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NETVASCO - 02/06/2009 - TER - 17:59 - João Carlos, que deve se naturalizar belga, sonha voltar para o Vasco

O zagueiro João Carlos não teve muito tempo para ganhar fama pelos campos do Brasil. Com apenas 20 anos, havia feito poucos jogos pelo Vasco da Gama e logo surgiram dirigentes da Bulgária para levar o jovem jogador para palcos mais distantes. Depois de uma boa temporada de estreia, acabou se transferindo para a Bélgica, onde vive até hoje jogando pelo Genk, após quatro anos no Lokeren.

Assumidamente torcedor do Vasco, onde passou mais de dez anos, João garante que, mesmo distante dos principais holofotes da Europa, está muito feliz e não pretende voltar a sua terra natal tão cedo. O zagueiro é famoso por lá e lembra que já recebeu proposta para se naturalizar belga e defender a seleção do país.

De férias no Brasil, o jogador, que apesar de zagueiro também marca muitos gols, conversou com o Globoesporte.com e contou um pouco sobre a sua vida na Bélgica. Confira a entrevista do brasileiro que, mesmo longe da fama por aqui, não se arrepende de ter traçado um caminho alternativo pelos gramados europeus.

Como você foi parar na Bulgária?

Foi a maior sorte mesmo. Estava fazendo um jogo pelo Vasco e tinha um cara da Bulgária que me viu e gostou. Eu ganhava pouco por aqui e não pensei duas vezes.

Você foi para a Europa com apenas 20 anos. Como foi sua adaptação por lá?

Foi bem difícil. Não falava língua nenhuma, não conhecia nada. Minha sorte foi que o meu time (CSKA Sofia, da Bulgária) estava ganhando e isso amenizava um pouco. Acabamos sendo campeões mesmo sem eu conhecer ninguém. E fui titular em quase todos os jogos já no primeiro ano.

Estava sozinho, nem a família te acompanhou?

Sozinho. Só depois que minha mãe, e agora a minha esposa, foram para lá.

E hoje, já se sente à vontade na Bélgica? Como é a vida por lá?

Hoje é uma maravilha. A única coisa que me deixa meio assim é que não é um campeonato visado. Não passa nada da Bélgica por aqui. Mas isso aqui é primeiro mundo. Uma das melhores qualidades de vida da Europa.

Você foi artilheiro do Genk na última Copa da Bélgica. Nos times que você passou, nunca foi de fazer muitos gols. O que aconteceu?

Sei lá, esse ano deu tudo certo. Você vai pegando mais experiência, com mais idade. Eu já estava jogando de capitão da equipe e acabei levantando a taça da Copa da Bélgica.

Você está próximo de tirar passaporte europeu. Já houve alguma sondagem por parte dos belgas para que você defenda a seleção do país?

Já sim. Eu tenho tudo pronto, só não tenho o passaporte belga. Foi por isso que fizeram uma reportagem grande comigo em uma revista aqui. Por causa do Camargo (outro brasileiro naturalizado belga) que já foi chamado também. Eles estão meio carentes de zagueiros.

Mas eu não queria dar entrevista até o passaporte ficar pronto. Não quero criar inimizade como os outros zagueiro por aqui. O Company (zagueiro da seleção belga) é meu amigo, ganhamos muitas premiações e não acho legal ficar falando de uma vaga que por enquanto pertence a eles sem ter nada certo ainda.

Mas a torcida me apóia. Já fui sondado pelo Anderlech, que é um grande clube daqui. O treinador deles me ligava sempre, me ligou para dar parabéns pelo título. Mas os caras aqui pediram muito dinheiro e acabou não dando em nada.

O campeonato Belga não tem muita repercussão por aqui, mas como é a sua imagem e a relação com a torcida por lá?

Os caras me conhecem. Eu ando nas ruas e ouço as pessoas pedindo para eu jogar na seleção e me dão muita moral, tanto a imprensa quanto os torcedores.

Você não recebeu nenhum cartão vermelho na temporada e poucos amarelos. Isso acontece por causa do futebol europeu ou é seu estilo mesmo?

Eu sou mais técnico, mais tranquilo, já estou com mais experiente e antecipo muito as jogadas. Vermelho então, não tomo nunca, acho que só tomei um em toda a minha carreira.

Qual jogador você tem como exemplo?

Seguir os passos mesmo foi do Torres. Assim que cheguei no Vasco, ele estava encerrando a carreira e eu via a personalidade dele. Um cara tranquilo, sempre ajudou os mais novos. A imprensa dizia que eu era muito parecido com ele. Agora menos um pouco. Mas ele ainda me zoa quando me encontra. Mas como inspiração era o Aldair, que era um grande zagueiro, o melhor que tinha no Brasil.

O Genk não é uma grande equipe, mas venceu a Copa da Bélgica pela terceira vez. O time terá que jogar uma eliminatória da Liga da Europa (antiga Copa Uefa), acha que chega na fase de grupos?

Tem condição sim. A estrutura é de clube grande uma das melhores do país. Os jogos das eliminatórias da Bélgica, em casa, foram todos aqui. É o quarto time do país, tem um estádio para 40.000 e joga todo jogo em casa com 30.000 torcedores. Os torcedores compram carnês para o ano todo.

E o seu futuro no clube? Ficará por lá mesmo ou já houve alguma proposta de um clube maior ou até mesmo de outro país?

Já sim, dá Iugoslávia, Rússia, mas eu nem penso. Já estou em um país de primeiro mundo, com dois filhos bem instalados por aqui, não posso ficar mudando toda hora. Eu quero coisa melhor ou então voltar pro Brasil. O clube estava há sete anos sem ganhar nada eu cheguei e foi campeão. Não me largam de jeito nenhum. Os cara me contrataram por €2 milhões (aproximadamente R$5,5 milhões), os caras estão com muito dinheiro. Pagaram alto e tenho mais três anos de contrato.

Tem acompanhado o Brasileirão? Qual seu time aqui no Brasil?

Tenho Globo Internacional e acompanho tudo. Sou Vasco, nascido e criado por lá, onde fiquei 10 anos.

Tem vontade de voltar para jogar no Brasil?

Depende do clube, mas quando chego no Brasil acabo com vontade de voltar. Se for o Vasco melhor ainda.

Fonte: GloboEsporte.com

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