Com apenas 22 anos, Marta foi eleita pela terceira vez seguida a melhor jogadora do mundo pela Fifa. O anúncio ocorreu nesta segunda-feira, em Zurique, na Suíça, durante o Fifa Gala, a festa organizada pela entidade para premiar os destaques do mundo da bola. Marta chorou ao receber o troféu.
A brasileira venceu a disputa contra a compatriota Cristiane, as alemãs Angerer e Birgit, e a inglesa Kelly Smith. Entre os homens, Cristiano Ronaldo superou Kaká e Messi.
- Todo mundo está de parabéns por estar aqui. Todas são vencedoras. é a quinta vez que venho aqui e a terceira que ganho. Mas sempre parece que é a primeira vez (pausa para Marta começar a chorar). Queria agradecer a Deus, aos meus amigos, companheiros. Estou muito feliz - disse Marta, emocionada.
O sinal de que Marta seria a grande vencedora poderia ser visto na distribuição das jogadoras no palco durante a apresentação das cinco finalistas. A craque brasileira ficou sentada no meio de todas, no centro das atenções. Era a única com um vestido mais curto.
Foi a oitava edição do prêmio no feminino. Com a vitória em 2008, Marta se iguala a alemã Birgit Prinz, também três vezes eleita a melhor do mundo, como a jogadora que mais vezes conquistou o troféu. Prinz venceu de 2003 a 2005 e Marta faturou de 2006 a 2008. Marta ainda disputou o prêmio outras duas vezes: a brasileira ficou em terceiro lugar em 2004 e em segundo lugar em 2005.
O sistema de votação e de pontuação para a eleição de melhor do mundo em 2008 seguiu o padrão utilizado nos últimos anos. Participaram do pleito treinadores e capitães de seleções nacionais, que escolheram três nomes cada de uma lista elaborada previamente pela organização do prêmio. As escolhas têm pesos diferentes: cada voto para primeiro lugar equivale a cinco pontos; para segundo, três pontos e um pontinho para cada voto de terceiro lugar.
A estrela brasileira fez um bom 2008, tanto pela seleção conquistando a medalha de prata nas Olimpíadas de Pequim quanto pelo Umea, da Suécia, sendo campeã mais uma vez. Mas ela não vai continuar na Europa. Na última sexta-feira, Marta acertou sua ida para os Estados Unidos, onde jogará pelo Los Angeles Sol. A craque brasileira já marcou 50 gols com a camisa da seleção brasileira, considerando jogos oficiais e amistosos.
A camisa 10 virou, principalmente, uma porta-voz do futebol feminino no Brasil. Fez o esporte ficar mais conhecido e admirado pelo público e cobrou melhorias para as jogadoras no país.
Marta teve uma infância humilde. Ela nasceu em Dois Riachos, cidade pobre com cerca de 11 mil habitantes no sertão de Alagoas, que fica a 187km da capital, Maceió. Os primeiros chutes foram aos sete anos, no leito seco de um dos rios da cidade. Debaixo de uma ponte, com traves de bambu e bola colada com borracha quente, a atacante desenvolveu o talento. O futebol era uma das poucas formas de diversão. Filha de Dona Teresa, que por muitos anos foi zeladora da cidade, Marta ajudava como podia em casa. Vendia feijão em uma feira, picolé pela rua. E usava parte do lucro para comprar equipamentos esportivos.
Aos nove anos ela começou a jogar em um time de futsal da cidade, convidada por um professor de educação física. Marta cursou até a 5ª série. Matava a aula para jogar bola. E acabou abandonando os estudos. Pouco tempo depois ela foi para o CSA, e em seguida, para o Rio de Janeiro, tentar uma vaga no Vasco. Faltou ao primeiro teste. No segundo, conseguiu passar. Por algum tempo morou em São Januário. Quando completou 18 anos, foi convidada a jogar na Suécia, onde estava até a última temporada.
Carteirinha de Marta na Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) como jogadora do Vasco da Gama
A atacante chegou à Suécia em pleno inverno. Com temperaturas em torno dos 15 graus abaixo de zero. Ficou assustada. Mas recebeu todo o apoio do Umea. Ganhou um apartamento pago pelo clube e um salário que usava para ajudar a melhorar a vida da família. Tentou levar a mãe para morar com ela, mas lá não havia "Domingão do Faustão" na televisão. E a idéia foi logo abandonada. As boas atuações fizeram Marta ganhar projeção. O apelido "Pelé de saias" logo surgiu.
Em 2004, foi o destaque do Brasil na Olimpíada de Atenas. E o país ganhava, pela primeira vez, uma medalha de prata no futebol feminino. Ainda em 2004, Marta disputou pela primeira vez o prêmio de melhor jogadora da Fifa. Ficou em terceiro lugar. Em 2005, ela terminou em segundo. A consagração veio no ano passado. Marta era eleita pela primeira vez pela Fifa a melhor jogadora do mundo. Ela chorou, dedicou o prêmio à mãe e pediu apoio ao esporte no Brasil.
Marta foi tetracampeã sueca pelo Umea, sendo eleita duas vezes a melhor jogadora do campeonato. Na última Copa do Mundo, na China, em 2007, a brasileira levou para casa a chuteira de ouro, como artilheira da Copa do Mundo, e a bola de ouro, como melhor jogadora. Ela já quebrou um recorde na seleção. Com dez gols, ela é a maior artilheira do Brasil em Copas do Mundo. Mas a seleção perdeu a final para a Alemanha por 2 a 0. Já nas duas últimas Olimpíadas, a camisa 10 ajudou a seleção a conquistar a medalha de prata.
Apesar de todo o estrelado, Marta ainda é uma pessoa tímida. Adora escutar forró e conversar com os amigos na Internet.
Fonte: GloboEsporte.com (texto, foto), Lance - Coluna De Prima (foto)
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