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NETVASCO - 08/01/2009 - QUI - 20:19 - Mais uma polêmica na arbitragem brasileira

A arbitragem brasileira está mais uma vez em xeque. E agora, a acusação é muito grave e aponta para o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa. Segundo o presidente da Comissão do Futebol do Rio de Janeiro (Coaf-RJ) Jorge Rabello, o comandante da arbitragem brasileira fez propostas indecorosas aos árbitros Djalma Beltrami (RJ), Wagner Tardelli (SC) e Alício Pena Júnior (MG) para que estes saíssem por conta própria do quadro de árbitros da Fifa. A denúncia foi divulgada pelo site oficial da Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (veja aqui).

Em uma carta publicadada no site oficial da ANAF-RJ, Rabello acusa Corrêa de ter pedido a Beltrami que “cedesse sua vaga e seu escudo mediante compensação financeira”.

- Beltrami, Tardelli e Alício saíram da Fifa sem critério. E ainda tentaram persuadir o Beltrami com essa história de apitar até os 46 anos... e sempre em bons jogos. Então... até o sorteio está sob suspeita. Em troca, os três árbitros seriam escalados mais vezes para apitar a Série A. Como o Sérgio Corrêa pode garantir isso se há o sorteio? O pior é que isso já estava decidido faz tempo. O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem chegou a conversar sobre a passagem do escudo da Fifa até com o presidente da Federação do Rio, o Rubens Lopes - diz Rabello.

De acordo com o representante da arbitragem carioca, há um complô do dirigente Sérgio Corrêa para prejudicar os profissionais do Rio de Janeiro.

- Por que tem três árbitros Fifa em São Paulo, três no Rio Grande do Sul e só havia um aqui no Rio. No ano passado tivemos 14 clássicos na cidade. O Estadual é de alta complexidade. Não entendo o critério da Comissão Nacional de Arbitragem. É preciso mais transparência na escolha dos juízes - desabfou o ex- árbitro.

Jorge Rabello questionou o fato de a Comissão Nacional de Arbitragem ter prometido implementar um ranking de juízes e lembrou que até agora ninguém ascendeu ou foi rebaixado nas competições.

- O ranking deveria ser feito para controlar a qualidade da nossa arbitragem. O juiz Fifa teria de tirar, por exemplo, nota 8 nas avaliações. Se fosse mal, seria rebaixado. Isso acontece na Europa. O Pierlluigi Colina apitou a Série B duas vezes porque foi mal na elite do futebol italiano.

Por fim, o presidente da Comissão de Arbitragem do Rio, Jorge Rabello, criticou a realização de sorteios na escolha dos juízes brasileiros.

- Tem árbitro que dá uma sorte no sorteio. Os de São Paulo então apitam mais da metade do que os juízes de outros estados. O sorteio tem de acabar. Começou na Espanha e em Portugal e não existe mais por lá.

Djalma Beltrami confirmou a denúncia.

- Tive o melhor teste físico dos último anos. Quando vi que estava fora, perguntei ao Sérgio Correa o que tinha acontecido. Ele disse que o Ricardo Teixeira tinha ficado muito chateado quando o Leonardo Gaciba foi vetado em um teste físico lá fora (no Mundial sub-20 do Canadá, em 2007). E pediu uma renovação de 30% dos árbitros FIFA. Por isso eu estava saindo. Eu disse que isso era injusto. Aí ele me disse isso de apitar até os 46 anos, bons jogos. Eu disse que estava preparado para parar aos 45 anos mas... tive que acatar - disse o árbitro, que tem 42 anos.

Leia na íntegra a carta de Rabello:

”O escudo da Fifa, que os árbitros tanto almejam, tem preço

O que se pensava poder ser conquistado por qualidades técnicas, por mérito e pela excelência no desempenho de suas funções passou a ser objeto de negociação com estabelecimento de valor monetário para sua aquisição. Tal assertiva é fundamentada pelos fatos ocorridos quando da elaboração da relação de árbitros Fifa. A oferta, feita pelo presidente da CA-CBF para que o árbitro do Rio de Janeiro, Djalma Beltrami, cedesse sua vaga e seu escudo mediante compensação financeira, sendo prometido ao mesmo ficar em um quadro especial até 46 anos - quando o limite máximo é de 45 anos -, com muitas escalas garantidas (pensávamos que era sorteio) para compensar a perda do escudo da Fifa, torna muito robusta a hipótese e possibilidade de que essa vaga e esse escudo já estivessem prometidos a terceiros, também mediante compensação financeira, tamanha a desfaçatez e indignidade perpetradas diante da recusa de Beltrami em ceder à tão indecente proposta. Ignorando a posição do árbitro, da Comissão de Arbitragem da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro e da própria Federação, prevaleceram outros interesses, sabe-se lá se além de normas éticas, e a vaga e escudo Fifa foram arrancados à força do Djalma Beltrami. Tal episódio torna o presidente da CA-CBF inimigo do futebol do Rio de Janeiro, o coloca sob extrema suspeita e deixa dúvidas quanto aos critérios e seriedade da CA-CBF.

