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NETVASCO - 18/01/2009 - DOM - 14:53 - Confira entrevista de Rodrigo Caetano ao GloboEsporte.com Aos 38 anos, Rodrigo Caetano deixou Porto Alegre e um clube que ele ajudou a estruturar, o Grêmio, para aceitar o desafio de organizar o futebol do Vasco. Em pouco mais de dez dias no comando do departamento, o dirigente já detectou o que precisa ser feito para que o clube da Colina volte a ser grande. Os primeiros passos passam pela unificação do time profissional com as categorias de base e de uma integração entre os principais setores da instituição.
Em um bate-papo com o GLOBOESPORTE.COM, o executivo do futebol do Vasco afirmou que encontrou no clube carioca uma situação semelhante à do Grêmio em 2005, quando chegou para trabalhar nas categorias. Além disso, a primeira medida tomada pela comissão técnica, junto com o dirigente, foi transferir todo o departamento de São Januário para o Vasco-Barra, onde vão ser realizados todos os treinamentos da equipe comandada por Dorival Júnior.
Quais são as primeiras medidas que você tomou ao chegar ao clube? O que deve ser feito para que o Vasco inicie o seu processo de reestruturação?
O primeiro passo é unificar a gestão do futebol, ou seja, administrar o futebol como um todo, profissional junto com as categorias de base. Essa é uma fórmula que dá certo. Os dois setores andam juntos, na minha opinião. Paralelamente a isso, a melhoria da infra-estrutura do futebol como um todo. Não só a estrutura física, mas também de processos. Temos que ter um maior número de controles, de padronizar os nossos contratos. Vamos precisar de uma interação grande do departamento jurídico com o pessoal do departamento de patrimônio para que o Vasco tenha um horizonte favorável nos próximos meses. O mais interessante é que a curto prazo precisamos montar uma equipe competitiva. É isso o que buscamos nesses primeiros meses. Estamos quantificando o elenco, mas no decorrer do Carioca vamos fazer as análises para, quem sabe, qualificarmos. São várias ações integradas que caminham paralelamente para caminharmos a passos largos rumo à organização.
Você vê diferenças no Grêmio de 2005 para o Vasco que você encontrou agora?
Tem muita semelhança, é uma situação de reconstrução. Há uma necessidade imediata de quantificar, o que não é o modelo ideal. Tínha de estar qualificando o que temos. Como é uma situação atípica, de rebaixamento, de dificuldade, a idéia é montar um elenco visando àquele campeonato que é mais importante. Sabemos que temos um Campeonato Carioca batendo à nossa porta dentro de uma semana, mas a prioridade neste ano é a Série B. O Grêmio teve uma visão de curto prazo, mas estabeleceu projetos e idealizou a longo prazo. Em menos de quatro anos, o time retornou de forma consistente e sólida porque teve projetos que caminharam juntos. O que fez o Grêmio se manter no topo do ranking foi isso. O Grêmio voltou de forma sólida, com a categoria de base forte, com um bom centro de treinamento, com uma boa ferramenta de trabalho, profissionalizou todos os setores do clube. Sabemos qual é o caminho, resta saber se vamos ter forças para cumprir esse desafio.
Hoje, o Vasco conta com um estádio e um centro de treinamento que não é próprio, o Vasco-Barra. Existe um projeto para utilizar a lei de incentivo ao esporte para a construção de um centro de treinamento em Curicica. Até que ponto isso realmente pode acontecer?
São inúmeras as idéias, as sugestões que já surgiram. Não adianta sonhar hoje dizendo que o Vasco vai contratar uma superestrela. Temos de montar um time competitivo porque as competições que temos pela frente nos exigem isso. O que temos de palpável hoje é a ferramenta de trabalho do Vasco-Barra. Sabemos que tem toda uma negociação a ser realizada, que foge da minha alçada, mas é o que se tem.
O futebol profissional do clube treina lá, então vamos fazer as melhorias para tornar essa ferramenta melhor. Em um segundo momento, vamos fazer o projeto para solucionar de forma definitiva tudo isso. Não se consegue imaginar o futebol hoje, do jeito que ele se profissionalizou, e do jeito que se exige desses profissionais, sem ter um espaço para eles desenvolverem a sua profissão. São Januário é espetacular, talvez seja o clube que possua o melhor patrimônio do Rio de Janeiro, mas aquilo lá é o palco do jogo. Aquela ferramenta de trabalho é onde vai ser realizado o espetáculo, o jogo.
Qual é o primeiro passo? Tirar os treinos de São Januário? Isso poderia até preservar os jogadores.
Claro que é a preservação do gramado, do estádio, ter uma rotina de dia-a-dia, sabendo onde será o centro das atividades. Esse é o primeiro passo, não esquecendo da base, que precisa ter um também. Hoje, não seria o Vasco-Barra, que não comporta. O local vai atender o profissional. Estamos em busca de uma solução definitiva para o clube e, se tudo correr bem, isso pode acontecer.
Como você está encarando esse desafio? Algo te surpreendeu ou te deixou assustado?
Há coisas que nem podemos falar. Resolvi aceitar esse desafio por uma questão profissional, pelas pessoas que hoje comandam o Vasco. E quem sabe não contribuir de forma mínima para ver um Vasco forte de novo dentro de dois ou três anos. A marca é forte. Acho que é algo cultural no Rio de Janeiro, mas se pensa que somente a marca, a torcida e a camisa dão resultado dentro de campo. Muito caminha pela formação de atletas, pela melhoria da estrutura física e de uma ferramenta de trabalho para os profissionais que hoje estão aqui. A credibilidade do futebol do Rio de Janeiro precisa ser recuperada para ontem.
Você acha que essa situação por que o Vasco passa em 2009 pode servir de forma positiva para essa re-estruturação?
Às vezes, essa situação por que o Vasco está passando, que todos lamentamos, pode ser algo positivo. O que vejo como sendo positivo é que o Vasco pode ser o primeiro de todos eles a se dar conta de quais diretrizes devem ser feitas aí. Se tivermos força, competência, apoio e condição financeira para isso, o Vasco pode iniciar a sua re-estruturação antes dos outros, justamente por estar passando por esse momento de terra arrasada.
Fonte: GloboEsporte.com
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