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NETVASCO - 19/11/2008 - QUA - 08:47 - Renato Gaúcho: 'Estou realmente preocupado'

Sentado numa mureta na quadra, perto do restaurante do Vasco-Barra, Renato Gaúcho é a imagem do desânimo. Sozinho, cabeça baixa, ele fica longo tempo refletindo. Reflexão interrompida, mais tarde pelo fiel escudeiro Alexandre Mendes, para assinar numa camisa.

Há tempos, o treinador do Vasco vem mostrando que o riso fácil e a expressão alegre deram lugar a uma fisionomia séria. Aos poucos, a frase “o Vasco não vai cair” foi sumindo e a situação dramática do time no Brasileiro parece ter dado origem a uma inconfundível melancolia. Mas Renato, talvez buscando uma dose de auto-estímulo, garante:

— Não estou desanimado, nem abatido. Estou preocupado com a situação do Vasco no Brasileiro. Fico pensando nisso dia e noite, estou realmente preocupado — confessou.

A situação de Renato Gaúcho não é fácil. Repetindo a frase “eu oriento, mostro o teipe, só não posso entrar em campo”, ele vem deixando claro que seu poder de reação é limitado, como seu time. Num momento crucial como o atual, em que enfrenta o São Paulo com obrigação de fazer no mínimo seis ou sete pontos em três jogos — além do líder, o Vasco joga contra Coritiba e Vitória — não pode contar com jogadores que seriam importantes.

Um deles é o zagueiro Fernando, esperança de dar um pouco de qualidade à frágil defesa, que talvez não possa voltar nem mesmo contra o Coritiba, dia 30, no Paraná.

Fora das quatro linhas, as decisões também não têm sido muito favoráveis. A folga que o time ganhou na quintafeira, após a goleada de 4 a 1, para o Atlético-MG, caiu muito mal em São Januário. Com ironia, torcedores comentavam que estava tudo bem e que o time não precisava treinar.

Quando ele marcou treinamento no domingo de manhã, num fim de semana sem jogo, para refrear o ímpeto noturno dos mais animados, o presidente Roberto Dinamite o convenceu de que seria melhor dar o dia de folga para os jogadores. Para piorar: na segundafeira, em vez de tempo integral, o treino foi somente à tarde. Treino que acabou sendo curto porque foi interrompido pelo temporal.

Quando pôde exigir mais dos jogadores, como nos treinos físico-técnicos de ontem, em dois períodos, o que se viu foi um panorama desanimador. De manhã, então, foi triste.

Num simples treino de centros para o complemento a gol, em velocidade, jogada que pode ser uma arma objetiva contra o entrosado São Paulo, aconteceu um festival de incompetência.

Alguns como Jorge Luiz, Madson, Leandro Amaral, bem fisicamente, acompanhavam as jogadas, enquanto outros se arrastavam em campo. Nas bolas alçadas na área, erros elementares. Baiano, Wagner Diniz, Rodrigo Antônio e Eduardo raras vezes conseguiram acertar o alvo, ou seja: mandar a bola na altura da marca do pênalti. A ponto de Renato reclamar:

— Rodrigo, tá com a perna pesada? Jogou duas bolas rasteiras... Cruza no alto, pô...

Renato tem ou não razão de ficar preocupado?

Fonte: O Globo

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