Dorival Júnior comanda a missão de resgatar o Vasco à primeira divisão. Apesar de sua serenidade, põe o dedo na ferida e cobra avanços no clube e no futebol do Rio.
A direção do Vasco sofreu duras críticas de um ex-diretor e, dias depois, o clube foi eliminado das semifinais da Taça Guanabara. Como foi trabalhar a cabeça do elenco com essas "bombas"?
O futebol está convivendo com alguns problemas já há algum tempo. Queira ou não, fazemos parte de um contexto e o Vasco está dentro desse processo. Tivemos vários problemas, que acabaram se acumulando com outros fatos que vinham acontecendo. Somos profissionais e temos que procurar fazer o melhor possível, defender o clube de todas as formas. Tentamos mostrar aos jogadores que ali na frente tem alguma coisa boa que pode compensar todo o esforço deste momento.
Por que aceitou trabalhar no Vasco em um cenário tão turbulento?
Acredito nas pessoas e no que foi me proposto como plano de trabalho. Espero que coloquemos em prática o quanto antes o que foi planejado.
Você sente que ainda falta uma visão mais profissionais aos clubes do Rio?
Existe mesmo uma defasagem e tem que ser revista rapidamente. O futebol carioca tem tudo para ter equipes que sempre abasteçam as seleções brasileiras. Mas realmente essa distância é grande e, em outros estados, os clubes estão mais estruturados que no Rio de Janeiro.
Seu salário foi comentado publicamente durante esses dias. Isso incomodou muito?
Foi um declaração indelicada [de José Roberto Coelho, ex-vice de marketing do Vasco*]. Mas, para mim, não interfere em nada. Transfiro meu trabalho para o campo e tenho certeza de que os clubes que me contrataram ficaram satisfeitos com o que fiz.
Que sensação ficou sobre a perda de pontos no tapetão na Taça Guanabara?
Profissionalmente, foi ruim, em todos os aspectos. É mais um fato que, queira ou não, faz parte do dia-a-dia do futebol. Estamos tentando solucionar alguns problemas internos para ter dias melhores.
Você acha que o Vasco está estruturalmente pronto para uma grande temporada?
Temos que mudar muitas coisas e elas estão acontecendo. Em alguns aspectos, ainda demora a ter uma mudança completa e precisamos acelerar. Dentro de campo, as coisas têm acontecido e o trabalho dos jogadores tem até surpreendido. Espero que mantenhamos essa postura para que daqui a pouco esses fatos todos estejam resolvidos para a equipe ter uma tranquilidade maior.
Espera que o Vasco navegue sem sustos na Série B, como o Corinthians fez em 2008?
Tenho certeza que as coisas serão mais difíceis. Ano passado, o Corinthians chamou a atenção da maioria dos clubes e mostrou que todos terão de estar mais preparados, pois, queira ou não, o Corinthians, pela capacidade que teve e qualidade, se preparou e conseguiu a condição de conquistar o campeonato bem antes do momento mais difícil da competição.
Como você tem avaliado a postura do Carlos Alberto neste início de ano?
Muito profissional em todos os aspectos. Está interessado e tentando melhorar. Ele se entrega nos treinamentos e tem me surpreendido positivamente em todos os sentidos.
O Keirrison, seu jogador no Coritiba, não para de fazer gols. O que mais impressiona nele?
Ele é um jogador iluminado. Sem querer comparar, mas é dos jogadores que aparecem, brilham e têm a luz própria. Do tipo de Romário, Bebeto e Careca. É especial, tem um poder de concentração acima do normal, mesmo em treinamentos comuns. Tenho certeza que ele terá um caminho maravilhoso pela frente se mantiver a postura que teve comigo. É acima da média como definidor.
Fonte: NETVASCO