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NETVASCO - 31/12/2008 - QUA - 11:01 - Confira a retrospectiva do Jornal dos Sports para o 2008 vascaíno

Uma retrospectiva do ano vascaíno em 2008 é quase um paradoxo. Isso porque, todo verdadeiro torcedor cruzmaltino deseja esquecer essa temporada que acabou levando o Gigante da Colina para a Segunda Divisão. Entretanto, nunca se deve ignorar os erros cometidos, para que eles não se repitam no futuro. E olha que não foram poucos.

Não foi preciso nem esperar o início da temporada regular para observar o primeiro dos diversos erros que levariam o Vasco à tragédia do final do ano. Ao invés de se preparar física e taticamente para o ano que estava para começar, o Gigante da Colina preferiu juntar alguns trocados indo até ao Emirados Árabes para disputar um torneio amistoso. (Nota da NETVASCO: O Internacional também foi a Dubai na mesma época e nem por isso deixou de colher bons resultados.)

O Torneio de Dubai também marcou um fato inédito. Romário assumiu a posição de técnico do elenco cruzmaltino, apesar de ainda ser jogador. Entretanto, fora de forma, o atacante não conseguiu “convencer o treinador” e acabou ficando no banco durante toda a competição. (Nota da NETVASCO: A estréia de Romário como técnico já havia ocorrido em 2007, contra o América do México, pela Copa Sul-Americana. E ele não jogou e Dubai por estar punido pelo STJD por doping.)

Só decepções no Carioca

Com Romário dividindo o comando técnico com Alfredo Sampaio, o Vasco chegou ao Carioca mal preparado fisicamente e o resultado foi a derrota na estréia. Pior que isso, a equipe da cruz de malta foi derrotado dentro do Caldeirão, pelo Madureira. O treinador da vez foi Alfredo Sampaio, já que Romário estava suspenso por doping. Com dois gols do ex-vascaíno Muriqui, o Madureira derrotou o time da casa por 2 a 1. Esse foi o cartão de visitas da equipe vascaína na temporada. Alguma coisa não estava certa.

Aos trancos e barrancos, o Vasco foi vencendo e avançando na Taça Guanabara. Então chegaram os clássicos. No primeiro, derrota para o Botafogo por 3 a 2. Ainda assim, o Vasco foi as semifinais do primeiro turno do Carioca. Chegava a hora de enfrentar o Flamengo. Mas uma vez, um pênalti cobrado por Edmundo decidiria o confronto. E, mais uma vez, em favor do adversário. Logo no início do segundo tempo, o Animal desperdiçou uma penalidade máxima em um momento crucial, quando o jogo estava empatado em 1 a 1. Um gol de cabeça de Ronaldo Angelim selou a vitória do Fla por 2 a 1.

Na Taça Rio o cenário foi o mesmo. Sem conseguir derrotar os grandes rivais, o Vasco não poderia ir muito longe. No segundo turno, o Gigante da Colina perdeu para o Fluminense logo no início. Depois foram dois empates, contra Flamengo e de novo Fluminense, e eliminação nos pênaltis para o tricolor. No fim, a equipe cruzmaltina passou o Carioca 2008 sem, sequer, chegar a uma final de turno. O treinador/jogador Romário deixou o comando técnico sem títulos, logo após o fim do Carioca e iniciou sua aposentadoria. Para seu lugar, foi contratado Antônio Lopes

Copa do Brasil: Outra vez pênaltis, outra vez Edmundo

Enquanto capengava no Carioca, o time da cruz de malta se aproveitava da chave fraca e avançava bem na Copa do Brasil. Um a um, o Vasco derrubou Itabaiana, Bragantino, Criciúma e Corinthians-AL, até chegar às semifinais. Para alcançar a decisão, a equipe cruzmaltina teria que superar a sensação da copa, o Sport-PE, que tinha eliminado nada menos do que Palmeiras e Inter. Valendo-se do mando de campo, o clube de Recife derrubou grandes times do cenário nacional. E, contra o Vasco, a história se repetiu. A Ilha do Retiro ferveu o tempo todo, o clube carioca não resistiu a pressão pernambucana e acabou derrotado por 2 a 0.

Todos já davam a classificação do Sport como certa. No entanto, esqueceram-se que o São Januário também é uma das principais armas do Vasco. Em uma das festas mais bonitas do ano, a torcida cruzmalltina deu show e lotou as arquibancadas da Colina Histórica. Dentro de campo, apreensão durante os 90 minutos até que, já nos acréscimos, Edmundo aproveitou rebote do goleiro e marcou o gol que levou a partida para os pênaltis.

O herói do empate foi rapidamente rebaixado à condição de vilão ao ser o único a desperdiçar uma penalidade na disputa. 5 a 4 e festa pernambucana no Rio. Ao torcedor, ficou a imagem de 2000, quando o mesmo Animal jogou fora o título mundial.

Bagunças políticas, trocas de presidente e, no meio disso, o Campeonato Brasileiro

O Campeonato Brasileiro vascaíno foi marcado por brigas políticas que culminaram na saída de Eurico Miranda da presidência do Vasco, após oito anos de mandato. Durante o início da competição, Eurico e Roberto Dinamite, ídolo maior da torcida cruzmaltina, brigaram judicialmente por causa de fraudes nas eleições anteriores. Dentro de campo, Antônio Lopes era extremamente criticado e o Vasco tropeçava no Brasileirão. Houve a troca de presidentes, no dia 28 de Junho, mas a prometida renovação não aconteceu. António Lopes continuou à frente da equipe e, assim, o Vasco continuou perdendo. Depois de algumas rodadas, a situação ficou insustentável e Lopes foi demitido, na 18° rodada, após perder para o Coritiba em São Januário.

