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NETVASCO - 23/11/2008 - DOM - 09:50 - Dinamite: 'Ainda temos que pagar três meses e o 13º' Corte de despesas, férias coletivas e redução de crescimento.
O dicionário da crise financeira global rompeu a fronteira do mundo corporativo e chegou à beira do campo.
No grande negócio em que o futebol se transformou, os índices Dow Jones e Bovespa têm o mesmo valor das previsões do matemático Tristão Garcia. Além de evitar que o time feche o ano em queda, as diretorias dos clubes buscam soluções para iniciar a próxima temporada em alta.
Calculadora na mão, o presidente Márcio Braga analisa a tabela do Brasileiro e o gráfico de despesas e receitas do Flamengo.
Para chegar à Libertadores e ao título remoto, o time terá que somar pontos. Já no orçamento para 2009, de aproximadamente R$ 160 milhões, a ordem é subtrair, reduzir e cortar.
— Vamos começar a enxugar pelo esporte amador, que é um investimento sem retorno.
Os salários do futebol também serão reduzidos. Sonhos de grandes contratações? Nem pensar — disse Márcio Braga.
Endividado com a União em cerca de R$ 190 milhões, o Flamengo paga por mês R$ 50 mil de parcela graças à renegociação feita pela Timemania.
Em março, o teto limite termina e a prestação subirá para R$ 800 mil. Ao fim do ano, será quase o valor total do contrato de patrocínio da Petrobras (R$ 16,2 milhões), que pode ser reduzido para R$ 14 milhões, porque a estatal anunciou corte de despesas devido à crise mundial e a queda no preço do petróleo.
— Estou renegociando este contrato, que vence em janeiro, pessoalmente com a Petrobras.
O principal é que pretendo fazer uma reforma institucional e mudar o modelo de gestão. Tudo será voltado para o futebol, carro-chefe do Flamengo — declarou Braga.
No Vasco, a Kombi que transporta os funcionários do centro de treinamento Vasco-Barra não é carro-chefe, mas liderava as reclamações na última terçafeira.
Preocupados com o pagamento do décimo-terceiro, que poderá atrasar, os passageiros estavam ansiosos. Enquanto Renato Gaúcho reclamava da bola vazia no treino, o presidente Roberto Dinamite se enchia de esperança ao anunciar um patrocínio de R$ 506 mil mensais com a Champs, marca de material esportivo. O antigo fornecedor pagava R$ 75 mil por mês.
— A situação mundial preocupa o país e o futebol não foge à regra. O clube busca parcerias com as empresas, mas com um pé atrás, esperando o que vai acontecer. Até para comprar um carro está difícil — afirmou Dinamite.
Em queda financeira e na tabela, o Vasco terá apenas o dinheiro da empresa como receita, pelo menos no início do ano.
O rebaixamento não é a única ameaça. Como antecipou a verba a receber de outros fornecedores, o começo de 2009 será humilde, seja na Série A ou B.
Prioridade: arrumar solução para pagar a folha de R$ 2 milhões, entre salários do futebol, funcionário em geral e encargos.
— Esperamos cumprir as nossas obrigações de uma forma bem difícil, porque antecipamos receitas da TV (direitos de transmissão) e do antigo patrocinador. Ainda temos que pagar três meses e o 13º. O único dinheiro que entrou foi o de uma parcela da venda do Philippe Coutinho (meia de 16 anos vendido por R$ 10 milhões ao Inter de Milão) — explicou Dinamite.
O atual presidente aguarda o fechamento do balanço da gestão passada, até junho deste ano, para apresentar números oficiais do déficit. De fornecedor novo, o Vasco sabe qual a camisa será vestida em 2009. Só não dá para arriscar por quais jogadores.
— Não vou trazer nenhum nome de peso e não ter como pagar o seu salário, como aconteceu no início da nossa gestão. Tudo, daqui em diante, será feito de forma equilibrada.
Se fizermos um planejamento adequado à realidade, dá para montar um grande time, mais competitivo, mesmo com toda esta crise — disse.
Ameaçado de prisão pelo Ministério Público do Trabalho pela inadimplência de três meses de salários, o presidente do Botafogo, Bebeto de Freitas, falou economês e confundiu os jogadores. Para quem só entende o movimento de entra-esai na conta, é difícil decifrar “securitização dos ativos para manter fluxo de caixa”. Candidato único à presidência, Maurício Assumpção vai herdar o clube e as dívidas.
— A folha será reduzida de R$ 1,7 milhão para R$ 1,1 milhão.
Temos que ganhar dinheiro com o Engenhão, criando lojas e parcerias com universidades para usar a pista de atletismo. Vamos fechar o orçamento e ver quem será contratado. Mas não iremos além do bom, bonito e barato até ter dinheiro e trazer um destaque — disse Assumpção.
Mesmo protegida há dez anos por um contrato de patrocínio com a Unimed, que hoje seria de cerca de R$ 15 milhões, a saúde financeira do futebol do Fluminense começa a adoecer. O acordo termina em julho de 2009 e Branco, coordenador de futebol e contratado pela empresa, já reclamou publicamente que não está fácil conseguir dinheiro, porque a patrocinadora adiantou todas as cotas. No clube, também ameaçado de rebaixamento, funcionários que não são pagos pela Unimed dizem que estão sem receber há 54 dias.
Fonte: O Globo
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