NETVASCO - 03/02/2009 - TER - 11:54 - Eurico, sobre Associação de Amigos do Vasco: 'Sou declaradamente contra'

O ex-presidente do Vasco Eurico Miranda, em participação no programa Casaca no Rádio da última 2ª-feira (02/02), se declarou contrário à recém-criada Associação de Amigos do Vasco:

(O aúdio do programa - do qual o texto abaixo é transcrição fiel - pode ser acessado .)

"Mas eu quero falar do assunto, o assunto aí do momento, dessa chamada Associação de Amigos do Vasco. Eu vou falar de uma forma definitiva em relação a esse assunto. Essa associação que eles tentam criar, com a alegação de que seria para ajudar o Vasco, ela começa mal, em primeiro lugar, por quê? Porque ela é feita fora do Vasco, com a aparência de que é apolítica. Mas os seus componentes são todos ex-integrantes do MUV. Dizendo que ela é apolítica, que ela vem para... E respaldam todas aquelas colocações que eles têm feito em relação ao Vasco. Senão, vejamos. O Vasco teve todos os seus balanços devidamente auditados, teve os seus balanços devidamente aprovados por todos os Conselhos - Conselho Fiscal, Conselho de Beneméritos, Conselho Deliberativo -, devidamente publicados sem qualquer tipo de questionamento formal. Eles vêm com uma alegação antiga, que os balanços do Vasco são fraudulentos. Isso... Cada um pode dizer o que... Tem boca, diz o que quer. Comprovem, provem, e no tempo certo. Eu vou dar apenas um pequeno exemplo. Contas de qualquer município, contas do Estado, contas do Governo vão aos respectivos Tribunais de Contas e são lá questionadas, etc, depois aprovadas ou não. Mas quando o são, são devidamente aprovados. Quando é que alguém pode, depois de uma conta devidamente aprovada, dois, três anos, quatro anos depois, 'Vamos auditar os balanços', 'Vamos auditar a prestação de contas'. Isso tudo foi falado sempre em uma intenção clara de dizer que estava se desviando dinheiro do Vasco, a intenção de atingir a mim pessoalmente. Mas esquecem eles que abstraem a minha figura todos aqueles que participaram e referendaram, principalmente o meu vice de finanças, e que elaborou os balanços, que era o Amadeu Pinto da Rocha, principalmente o meu Conselho Fiscal, o Geraldo Teixeira da Silva, o Antônio Dias de Sá, e todo um Conselho Deliberativo, que aprovou, junto com os beneméritos, e ratificou esses balanços. São também diretamente envolvidos."

"Então quando eles falaram que assumiram que foi o grande erro que eles cometeram. Em vez de fazerem uma transição no Vasco, já que estavam absolutamente despreparados para assumir o Vasco... Em vez de fazer a transição, ao invés de procurar os administradores que lá estavam, para que passassem normalmente as coisas, eles não, a preocupação deles era auditorias, auditorias, vai ter isso, vai ter aquilo. E passam sete meses, não encontram absolutamente nada, porque não tem como encontrar, porque não tem nada para encontrar. E mesmo que o encontrasse, não teria valor absolutamente nenhum, pelo fato de eu já ter aqui informado dos balanços terem sido feitos da forma legal, devidamente auditados, publicados e referendados. O que eles fazem? Não conseguem atingir o seu objetivo, forçam o contador do Vasco, com 31 anos de Vasco, a querer dar uma declaração de que os balanços do Vasco eram maquiados. Isso não acontecendo, mandam o José Luiz embora. Durante sete meses não mandaram um documento sequer para ser analisado pelo Conselho Fiscal. Fazem tudo fora do Vasco, tudo absolutamente fora do Vasco. O presidente do Vasco não faz reunião da diretoria no Vasco. Ele vai se reunir é no escritório do Seu Mandarino, de onde se administra o Vasco. E aí culmina..."