Como o treinador era considerado o maior culpado pelo fracasso vascaíno, todos esperavam uma reviravolta do clube carioca com a chegada de um novo técnico. Entretanto, o escolhido de Dinamite foi seu amigo Tita, que não empolgou nem um pouco a torcida cruzmaltina. Nos jogos que se seguiram, a preocupação dos torcedores se tornou realidade: Novas derrotas e péssimas atuações. O problema crônico do sistema defensivo parecia não ter fim e a camisa 6 simplesmente não tinha dono. No ataque, o jovem Alex Teixeira, de apenas 18 anos, era o encarregado de resolver os problemas, mas não correspondia.

Então vieram as primeiras contratações da Era Dinamite. Chegaram para salvar o Vasco de um desastre maior. Dentre eles, estavam André, vindo do Macaé e o desconhecido Johnny.

Com a demissão de Tita e a chegada de Renato Gaúcho, após a eliminação do do clube na Sulamericana, contra o Palmeiras, um novo ar de esperança soprou nas velas da nau vascaína. Afinal, o treinador já havia salvado o Vasco da degola uma vez, em 2006. No entanto, os cinco primeiros jogos do comandante não foram nada bons. Quatro derrotas, sendo uma para o rival Flamengo e um empate contra o Sport. Assim, a Nau Cruzmaltina se afundava cada vez mais na lama do rebaixamento e, para se livrar da degola, os vascaínos começavam a fazer contas e secar os rivais. A surpreendente vitória sobre o Goiás no Serra Dourada, na 31° rodada, devolveu as esperanças aos torcedores do Vasco. Fazia tempo que a equipe não vencia fora de casa e derrotar o arrumado Goiás dentro de seus domínios foi tarefa complicada para todos. Depois de empatar com o Atlético-PR na Arena da Baixada, o Vasco teria, na rodada seguinte, uma prova de fogo: Além de concorrente direto, o Fluminense trazia lembranças recentes de outros clássicos contra rivais do Rio. Em 2008, nenhum deles havia acabado com vitória cruzmaltina.

Entretanto, a sorte parecia estar do lado do Vasco e, apesar da péssima partida, o time saiu vitória com um gol de Wagner Diniz na segunda etapa. A seqüência de bons resultados continuou com a vitória contra o Santos, mas esbarrou no Mineirão. Apesar do otimismo e da confiança dos vascaínos, o Gigante da Colina não foi capaz de segurar o Atlético-MG e foi goleado. Logo depois, a derrota para o líder São Paulo dentro de São Januário tornou a situação crítica: O Vasco precisaria de duas vitórias nas duas últimas rodadas e, ainda assim, necessitaria de uma combinação de resultados para sair.

Em Curitiba, uma vitória que não serviu de muita coisa. Mesmo com o excelente resultado contra o Coritiba, os adversários diretos também venceram, deixando tudo na mesma. A decisão ficaria para o último jogo: Vitória em São Januário.

Decepção, tentativa de suicídio e Série B

Como já havia se tornado habito, a torcida cruzmaltina lotou São Januário, fazendo sua parte para salvar o Vasco da tragédia. Com os olhos no campo e os ouvidos no rádio, os presentes na Colina Histórica torciam para seu clube e secavam, pelo menos, dois rivais. Dentro das quatro linhas, nervosismo da parte do Vasco e um belo futebol do vitória culminaram no resultado parcial de 1 a 0 para os baianos ao final do primeiro tempo. Longe dali, o Flamengo perdia para o Atlético-PR, tornando ainda mais complicada a situação do time da cruz de malta.

Veio o segundo tempo e a situação não mudou. O Vasco até criou algumas oportunidades, mas nenhuma delas foi aproveitada, tamanho era o nervosismo. Muito bem organizado taticamente, o Vitória explorava bem os contra-ataques e chegaria ao segundo gol no final da segunda etapa. Um a um, os resultados iam colocando o Vasco na inédita segunda divisão. O desespero tomava conta da torcida e começava a faltar lenha no Caldeirão. O choro de Pedrinho simbolizava bem o sentimento de milhões de vascaínos que não podiam acreditar no que viam. Não adiantava nem torcer contra os outros, pois, o Vasco estava sendo rebaixado bem ali, dentro de sua casa.

Após o apito final, a tristeza se transformou em exagero e um torcedor resolveu subir na marquise da Colina Histórica, ameaçando se suicidar. Solidários, os torcedores embaixo tentavam improvisar uma rede de salvamento com bandeiras do clube, enquanto bombeiros persuadiam o rapaz da idéia de se jogar. Talvez, essa imagem simbolize a situação do próprio clube que, mesmo caindo, terá sua apaixonada torcida para ampará-lo lá embaixo e reconduzi-lo para seu lugar de direito. No fim, o silêncio foi substituído por declarações de amor ao clube e, depois de tudo que o Vasco passou em 2008, a Série B será um renascimento.

Fonte: Jornal dos Sports

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