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NETVASCO - 07/12/2008 - DOM - 02:08 - Funcionários de São Januário contam como acompanharão 'decisão'

Muito vascaíno optou por não ver a partida de hoje com medo de o coração não agüentar. Outros dariam tudo para assistir a um dos jogos mais nervosos da história do clube, mas não poderão. Alguns sentirão a angústia de estar dentro de São Januário com os olhos longe do gramado. É o caso de funcionários que irão trabalhar justamente na hora da partida e irão se guiar pelo barulho da torcida.

A vendedora da loja oficial do Vasco Bárbara dos Santos Teixeira, 24 anos, terá um longa jornada de trabalho pela frente.

– É muito tumulto, vou trabalhar em pé até as oito da noite. Só vou conseguir ver alguma coisa quando puder dar uma escapadinha para ir ao banheiro – contou a esperançosa vendedora, que se programou para chegar hoje ao clube em um horário mais cedo do que o habitual, só para passar antes na capela de Nossa Senhora das Vitórias para rezar pelo time. – Está difícil, mas para Deus nada é impossível. Acho que dá para nos livrarmos.

Outro que não terá folga na hora do jogo é o fiscal de arrecadação José Vianna da Silva, 52. Responsável pela bilheteria do clube, ele fará parte da equipe de cinco bilheteiros que venderá os últimos ingressos para os sócios.

– Só vou conseguir ver o finalzinho do jogo. Durante o primeiro tempo estarei na bilheteria e depois tenho que fechar o caixa na tesouraria. Quando acabar tudo, vou tentar ver alguma coisa – revelou o fiscal, que trabalha justamente ao lado de um dos gols do estádio e não escapará de ouvir o barulho da torcida. – Vai juntar emoção, ansiedade e frieza na hora de trabalhar. Quando ouvirmos os gritos da torcida esticamos o pescoço para tentar descobrir o que está acontecendo. Mas estou confiante de que vamos escapar.

A confiança é tanta que, mesmo com o Vasco precisando da ajuda de outros clubes, ele não vai torcer pelo arqui-rival.

– Não vou dizer que irei torcer para o Flamengo, mas vou contar com a possibilidade de eles vencerem. E se acontecer agradecerei a meus irmãos rubro-negros.

O churrasqueiro mais famoso de São Januário também não esconde a ansiedade com a proximidade da partida. Há sete anos trabalhando no restaurante do estádio, Francisco de Assis da Silva, 41 anos, se apega a Deus para não pensar no pior.

– Meu coração está apertado. Não vou dizer que não tenho medo de que o time desça para a segunda, mas tenho fé que o pior não irá acontecer – afirmou o funcionário, que espera ver algum lance da partida pela TV que fica bem longe da churrasqueira.

Com o rosto empapado de suor e falando baixo, De Assis, como é conhecido no local de trabalho, aprendeu a gostar do Vasco graças ao ritual de uns amigos.

– Todas as vezes que eles vinham ao Rio voltavam para o Ceará com uma camisa do Vasco. Sempre achei a camisa bonita e acabei virando torcedor – contou o cearense, que trocou a pequena cidade de Croatá pelo Rio em 1986.

Apressada, a recepcionista Andréia Souza Veras, 23 anos, mal teve tempo para falar do seu sofrimento com o futuro do Vasco. Andando de um lado para outro do salão, a vascaína só parou para dizer que está confiante.

– Vou tentar ver alguma coisa, quando passar em frente ao aparelho de TV, mas tenho certeza de que o dia vai ser muito feliz para os vascaínos.

O garçom Francisco Antônio Peres Pontes, 48 anos, não escapou nas últimas semanas da provocação dos torcedores rivais. Conhecido em vários restaurantes pela antiga paixão rubro-negra, ele virou literalmente a casaca há sete anos, quando foi trabalhar em São Januário.

– Não conhecia o Vasco e passei a gostar a partir do convívio com os jogadores e com os dirigentes – garantiu o garçom, que escorregou quando falou do jogo do seu antigo clube. – Seria bom se o Flamengo ganhasse. Seria felicidade dupla.

Fonte: Jornal do Brasil

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