Jorge Rabello Presidente da COAF-RJ”


O GLOBOESPORTE.COM procurou por Sérgio Corrêa, mas ele ainda não se pronunciou sobre a denúncia.

Sérgio Corrêa nega irregularidades na saída de árbitros do quadro da Fifa

O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), Sérgio Corrêa, negou em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM que tenha ocorrido qualquer tipo de irregularidade nas saídas dos árbitros Djalma Beltrami, Wagner Tardelli e Alício Pena Júnior do quadro da Fifa.

Nesta quinta-feira, o presidente da Comissão de Arbitragem do Rio de Janeiro (Coaf-RJ) Jorge Rabello, acusou Corrêa de ter pedido a Beltrami que “cedesse sua vaga e seu escudo mediante compensação financeira ”.

O presidente da Comissão Nacional de Arbitragem disse não ter lido as acusações feitas por Jorge Rabello. E afirmou, que depois de analisá-las a partir da próxima segunda-feira, poderá consultar o departamento jurídico da CBF para verificar possíveis medidas a serem tomadas.

Corrêa afirma que em novembro, durante reunião na Granja Comary (Teresópolis), informou aos árbitros que representam o país na Fifa que a Comissão estudava a possibilidade dos juízes que, porventura, deixassem o quadro, pudessem apitar até aos 46 anos - um ano a mais que o limite atual. O presidente da Conaf afirma que isso seria uma forma de reconhecer o trabalho desenvolvido pelos profissionais. E que essa abertura já existe em outros países, como na Inglaterra, onde alguns apitam até aos 48 anos.

- Seria um reconhecimento à biografia deles. Essa previsão ainda não está hoje no regulamento porque primeiro precisariam ocorrer as mudanças. Devemos homologar essa possibilidade em 2009 - afirmou.

Os três excluídos do quadro da Fifa vão ser transferidos para o chamado "quadro especial", criado no ano passado, segundo Sérgio Corrêa, com a finalidade de abrigar profissionais que deixassem o nível máximo da arbitragem, sem prejuízo financeiro.

Corrêa negou ter prometido a Djalma Beltrani que ele "sempre apitaria bons jogos", como foi insinuado por Jorge Rabello.

- Isso não existe. Eles estariam à disposição de acordo com o rendimento deles. Não teriam qualquer tipo de benefício nas escalas em relação aos outros - garantiu.

O presidente da Conaf afirma que a saída do trio do quadro da Fifa foi resultado do projeto de renovação da arbitragem brasileira. Segundo Sérgio Corrêa, se a entrada de três nomes mais jovens não fosse feita (Leandro Vuaden, Ricardo Marques e Wilson Seneme, que volta após ser afastado por problemas físicos), o Brasil teria poucos nomes com a experiência internacional necessária para participar da Copa do Mundo de 2014, que será realizada no país.

- (Wagner) Tardelli sairia em 2009, (Djalma) Beltrami em 2011 e Alício (Pena Júnior) em 2013. Decidimos antecipar a renovação, permitindo que tenhamos mais opções para o Mundial. Caso contrário, chegaríamos em 2014 com apenas três nomes.

Sérgio Corrêa disse considerar natural que alguns fiquem insatisfeitos com as alterações na lista de indicados para a Fifa. Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, Djalma Beltrani disse a sua retirada do quadro "foi um ato covarde"

- É um processo natural de renovação, de mudança, iniciado em 2007 pela CBF. E que pode gerar insatisfação. Mas não podemos agir com o coração. Precisamos quebrar o paradigma de que o posto de árbitro da Fifa é vitalício. Não entendo a revolta.

- Tardelli compreendeu o projeto. Beltrami não reagiu bem à mudança, dizendo que gostaria de ficar - acrescentou.

Sérgio Corrêa negou também ter a intenção de prejudicar a arbitragem do Rio, como reclamou Jorge Rabello.

- Houve uma renovação elevada na arbitragem carioca. Quando o Marcelo de Lima Henrique foi indicado para a Fifa, ninguém falou da entrada dele.

Fonte: GloboEsporte.com

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