procura do filho, na manhã desta quinta-feira (4), o gerente de produção Milton Oliveira, de 50 anos, embora tivesse encontrado o estudante Diego Tebas, de 19 anos, continuava sem saber o que iria acontecer com ele.

O jovem foi um dos 27 detidos pela polícia na noite da quarta-feira (3) após uma confusão entre torcedores do Corinthians e do Vasco nas proximidades da Ponte das Bandeiras, na Zona Norte de São Paulo. O confronto deixou um morto, sete feridos, um ônibus incendiado e vários carros depredados. Todos os detidos estavam no final desta manhã na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na região central de São Paulo, prestando depoimento.

Com a voz trêmula, Oliveira contou que por volta das 21h30 recebeu um telefonema do filho que tinha saído de casa no início da noite com o carro da mãe para ir ao jogo Corinthians x Vasco no estádio do Pacaembu, na Zona Oeste. Segundo o pai, o filho passou na casa da namorada, na Zona Leste, e de lá ia seguir o ônibus dos torcedores do Corinthians que sairia do Parque São Jorge em direção ao estádio.

“Ele estava chorando, muito assustado. Disse que estava indo para o jogo, seguindo o ônibus da torcida, quando, ali perto da Marginal Tietê, os ônibus do Vasco chegaram perto. Os torcedores desceram quando parou o trânsito e começaram a quebrar tudo. Quebraram o para-brisa e o retrovisor do carro da minha mulher. Aí, ele desceu do carro e saiu correndo. Contou que só parou de correr quando viu que não tinha mais ninguém atrás dele e ligou para mim”, disse o pai.

O gerente de produção contou que aconselhou o filho a procurar a polícia ou alguém do Detran para contar o que tinha acontecido. “Porque até os documentos do carro eles [os outros torcedores] tinham levado e podia ser que depois implicassem com ele [o filho].” Depois disso, Oliveira afirma que não conseguiu mais falar com o estudante.

“Passei a noite inteira ligando, mas ele não atendia o celular.” Por volta das 4h, Oliveira decidiu entrar na internet para ver se encontrava alguma informação sobre o ocorrido e viu a notícia do tumulto e que havia um morto. “Minha mulher ficou desesperada. Aí, eu decidi ligar para o 190 e eles disseram que não tinha nada [nenhuma ocorrência] com o nome do meu filho”. O gerente começou a enviar mensagens para o celular de Diego que, por volta das 6h, respondeu dizendo que estava no DHPP.

“Meu filho nunca se envolveu em confusão com torcida. Além disso, era um só ônibus de corintianos e mais de dez de vascaínos. Agora, estão querendo dizer que é culpa dos corintianos. Mas, como pode? Eles eram 50 e os vascaínos uns 500”, disse Oliveira.

O promotor responsável por combater a violência nos estádios de futebol de São Paulo, Paulo Castilho, afirmou que foram os torcedores corintianos que começaram o tumulto. Segundo ele, os corintianos fizeram uma emboscada contra os vascaínos.

O pai do jovem esteve pela manhã na sede da polícia, mas não conseguiu falar com o filho. Disse que recebeu apenas a informação que nenhum dos detidos deixaria o local antes das 15h, pois todos precisavam prestar depoimento. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Intolerância do DHPP. Até o final desta manhã, a delegada que apura o caso não quis falar com a imprensa.

Prejuízo de R$ 35 mil

Além da angústia com o filho, o gerente contou que ainda terá que arcar com um prejuízo de R$ 35 mil pelo carro quebrado da mulher, um Audi. Durante a confusão, vândalos destruíram o para-brisa e o retrovisor esquerdo do veículo. O carro, segundo Oliveira, tinha sido vendido há pouco tempo e, por isso, estava sem seguro.

“Tinha transferido o seguro para o carro novo que comprei. Aquele já tinha vendido em um negócio que fiz. Agora, vou ter que ver o que vou fazer para resolver esse prejuízo”, afirmou.

Fonte: GloboEsporte.com