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NETVASCO - 05/02/2009 - QUI - 01:48 - Coelho anuncia campanha institucional, camisa de R$ 39,90 e 'bus service' Uma das boas coisas do futebol brasileiro nessa fase que vivemos, é a chegada de caras novas na sua linha de frente fora dos gramados.
De norte a sul, literalmente, novos presidentes, novos diretores, novas cabeças, novas ideias. Nem tudo que é novo é garantia de ser bom, isso é claro, mas num ambiente viciado e dominado por velhas e permanentes figuras por infindáveis anos, como é ainda o futebol brasileiro, renovar é muito bom e salutar, e velhas estruturas começam a ser mexidas.
Comentei em dezembro que o Vasco da Gama provavelmente daria força ao marketing, tal como fez o Corinthians desde o final de 2007, e que o clube deveria aproveitar a situação para desenvolver uma série de ações, às quais chamei de “agenda positiva” no clube do Parque São Jorge. O mesmo, na minha visão, aconteceria com o clube de outro SJ, São Januário.
Por isso e pelo desenrolar dos acontecimentos, estava curioso acerca do que anda ocorrendo em São Januário, nesse começo de ano em que o clube disputará a Série B. Minha curiosidade começava, como não poderia deixar de ser, pela entrada em vigor do novo patrocínio vascaíno. E foi por aí que começou a conversa com o José Henrique Coelho, vice-presidente do clube encarregado do marketing. Ele reconhece que o timing foi benéfico ao Vasco, que negociou seus novos e bons patrocínios - Champs e Eletrobrás - antes do aprofundamento da crise financeira mundial.
O contrato com a MRV terminou no último dia de janeiro, mas a Eletrobrás ainda não terá seu nome estampado na camisa. Segundo José Henrique, faltam apenas as certidões federais, para que o contrato entre em vigor, assunto que está sob os cuidados do departamento jurídico do clube.
A expectativa é que essa situação seja resolvida no decorrer desse mês, começando março com a Eletrobrás no peito.
Durante esse mês de fevereiro, o clube vai aproveitar o espaço da camisa para lançar uma campanha institucional do próprio Vasco, cujo tema será conhecido nos próximos dias.
O contrato terminou, mas não a relação amigável, e o clube vem conversando com a MRV sobre novas possibilidades de negócios, inclusive envolvendo a área social, mas, para não fugir à regra dos dias que correm, a empresa recuou um pouco enquanto observa o mercado.
Com a Reebok, como lembram os leitores deste Olhar Crônico Esportivo, o rompimento não foi dos mais amistosos, mas o distrato está no final e o José Henrique espera emitir uma nota comunicando ao mercado o final do contrato sem nenhuma pendência jurídica, um verdadeiro marco em muitos anos, disse-me ele bastante satisfeito com esse desenlace.
O contrato com a Habib’s está em vigor, ainda, e mesmo tendo um porte menor é muito importante para o clube, que já está negociando a renovação buscando nova base financeira.
A Champs está trabalhando nos uniformes para os diferentes esportes do clube, mas a camisa oficial popular não foi esquecida, muito pelo contrário. Junto com o fornecedor, o Vasco espera lançar essa camisa já em abril, na boca do início do Campeonato Brasileiro. “Confecção não é padaria”, disse Zé Henrique, explicando a demora da fornecedora para definir e produzir essa nova peça. O preço continua o mesmo que foi prometido no anúncio do patrocínio: máximo de R$ 39,90 por unidade.
Abrindo um parêntese na conversa com o José Henrique: eu, particularmente, estou esperando esta camisa do Vasco com bastante interesse. Essa é uma antiga demanda não só da torcida vascaína, mas de todas as outras torcidas, pois para boa parte dos torcedores brasileiros é difícil pagar 150 ou 160 reais por uma camisa.Tal como a grande maioria das pessoas, não consigo entender como e porque um clube não tenha camisas populares, oficiais. Se os estádios já são segmentados cada vez mais em função do poder aquisitivo dos torcedores, por que não os uniformes? Essa é uma oportunidade de ouro para a Champs aparecer no mercado em grande estilo… e baixo preço. Torço para que essa camisa venha com qualidade e seja bonita, para vender bem e abrir um mercado que nos faz falta.
E por falar em segmentar estádio, Coelho falou que São Januário está passando por uma reforma que faz parte de um programa mais amplo, que visa proporcionar maior conforto e segurança ao torcedor. Um dos pontos mais interessantes e de maior potencial de renda desse projeto é o “Bus Service“, que permitirá ao torcedor deixar seu carro num estacionamento fora de São Januário, deslocando-se para o estádio num ônibus com ar condicionado, com check in exclusivo para um setor das Sociais.
Na minha visão, essas medidas são interessantes, embora alguns ainda critiquem sua adoção, porque permitem aos clubes melhorar a receita por parte dos torcedores habituais com alto poder aquisitivo e, ao mesmo tempo, aumentar a receita com a adesão do torcedor que tem vontade de ir ao estádio, mas fica em dúvida porque ouviu dizer que o trânsito, que os riscos, que os flanelinhas, que isso, que aquilo. Trazer esse torcedor - e eu vejo isso por conhecidos aqui de São Paulo - significa trazer não uma pessoa, mas sim três, quatro, até mais, pois o jogo passa a ser um programa familiar. Esse é um dos pontos interessantes que podem e devem ser adotados pelos clubes que possuem estádios.
