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NETVASCO - 13/01/2009 - TER - 15:21 - Confira trecho do depoimento de Friaça sobre a Copa de 1950

Ele nem deveria ser titular, mas acabou entrando na vaga do lesionado Tesourinha e acabou fazendo o gol do Brasil na decisão da Copa do Mundo de 1950, naquele trágico 16 de julho, em um Maracanã superlotado por mais de 200 mil pessoas.

Friaça fez o gol, sonhou com o título de campeão, mas logo depois entraria no inferno astral que acompanhia todos os jogadores da Seleção Brasileira pela vida a fora. O Uruguai venceu por 2 a 1 (gols de Schiaffino e Gigghia) e traumatizou uma geração inteira (veja o vídeo com um depoimento de Zizinho, os gols da decisão e uma declaração do uruguaio Gigghia no fim deste post).

Albino Friaça Cardoso morreu na manhã desta segunda-feira, aos 84 anos, vítima de pneumonia que provocou um quadro de falência múltipla de órgãos. Ele estava internado no Hospital São José do Avaí, em Itaperuna, interior do Rio, e teve morte confirmada às 9h10min.

Friaça era um dos dois únicos titulares daquela equipe ainda vivos. O outro é o zagueiro Juvenal, que vive em Salvador, doente aos 83 anos, com artrose que o impede de caminhar.

O ex-jogador atuava como ponta-direita e jogou 13 vezes pela Seleção, sendo uma partida não-oficial. O gol marcado na final da Copa de1950 foi único que ele fez com a camisa brasileira, que ainda não era amarela, mas branca.

Natural de Porciúncula, no norte do Rio, ele jogou no chamado Expresso da Vitória, time do Vasco que ficou famoso na década de 1940, conquistou o Sul-Americano de clube, uma espécie de embrião da Libertadores, em 1948, e formou a base da Seleção de 1950.

Ele também jogou por São Paulo e Ponte Preta.

No livro Dossiê 50, o jornalista Geneton Moraes Neto entrevistou todos os titulares daquela decisão. Eles falaram de seus dramas. O texto a seguir é um trecho do depoimento de Friaça, da alegria quase incontrolável ao marcar o gol que poderia dar o título ao Brasil ao desespero da derrota:

"Fiquei andando de noite em volta do campo"

(...) Albino Friaça Cardoso tinha 25 anos, oito meses e 26 dias quando realizou o sonho máximo a joga dores brasileiros de todas as épocas: fazer um gol numa final de Copa do Mundo dentro do Maracanã superlotado. O gol sai logo no primeiro minuto do segundo tempo. O Maracanã enlouquece. Friaça também.

- A emoção foi tão grande que só me lembro de uma pessoa que veio me abraçar: César de Alencar, o locutor. Quando a bola estava lá dentro, ele gritou: "Friaça, você fez o gol!" Naquela confusão, ele entrou em campo e me abraçou. Nós dois caímos dentro da grande área.

Louco de alegria, Friaça só se lembra com clareza do rosto de César de Alencar.

- Passei uns trinta minutos fora de mim. Eu não acreditava que tinha feito o gol. Eu tinha potencial, mas estava ao lado de craques como Zizinho, Ademir e Jair. E logo eu é que fiz o gol.

Se o Brasil precisava apenas de um empate, então o jogo estava liquidado: a Seleção ia ser campeã do mundo.

- Ali nós já éramos deuses - admite Friaça.

Friaça só não poderia imaginar que outras cenas inacreditáveis iriam acontecer ali - além da queda de César de Alencar dentro da grande área, numa explosão de alegria. Consumada a tragédia brasileira, diante da maior platéia até hoje reunida para um jogo de futebol, a dor da derrota desnorteou o autor do gol do Brasil.

- O trauma foi enorme. Vim para o Vasco. Fiquei, em companhia de outros jogadores, andando de noite em volta do campo, ali na pista. O assunto era um só: como é que a gente foi perder com um gol daqueles?



A seleção de 1950, em foto batida para a edição do livro, repetindo as mesmas posições daquele dia da final: de pé, da esquerda para a direita, Barbosa*, Augusto*, Danilo*, Juvenal (único vivo), Bauer e Bigode; abaixados, Friaça** (que morreu ontem), Zizinho, Ademir*, Jair**, Chico* e o massagista Mário Américo*


* Eram do Vasco na época
** Haviam passado pelo Vasco anteriormente

Fonte: Blog Bola Dividida - Zero Hora - ClicRBS (texto), Livro Dossiê 50 (foto)

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