NETVASCO - 22/11/2008 - SÁB - 08:51 - Felipão elogia Dinamite e Renato e diz que torce para o Vasco não cair

Jamais trabalhou no Rio, tanto como jogador quanto como técnico. Porém, no Vasco x São Paulo de amanhã, o treinador do Chelsea revelou à coluna que torcerá para os donos da casa como se fosse vascaíno. A razão é especial. Um ex-adversário dos tempos de jogador que ele aprendeu a admirar: Roberto Dinamite.

Terça-feira passada, enquanto esperava no Aeroporto de Guarulhos (SP) o embarque de volta para a Londres, entre alguns goles de um café, Felipão explicou essa história direito:

— Joguei algumas vezes contra o Roberto Dinamite e ele sempre mereceu minha admiração porque era um centroavante perigosíssimo e leal. Ao se tornar presidente do Vasco, clube onde fez história como jogador, isso me chamou a atenção. E me fez torcer de coração por mais esse sucesso dele. O Roberto virou uma página no Vasco e tem tudo para fazer história de novo, agora como dirigente. Ele é do bem, educado. Uma esperança de mudança nessas coisas ruins que vejo no futebol brasileiro. Por isso, torço muito mesmo para o Vasco não cair. Roberto não merece isso.

Felipão disse que gostaria de rever Roberto e lhe dar um forte abraço. Lembrou ainda que não são amigos, nem se falam freqüentemente. Mas essa admiração distante faz parte do modo de ser de Felipão:

— Roberto e eu temos um amigo comum, o Jair (Jair Santos), carequinha, que foi preparador de goleiros do Vasco e jogou comigo. O Jair só falava coisas boas do Roberto. A ascensão dele à presidência não é por acaso. Ele sempre honrou a condição de ídolo.

Felipão também não esqueceu de um conterrâneo: o atual técnico do Vasco, Renato Gaúcho.

— Torço também para que o Renato tenha aquela inspiração dos tempos de jogador para comandar o time neste momento. Aquela alegria dele, as boas tiradas, que também empurram os jogadores. O futebol anda muito mal-humorado. Os técnicos andam muito distantes uns dos outros. Tem muito melindre no futebol — opinou.

Felipão recordou também de algo que aprendeu a valorizar desde quando assumiu o Chelsea, em julho.

— Na Inglaterra, depois do jogo, seja qual for o resultado, o técnico do time da casa recebe o do visitante em sua sala, abre uma garrafa de vinho e mostra que o futebol é mais do que um jogo. Dentro de campo, a gente quer ganhar e até discute, mas, quando acaba, existe vida e as pessoas também precisam se respeitar e se relacionar. No Brasil, não se valoriza isso.

O técnico do Chelsea revelou também uma mágoa recente: as queixas de seu sucessor na seleção portuguesa, Carlos Queirós, de que Felipão se recusou a recebê-lo em Londres para passar informações sobre os jogadores.

— Dois dias antes de fazer sua primeira convocação, ele (Queirós) esteve em Londres, mas eu estava de folga com minha família. Não o encontrei. Mas o que ele queria comigo? Deixei tudo, todos os relatórios técnicos e estatísticas na federação. Quando cheguei ao Chelsea, não fui perguntar nada ao Avram Grant, pois estava tudo lá, organizado, como eu tinha deixado na seleção portuguesa para o Queirós. Ficou parecendo que ele quis buscar uma desculpa para algo. Converso com muitos técnicos, troco idéias, mas o que ele falou não tem justificativa.

Felipão se diz fascinado pelo Campeonato Inglês.

Diz que é algo que não existe em lugar algum do mundo em termos de organização e de evolução. E acredita que Robinho tem tudo para ser o melhor jogador do mundo se continuar na Inglaterra. E, sorridente, ainda manda um recado:

— As portas do Chelsea estarão sempre abertas para ele. Tenho certeza de que será o melhor do mundo se se for jogar no Chelsea. Felipão, porém, faz uma ressalva. Conta que o presidente do Chelsea avisou que não há dinheiro para gastar em janeiro, durante a janela de transferências. Contratações, só se alguém sair. Reflexos da crise econômica mundial. Até no campeonato mais rico e organizado do planeta.

Antes de se despedir, o técnico do Chelsea deu autógrafos e tirou fotos com admiradores brasileiros e até mesmo estrangeiros. Mesmo vivendo longe do Brasil, Felipão ainda se empolga com as coisas do futebol brasileiro. E recomendou uma vez mais:

— Boa sorte ao Vasco e ao Roberto! Está escrito, Felipão.

Fonte: Coluna Panorama Esportivo - O Globo