Turista esportivo
Comentei com o Zé Henrique que é comum a torcida visitante queixar-se de ser mal recebida, não só em São Januario, mas em todo estádio brasileiro, praticamente. A ideia da direção vascaína, que vem sendo colocada em prática paulatinamente, é tratar o torcedor adversário como um turista, um turista do esporte, que eu acho que pode bem ser chamado de turista esportivo. Nesse sentido, os funcionários vêm sendo orientados para dispensar aos visitantes a melhor acolhida possível dentro da casa vascaína. A maior questão com os visitantes costuma ser a segurança, o problema maior em toda parte, o que já levou os dirigentes do clube a se reunirem com a direção do policiamento para melhorar a segurança não só de torcedores visitantes, mas da torcida como um todo. Nesse sentido, José Henrique dá grande importância ao comportamento de setores da torcida, que precisarão fazer parte da solução, deixando de ser parte do problema.
Dentro dessa filosofia de receber bem, o Vasco passou a convidar todos os presidentes de clubes adversários a dividirem a tribuna com Roberto e seus diretores, mas somente Márcio Braga atendeu a esse convite, até agora.
É bem verdade que nem todo presidente acompanha o clube em jogos fora de casa, mas os que acompanham e não aceitam esse convite, dão, na minha opinião e somente minha, quero deixar claro, uma certa demonstração de visão estreita e provinciana. Tenho certeza que o próprio torcedor visitante ficaria satisfeito por saber que seu presidente está na tribuna, ao lado do colega anfitrião e seus diretores. Essa é uma daquelas coisinhas esquecidas do futebol, raramente comentadas, mas que tem uma certa importância.
Bem sei que sempre há obstáculos a separar a vontade da realidade, mas gostei de saber dessa preocupação da diretoria vascaína com o visitante de São Januario, o “turista esportivo”. Esse é exatamente o tipo de mentalidade que é bem-vinda no futebol brasileiro.
“Vascaíno de Carteirinha”
Os planos vão além, e dele fazem parte dois projetos para o sócio do Vasco.
O primeiro, que deve entrar em execução rapidamente, ainda em março, visa trazer novos e velhos sócios ao clube propriamente dito, e parte do incentivo será a garantia de ingresso para os jogos.
O outro projeto é mais na linha dos programas de sócio-torcedor, o Torcedor Oficial ou “Vascaíno de Carteirinha“, e nesse caso a direção vascaína olha com interesse os programas desenvolvidos pelo Internacional e pelo Grêmio.
Em troca da contribuição mensal, esse sócio terá benefícios na compra de ingressos e serviços diversos, inclusive dentro do estádio. Fará parte desses benefícios, o acesso ao Clube de Vantagens, com descontos em produtos e estabelecimentos conveniados.
Nem tudo são flores e projetos no mundo de São Januário. Gerar receitas imediatas é, com certeza, o drama maior de Roberto e seus diretores.
A principal verba dos clubes brasileiros, os direitos de TV, foram antecipados quase na totalidade ainda antes da posse. O que sobrou do Carioca, por exemplo, foi o espaço publicitário na televisão, que deverá ser usado em uma campanha para promover o clube, talvez na chamada de novos sócios.
Num quadro como esse, ganha força o que o Zé Henrique me disse no final de nossa conversa, referindo-se à atuação de seu departamento: “O importante aqui é faturar. Somos o departamento comercial do clube, temos que pensar e criar novas formas de faturamento, desde vendendo pacotes de viagens aéreas e rodoviárias para acompanhar os jogos do clube, até a criação dos programas de sócios, passando pelo Bus Service, setores diferenciados e, claro, novos patrocínios onde houver uma brecha.”
Eu sempre acho animador conversar com pessoas que estão trazendo novas ideias e práticas para o mundo da bola brasileiro. É preciso dizer que a atuação dessas pessoas não é fácil, pois esse mundo boleiro é meio avesso a mudanças. O próprio José Henrique diz que profissionais de outras áreas, muitas vezes professores de instituições importantes, encontram dificuldades para implementar projetos, fazer reformas e precisam adaptar-se à velocidade com que cada instituição se move.
Nesse ponto o Vasco da Gama não é diferente dos demais. Mesmo em clubes onde o marketing já tem um espaço maior e reconhecidamente importante, os profissionais da área costumam esbarrar em velhos conceitos e, principalmente, em posições consolidadas ocupadas há muito tempo pelas mesmas pessoas ou grupos.
Aprendi com um velho professor há muito tempo, que mudar a cultura é muito mais difícil que levantar paredes e fazer estradas e isso vale para a sociedade como um todo, em toda parte do mundo.
Com uma boa “agenda positiva” e muita persistência, porém, até mesmo culturas arraigadas são mudadas.
Torço por isso.
Fonte: Blog Olhar Crônico Esportivo - GloboEsporte.com
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