Declarações do Dr. Clóvis Munhoz à Rádio Tupi sobre o tratamento e a recuperação do zagueiro Fernando:
AUTO-HEMOTERAPIA
"É o PRP, o Plasma Rico em Plaquetas. Isso é um procedimento relativamente novo, mas que já se usa em alguns grandes clubes do Brasil. Eu imagino que o Botafogo também esteja usando. Isso se usa no Flamengo, nós temos usado no Vasco, se usa no Palmeiras, no Corinthians. Nós estivemos inclusive reunidos, um grande número de médicos de todo o Brasil, médicos de futebol, na fundação da Associação Brasileira de Médicos do Futebol, que é uma iniciativa da CBF junto com o [José Luiz] Runco e todos os componentes dessa diretoria. Nós tivemos um encontro muito proveitoso na Granja Comary - o Runco, o [Joaquim] Grava, eu, vários colegas de ponta do Brasil todo discutindo inclusive sobre esse método. É um método realmente que vem impulsionando. Agora, é bom se explicar que não há nenhum milagre nisso. O grande benefício da aplicação do PRP, você retira sangue do atleta, faz uma centrifugação plaquetária, e injeta na lesão. Isso, a literatura descreve que há uma rapidez na recuperação, na aceleração da recuperação, em torno de 30% do tempo que levaria com o tratamento convencional. O grande benefício que a aplicação do PRP traz é evitar a formação da fibrose pós lesão muscular, que é um grande obstáculo na recuperação do atleta. Ele fica bom da lesão muscular, mas fica com aquela fibrose cicatricial, que muitas vezes, na pressa às vezes de recuperar o atleta, faz com que haja uma recidiva, que a lesão aconteça novamente. O PRP tem uma função de eliminar, de uma forma quase que total, a presença da fibrose pós lesão."
TER SIDO CONSIDERADO DOPING EM OLIMPÍADAS
"A partir dessa época, começou a haver um movimento no sentido de se perceber o quanto seria benéfico a retirada do sangue. Não nessa situação que os russos fizeram, mas no tratamento de lesões. Lesões musculares, bursites, tendinites, principalmente as tendinites patelares, do aquiles. Tem se usado inclusive no tratamento da osteíte de púbis. É realmente um método revolucionário. Agora, é preciso que se tenha calma, não achar que isso é a oitava maravilha do mundo. É um método novo, que tem dado bons resultados. Mas é preciso que se tenha um pouco mais de tempo, para se ver efetivamente a eficácia do método. Agora, é um método que tem dado bons resultados. Como tudo que é novo, você tem que tentar. É novo, provado cientificamente. Você não está fazendo nada de forma empírica. É uma coisa estudada, mas é uma coisa que precisa ser um pouco mais rígida, com um pouco mais de tempo, para a gente poder ter uma real certeza da eficácia desse tratamento."
TRATAMENTOS
"Se usa em lesões de ombro, nas tendinites, bursites, epicondilites, patologias tendilosas. Tem se usado muito isso. Já se faz aqui no Brasil em alguns clubes, entre eles o Vasco. Nós temos feito em alguns casos. Já se fazia no Palmeiras, no Corinthians. O Flamengo tem feito. Você está me dando a notícia agora que o Botafogo fez também [em Maicossuel]. É uma coisa que vem para complementar, enriquecer a gama de tratamentos, em função daquilo que a gente tem de obrigação, que é tentar, sempre preservando a saúde do atleta, colocá-lo em condições de treinamento e competição o mais rapidamente possível."
CONTESTAÇÕES
"Todo método tem defensores e não defensores - acusadores, digamos assim. Você vê o seguinte. Quando você opera o ligamento cruzado, quem gosta de usar o tendão patelar diz que o tendão flexor não é bom. Quem gostar de usar o tendão flexor diz que o patelar não é bom. Não há método, tratamento unânime em medicina. Você vai tomar uma aspirina, pode ter uma úlcera, sangrar e morrer. E aspirina é ruim? Não é ruim, mas está lá na bula 'Cuidado com o efeito colateral para quem tem úlcera, gastrite' - porque realmente faz mal. Todo método curativo, terapêutico, tem quem defenda. E tem os efeitos colaterais, que sempre existem. As pessoas que criticam se baseiam nesses efeitos colaterais que eventualmente possam acontecer."
DISPONIBILIDADE
"Não tem nenhuma disponibilidade disso, que eu saiba, na rede pública, e nem nos convênios, acredito eu. Isso não é uma terapêutica que seja autorizada, por exemplo, pelos convênios. É uma terapêutica que se encontra na medicina privada, tão somente, pelo menos por enquanto."
ZAGUEIRO FERNANDO, COM ESTIRAMENTO NA COXA DIREITA, TER FEITO O TRATAMENTO
"Exatamente."
RECUPERAÇÃO
"Não tem milagre em medicina. Você tem que ter um tempo mínimo para que a fibra muscular seja recomposta. A fibra lesada, comprovadamente lesada, por diagnóstico feito, com o diagnóstico de imagem, comprovada pelo exame físico, que é muito importante... Hoje todo mundo se baseia só na ressonância. 'Qual foi o grau? Grau um, grau dois ou grau três?'. É preciso que o jogador, atleta, paciente seja efetivamente examinado. Nós, que somos de uma época em que não tinha ressonância, ultrassonografia e tomografia, entendemos que o exame físico, clínico do paciente, seja ele atleta ou não, é de grande importância. O diagnóstico por imagem - ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética -, são métodos complementares. Se no exame físico, junto com o complemento da imagem, mostra a lesão efetiva, o rompimento de fibras, não há milagre, PRP que dê jeito. Você tem que ter aquele tempo mínimo, de acordo com o grau da lesão, para que ela se cicatrize. O PRP ajuda, evita a fibrose, acelera em 30% o tempo, mas tem que haver o tempo mínimo de recuperação do atleta."
PREÇO
"Não é barato, não. É toda a tecnologia da preparação da centrifugação do sangue, para você retirar. Você tira 60ml de sangue para usar 7 ou 8ml. Esse sangue é centrifugado. Tem toda uma maquinária, preparação desse sangue. Você tira 60ml de sangue, em média, e reutiliza o concentrado em plaquetas, que dá em torno de 7 a 8 ml. Esse sangue é preparado. A preparação disso necessita de uma maquinária, que não é barata. Não acrescenta nada. Você apenas faz um preparado rico em plaquetas do próprio sangue, organismo."
Fonte: NETVASCO