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NETVASCO - 01/12/2008 - SEG - 02:55 - Torcedores garantem que paixão continua mesmo se o Vasco cair

Paula Bottino, 17 anos, tem poucos registros de um Vasco vencedor. Tinha 11 anos quanto o time conquistou o último título, o Carioca de 2003. Mas carrega no DNA a paixão incondicional pelo clube da Colina. Ontem, fisicamente, estava ao lado da mãe, Márcia Bottino, e de amigas, de frente para uma TV na Tijuca. O coração estava no Couto Pereira, lado a lado com o time, que derrotou o Coritiba por 2 a 0. A vitória não foi suficiente para a equipe se livrar da zona de rebaixamento. O sofrimento, assim, fica para a última rodada, em casa, contra o Vitória. Caindo ou não, ela avisa:

– Não vou abandonar o Vasco. Nunca! O Vasco é a minha paixão – desabafou, emocionada.

Paixão que precisou ser freada por Márcia. O namorado, Marco Túlio, encarou horas de estrada em uma caravana para torcer pelo time na capital paranaense. Paula fez de tudo, mas, sem conseguir convencer a mãe, foi às lágrimas.

– Lá é o meu lugar. O Vasco precisa da torcida, do meu amor – lamentou.

O amor dela pelo Vasco será o mesmo caso a combinação de resultados não beneficie o clube na última rodada. Promete alterar a rotina às terças e aos sábados – dias das partidas da Série B – só para não abandonar o time.

Outra demonstração de afinidade pelo clube está em seus relacionamentos. A mãe entrega que a menina, que está fazendo vestibular para direito, só namora vascaíno.

– Flamenguista não tem a menor chance – diverte-se Márcia.

Divertida, no entanto, não é a situação do clube. Domingo, em São Januário, o Vasco pode escrever a página mais triste de sua história. Paula era uma das cem pessoas que lotaram o Baixo Tijuca na tarde-noite de ontem. O lugar é cercado por sete bares, tradicionalmente lotados por torcedores. Enquanto os outros exibiam no telão o jogo do rival Flamengo, ali virou reduto de vascaínos.

Ao lado de Paula e Márcia, Marcelo Calixto e Rodrigo Soares eram cúmplices na dor. Aos 34 e 27 anos, respectivamente, viveram, pelo menos, momentos de glória do time. Ainda assim, rezavam por um milagre. Antes de a bola rolar, Marcelo entregara os pontos. Rodrigo, não. No intervalo, com o time fora da zona de degola, ensaiaram um alívio. Mas logo caíram na real. Se o time descer, disseram, será um vexame.

– Toda vez que eu discutir com um flamenguista, eles vão lembrar que eu caí para a Segundona. É muita derrota – fez piada com a própria desgraça Marcelo.

Gozações à parte, clubes como Grêmio, Atlético-MG e Corinthians tiveram o apoio irrestrito da torcida na Série B. Rogério da Silva Pinto, de 40 anos, sentado ali ao lado, fez coro. Admite que as brincadeiras serão intermináveis, mas enxerga outros valores na queda. A fidelidade é o principal deles.

– A torcida se aproxima mais do clube para ele voltar (à Série A). Na hora, se o time cair, você fica com raiva, mas depois o amor aumenta. Não vamos abandonar o Vasco – discursou Rogério.

Mesmo vencendo, a situação vascaína continua delicada. Náutico e Figueirense também venceram, mantendo o clube da Colina na 18ª posição, com 40 pontos. Há os que ainda têm fé, mas a maioria analisa o caso de um ângulo menos otimista.

– Só Vasco, Flamengo, São Paulo, Internacional e Cruzeiro não disputaram a Série B. Chegou a hora de o Vasco passar por isso. Mas a queda pode representar uma mudança de mentalidade no clube – enfatizou Átila Lima, outro vascaíno que, no fim, juntou-se a dezenas de outros tantos tristes torcedores com a promessa de amor eterno. Em que divisão for.

Fonte: Jornal do Brasil

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