"Eu estou colocando isso tudo, porque aí culmina com essa história feita também fora do Vasco, da Associação dos Amigos do Vasco, que vem com a primeira coisa para colocar o seguinte: 'Nós vamos pagar, com deságio, as dívidas do Vasco, as dívidas qualificadas e legítimas'. O que quer dizer isso? Traduzam isso para mim. Isso quer dizer que aquilo que está no balanço do Vasco não é qualificado e não é legítimo? E aí vem com uma conversa mole de aproximação e de dizer que o Eurico Miranda era bem-vindo. Desde quando eu dou o direito, a quem quer que seja, menos a um cidadão que não tem nada, não tem nenhum serviço prestado ao Vasco, não tem nenhum conhecimento de Vasco? Nunca o vi prestar, durante todos esses anos em que eu lá estive, qualquer serviço ao Vasco. Não dou o direito a ninguém de achar que eu sou bem-vindo no Vasco. Ninguém pode chegar, colocar que eu sou bem-vindo. Não tenho que perguntar a quem quer que seja se eu tenho que participar de alguma coisa no Vasco. Eu tenho por direito. Não é porque eu sou sócio, não. E sócio em todas as categorias. Até a maior, que é a de grande-benemérito. Os serviços prestados que eu tenho ao Vasco não dão o direito de alguém chegar e analisar se eu sou bem-vindo ou não sou bem-vindo no Vasco. Eu tenho o direito de ingressar, tenho o direito de participar. Mas tudo isso eu até relevo, se não visse a má intenção declarada dessas pessoas, porque se na verdade você está buscando alguma coisa, buscando a união de todos para ajudar, por que você quer me apresentar a um prato já feito? Por que você quer me apresentar a uma obra pronta para eu participar? Por que você e vocês - porque você está sendo mero instrumento -, ao elaborar esse chamado Estatuto, que é uma aberração, dessa instituição, não chamaram as pessoas para discutir isso? O que custava? Se vocês tinham o interesse da participação de todos, por que vocês não chamaram as pessoas para discutir de que forma deveria ser? Por que vocês não colocam, se é que é o interesse de unir, se é o interesse de chegar e pensar no Vasco daqui para frente. Por que vocês não chegaram assim 'Vamos fazer, vamos deixar tudo que está para trás como feito, etc, vamos ver o Vasco sem...'. Eles dizem 'Não, eles têm serviços prestados ao Vasco. Mas eles participaram de balanços fraudulentos'."

"Que história é essa, que desfaçatez é essa de querer enfiar um negócio desse? Primeiro, a forma irregular como está sendo feito, porque é feito fora do Vasco. E segundo, coonestar com aquilo que eles estão colocando. Por que o indivíduo, que por determinação já provou que não podia ser vice-presidente jurídico do Vasco, esse Seu Luiz Américo, diz que a dívida do Vasco é de 300 milhões? Quem é ele? Qual é a autoridade para dizer? Então o balanço do Vasco não vale nada? Será que não estão fazendo algo para respaldar as coisas que eles estão cometendo, quando falam em dívida legítima? Dívida legítima, por exemplo, é o Seu Hércules estar cobrando do Vasco, é o Seu José Henrique Coelho estar cobrando do Vasco, que diz que vai retirar a ação? Mas o Seu Luiz Américo, que é quem diz que tem a dívida do Vasco, que é o advogado ali que funciona, porque eles são advogados do Vasco e nas ações contra o Vasco. Você vê a que ponto nós chegamos. Eles são hoje advogados do Vasco e advogados contra o Vasco. Será que é para depois comprar essa dívida, para ratificar essa dívida? E para eles tirarem mais dinheiro do que estão tirando do Vasco de forma indevida."

"Quando eles têm o cuidado de dizer 'Ninguém da administração vai participar'... Como ninguém da administração vai participar? É simples. Fazem o que eles estão fazendo. Um deixa o Conselho Deliberativo, renuncia para poder receber do Vasco. O outro mascara, diz que não é mais vice-presidente, e fica como assessor para receber do Vasco. O outro recebe para continuar vice-presidente, mas recebe através de uma empresa. O outro, o principal, o que dirige, bota os funcionários da sua empresa no Vasco, funcionários seus, que vêm de outros, outras e outras, com poder de direção no Vasco, recebendo dinheiro do Vasco. Os funcionários do Vasco, sem receber há quatro meses. 'Isso não é problema, porque isso está acontecendo com todos'. Mas eles recebem. O deles é sagrado."

