Timemania muda para evitar que clubes voltem a ficar inadimplentes
Os clubes brasileiros vão ganhar de presente do Ministério do Esporte um novo prazo para o pagamento de suas dívidas com o governo federal, com mudanças na Timemania. Se a partir de abril as agremiações deveriam quitar parcelas fixas, pré-estabelecidas há um ano, com a chamada Timemania 2 os valores crescerão ao longo dos anos até o fim dos débitos.
– O que está sendo estudado é projetar um pouco mais a fase de transição da Timemania, partindo da cota fixa de R$ 50 mil até o valor real da parcela – explicou o ministro do Esporte, Orlando Silva. – Mas não sairia de R$ 50 mil, em março, para R$ 500 mil, em abril.
Pelas regras atuais, a partir de abril os clubes seriam obrigados a pagar o valor integral de sua parcela e não mais os R$ 50 mil previstos no período de transição.
Por exemplo, o Flamengo, com uma dívida de R$ 180 milhões, ao dividi-la por 240 meses (prazo máximo oferecido pela Timemania), pagaria R$ 750 mil – menos o valor arrecadado pela loteria.
– Os prazos para cada clube ainda estão sendo estudados.O objetivo central é o de manter todos adimplentes. Isso é bom tanto para o governo federal, por receber o que lhe devem, quanto para os clubes, que pagam as suas dívidas – disse o ministro do Esporte.
Em visita ontem à redação do LANCE!, o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, Wellington Moreira Franco, aguarda o governo federal mandar para o Congresso a medida provisória que possibilitará as alterações em prol dos clubes. A necessidade de uma nova Timemania ocorreu porque em seu primeiro ano a loteria não arrecadou o montante previsto de R$ 500 milhões. Em 2008, o valor não passou de R$ 113 milhões.
– Os grande clubes estão com dívidas entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões com a Previdência Social, Fundo de Garantia e Receita Federal – observou Moreira Franco. – É absolutamente impossível que se paguem dívidas desse volume com a arrecadação com loteria.
Para estimular o crescimento de apostas, algumas mudanças, como a realização de dois sorteios semanais e aumento do prêmio oferecido aos apostadores, estão previstas para o mês de junho.
O que não funcionou na Timemania
Parcelamento das dívidas
A falta de planejamento e profissionalismo dos clubes os levaram à armadilha financeira.
Preço
A Timemania foi lançada em março ao preço de R$ 2. Na ocasião, um jogo da Mega-Sena custava R$ 1,50.
Arrecadação
Era esperado uma arrecadação anual de R$ 500 milhões, mas o valor totalizou R$ 113 milhões.
Marketing
Apesar de ter o ex-jogador Pelé como garoto-propaganda, foram detectados vários erros na promoção da loteria.
As mudanças na loteria dos clubes
Novas parcelas mensais
Os clubes ganharão novos prazos para o pagamento de suas dívidas. Os valores, antes fixos, serão crescentes com o decorrer do tempo.
Equidade
A Mega-Sena será reajustada para R$ 2. Ambas as loterias terão preço igual.
Aumento do prêmio
Para atrair mais apostadores, a Caixa quer aumentar o percentual das apostas destinado à premiação.
Número de sorteios
Atualmente só ocorre um sorteio, no sábado. Em junho, serão realizados dois ao longo da semana.
Bate-bola
Moreira Franco
VICE-PRESIDENTE DE FUNDOS DE GOVERNO E LOTERIAS CAIXA
Por que a Timemania não emplacou?
O principal jogo das loterias da Caixa é a Mega-Sena. E ele é um produto que é vendido mais barato (R$ 1,75) do que a Timemania (R$ 2). E isso cria um ambiente desfavorável.
O que fazer para melhorá-la?
Primeiro temos de fazer que a Timemania tenha o mesmo preço da Mega-Sena. Vamos passar a fazer dois sorteios por semana e tentar aumentar o valor do prêmio distribuído. Até porque, quando alguém joga, não joga só para ajudar o clube, mas para ganhar uma bolada.
E o reescalonamento das dívidas dos clubes é uma boa solução?
Se não tivermos a medida provisória, os clubes vão voltar a inadimplência anterior a Timemania. Mas, acima desse reescalonamento, é fundamental e indispensável que os clubes comecem a tratar de seus saneamentos financeiros. E isso não se faz só com vontade. Eles precisam contratar pessoas especializadas, que entendam os problemas técnicos.
Fonte: Lance