NETVASCO - 18/01/2009 - DOM - 06:00 - Há 8 anos o Vasco se sagrava tetracampeão brasileiro
Neste 18 de janeiro a Nação Vascaína comemora os oito anos do inesquecível tetracampeonato brasileiro, conquistado no Maracanã com uma vitória por 3 a 1 contra o São Caetano. Um título cuja importância tornou-se ainda maior porque incluiu o Vasco no seleto grupo dos maiores campeões brasileiros da História, do qual faziam parte apenas Flamengo e Palmeiras, com quatro títulos cada.
O ano de 2000 começou decepcionante para os vascaínos. Foram três decisões perdidas em seis meses: a do Mundial da Fifa para o Corinthians, em janeiro, a do Torneio Rio-São Paulo para o Palmeiras, em março, e a do Campeonato Estadual para o Flamengo, em junho. A única alegria do primeiro semestre cruzmaltino foi a conquista da Taça Guanabara, ganha com uma espetacular goleada por 5 a 1 contra o Flamengo, com três gols de Romário - um episódio que ficou conhecido com o "Chocolate de Páscoa".
Para o segundo semestre, a diretoria trouxe o treinador Oswaldo de Oliveira, então campeão brasileiro e mundial pelo Corinthians. Devido a uma disputa judicial entre a CBF e o Gama, o Campeonato Brasileiro não pôde ser realizado com esse nome e o Clube dos 13 criou a Copa João Havelange, com 114 clubes divididos em quatro módulos.
A estreia vascaína não foi boa: uma derrota por 2 a 0 para o Sport em São Januário. A partir daí foram sete partidas sem derrota até o segundo tropeço, contra o Bahia, na Fonte Nova. No jogo seguinte, uma vitória de virada sobre o Fluminense, por 4 a 3, fez com que o time engrenasse de vez na competição, passando mais sete partidas invicto. Nas últimas rodadas, já classificado, o time relaxou, perdeu mais alguns jogos e terminou a primeira fase em quinto lugar.
O adversário nas oitavas-de-final foi o Bahia, 12º colocado na primeira fase. A vaga foi conquistada com um empate por 3 a 3 em Salvador e uma vitória por 3 a 2 em São Januário, no jogo em que Juninho Paulista fez o milésimo gol vascaíno em Campeonatos Brasileiros. Nas quartas-de-final, Contra o Paraná, campeão do Módulo Amarelo, o Vasco venceu o jogo de ida em casa por 3 a 1 e perdeu em Curitiba por 1 a 0, classificando-se pelo saldo de gols. Caso sofresse o segundo gol nesse jogo o Vasco seria eliminado, pois o regulamento dava um peso maior ao número de gols marcados fora de casa.
Nas semifinais o adversário era ninguém menos do que o primeiro colocado da primeira fase, o Cruzeiro, dirigido por Felipão - que esnobara o Vasco antes do campeonato. No primeiro jogo, uma vitória tranqüila por 2 a 0 (dois gols de Euller) até os 34 minutos do segundo tempo se transformou num frustrante empate por 2 a 2. O resultado, aliado a um desentendimento entre o então vice-presidente de futebol Eurico Miranda e o técnico Oswaldo de Oliveira, acabou provocando a queda deste último e a efetivação de Joel Santana.
Poucos torcedores acreditavam que o Vasco pudesse eliminar o Cruzeiro no Mineirão e se classificar para a decisão. Ainda mais porque empates por 0 a 0 ou 1 a 1 dariam a vaga na final ao clube mineiro. O que ninguém poderia prever, porém, era que entre os jogos da ida e da volta um verdadeiro milagre acontecesse: a virada histórica contra o Palmeiras na finalíssima da Copa Mercosul, em que o Vasco perdia por 3 a 0 e virou o jogo para 4 a 3. Esse jogo memorável encheu o grupo de motivação. O resultado foi uma vitória por 3 a 1 (gols de Juninho Pernambucano, Romário e Euller) em pleno Mineirão, que eliminou o clube de melhor campanha da competição diante de 64.287 pagantes, maior público da Copa João Havelange.
O adversário da final foi o então praticamente desconhecido São Caetano, vice-campeão do Módulo Amarelo que conquistou o respeito de todos ao eliminar, nos play-offs, três pesos-pesados do futebol brasileiro: Fluminense, Palmeiras e Grêmio. O primeiro jogo aconteceu em 27 de dezembro de 2000, no Parque Antártica, e terminou com o placar de 1 a 1, com os dois gols saindo no primeiro tempo. César abriu o placar aos 14 minutos para o time da casa e Romário empatou para o Vasco aos 28.
No jogo de volta, em 30 de dezembro, a queda do alambrado de São Januário após uma briga entre torcedores (acidente que deixou cerca de 170 feridos, três com gravidade) provocou a paralisação da partida aos 23 minutos do primeiro tempo. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu por unanimidade pela realização de um novo jogo.
A partida decisiva foi marcada para o dia 18 de janeiro de 2001, uma quinta-feira à tarde, e teve como palco o Maracanã, que estava passando por obras e teve que ser adaptado às pressas para a "missão". Não houve cobrança de ingresso; os bilhetes - 60 mil, sendo 20% destinados ao time visitante - foram distribuídos em São Januário e em São Caetano do Sul. Dirigentes do clube paulista tentaram dar parte de seus ingressos para torcidas organizadas de Flamengo, Fluminense e Botafogo, mas por motivos de segurança a idéia não foi à frente.
Na entrada dos times em campo, uma surpresa: a equipe vascaína estampava em seu uniforme um vistoso logotipo do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT); era uma retaliação à cobertura dada pela TV Globo ao episódio da queda do alambrado, considerada tendenciosa pela diretoria do clube. Quando a bola rolou, o forte calor não impediu a correria das duas equipes. O Vasco abriu o placar com Juninho Pernambucano aos 28 minutos de jogo e o São Caetano empatou com Adãozinho aos 36. Três minutos depois, Jorginho Paulista fez 2 a 1 para o Vasco, placar que se manteve até o fim do primeiro tempo.
Deste ponto em diante qualquer empate dava o título ao Azulão. Porém, aos sete minutos do segundo tempo, Romário tratou de tranquilizar a torcida fazendo o gol que não só fechou a campanha com chave de ouro como também garantiu sua primeira artilharia num Brasileirão, com 20 gols. Ao fim do jogo, o Baixinho, que fora campeão do mundo pela Seleção Brasileira na Copa de 1994, declarou: "se alguém tiver alguma coisa relacionada a tetra, pode me chamar".
O título da Taça João Havelange em 2000 foi o último com status de Campeonato Brasileiro conquistado pelo Vasco e também pelo futebol carioca.
GALERIA
Juninho Pernambucano
Jogadores comemoram 1º gol
Juninho Paulista, Romário e Juninho Pernambucano
Romário
Joel Santana
Jorginho Paulista
Juninho Paulista
Euller
Júnior Baiano e Viola
Romário e Viola
GOLS EM ÁUDIO (Obs.: Necessita instalação do programa Real Player)