"Então nós vamos regularizar as dívidas que eles estão contraindo? Não, não e não. Não vão me usar. E eu alerto os vascaínos: não sejam usados. Não vão me usar. Sou declaradamente contra, porque eu os conheço bem. Eu os conheço bem. Vasco não é BNDES. Lá não se faz... A cada dia tem uma informação diferente. A cada dia a minha revolta é maior. O Vasco não tem vice-presidente de finanças até hoje. O vice-presidente de finanças não podia ser e não tem até hoje. E de repente eu recebo a informação que tem mais um lá do BDNES, que foi indicado. Mas não adianta ser indicado. Estatutariamente, ele tem que ser homologado no Conselho Deliberativo. Eles fazem um reunião do Conselho Deliberativo, mas não têm o cuidado de apresentar quem são os vice-presidentes. O Conselho Deliberativo tem que ratificar. O vice-presidente de finanças obrigatoriamente tem que ser conselheiro. Isso é do Estatuto. Quem está assinando isso?"

"E eles vêm agora com uma associação com toda a transparência, e que é apolítica. Depois eu recebo a informação que vão fazer o lançamento na Associação Comercial. Que apolítica é essa? É tudo o mesmo grupo. É na sede do MUV, em que fazia os jantares, almoços, etc. É o Vasco fora do Vasco. Não e não. Não venham com conversa mole. A grande verdade é que tudo isso - e eu alerto permanentemente isso - é para levar o Vasco a uma situação tal. Insinuam reforma estatutária no Vasco. É para levar o Vasco a uma situação tal, que eles aí vão dizer, até aqueles que não admitem a transformação do Vasco, da entidade que é, para se transformar em uma empresa, vão chegar 'É, nós não temos mais nada a fazer'. Querem colocar o Vasco como insolvente. O Vasco não é insolvente. O Vasco não está insolvente."

"Eu nunca deixei de pagar salário. Eu tinha os mesmos problemas. Composição de dívida, comprar dívida com deságio... Todas as dívidas do Vasco estavam compostas. Outras que pudessem aparecer seriam compostas na época própria. Todas elas estavam compostas. Todas. Eu quero ver é comprar com deságio tributos. Foi resolvido. A Timemania está aí. Está parcelado. E não me venham dizer que fui eu que levei a esse ponto de endividamento com o Vasco. Não, não e não. Fato até este reconhecido na última reunião do Conselho Deliberativo pelo Seu Roberto, quando disse que a dívida não era só dele. Não era dele, não era só minha, mas de administrações passadas. Era de vinte anos. A maior parte da dívida do Vasco vem anterior à minha administração. Está lá tudo para provar claramente. O que eu fiz foi administrar a dívida, reduzir o déficit que nós tínhamos, não acrescer dívida, compor todas elas e pagar algumas, como foram pagas diversas, de gestão anterior, porque a gente, quando assume o Vasco, não é o Vasco daqui para frente. A gente assume o ativo e o passivo. Quando se assume qualquer empresa, é nesse sentido. Não é a história 'Eu não devo mais'. Não, mas até se eles fizessem isso, 'Eu não devo mais e não vou pagar daqui para trás, só vou pagar daqui para frente', o que é um negócio que não se admite... Mas o pior é que eles não pagam a dívida que assumem. A situação hoje do Vasco é uma situação que eles fazem questão de trazer. Essa é uma situação muito clara para mim, igual à que esse cidadão, esse Márcio Braga, quando assumiu no Flamengo, o que falou. Falou igual. 'O Flamengo está falido'. Todas as vezes que eles diziam 'Os clubes estão falidos', tinham a minha reação. Podem estar falidos todos, menos o Vasco, até porque o Vasco tem patrimônio para responder pela sua dívida, coisa que os outros não têm. Podem estar falidos eles, o Vasco não. Mas não levam para a opinião pública esse tipo de colocação, porque essa prática é muito antiga, daqueles que querem comprar. É desvalorizar o que vai comprar, para poder comprar na bacia das almas. Isso é muito antigo. 'A sua casa tem um defeito. Ela é mal situada. Tem aí do lado um negócio que faz muito barulho e não sei o quê'. Para eu comprar mais barato. Eu estou louco para comprar, mas boto uma série de defeitos porque não quero pagar o preço. É isso que eles estão fazendo no Vasco, desmoralizando o Vasco. O Vasco sempre foi absolutamente independente, nunca precisou deles."

Fonte: NETVASCO