Netvasco
Clube
Notícias
Futebol
Esportes
História
Torcidas
Mídia
Interativo
Multimídia
Download
Miscelânea
Especial

Busca pesquisar

Celular
FAQ
Orkut
RSS
Twitter
Chat
Vídeos

NETVASCO - 02/11/2008 - DOM - 13:21 - Renato Gaúcho: 'Não voltei ao Vasco para pagar mico'

Assim como a Fênix, personagem da mitologia grega e egípcia que ao morrer entrava em auto-combustão e, tempos depois, renascia das próprias cinzas, o técnico Renato Gaúcho encontrou novamente no Vasco a oportunidade de ressurgir. Recuperado da enxurrada de críticas, rótulos e piadas após perder a final da Libertadores pelo Fluminense, o comandante revela: "Não voltei a São Januário para pagar mico, avisei ao grupo de jogadores que na frente deles não estava parado um manezinho qualquer". Neste domingo, o desafio é no clássico contra o Flu, seu ex-time, às 19h10.

Da mesma maneira como em 2005, o gaúcho mais carioca do futebol brasileiro volta a afirmar que o Vasco não cairá para a Série B, mesmo com um período muito curto para se trabalhar. Além disso, neste bate-papo com a reportagem do UOL Esporte, Renato ainda comenta a relação conturbada com o atacante Dodô nas Laranjeiras, fala sobre seus planos para o futuro, sobre a troca de comando no clube cruzmaltino e sobre o amigo Diego Armando Maradona, agora técnico da Argentina.

Aos 46 anos, mestre quando o assunto é auto-confiança, aquele que um dia foi padeiro em Guaporé, no Rio Grande do Sul, só não comeu o pão que o Diabo amassou porque jamais desistiu de seus sonhos e acreditou em seu potencial. Dono de uma personalidade forte e marcante, Renato desafiou a ordem natural das coisas e não trocou a sua alma pelo sucesso no futebol. E com a mesma ousadia dos tempos de jogador, agora fora das quatro linhas, o homem que afirmar já ter provado para todo mundo que não precisa provar nada para ninguém, diz, na segunda parte desta entrevista, sem pestanejar: "Vou treinar a seleção".

O que o levou a aceitar o desafio de tentar salvar o Vasco da Série B? Te motivou a oportunidade de tentar amenizar um pouco tudo o que aconteceu no Fluminense?

Não tenho de provar nada para ninguém, eu tenho é de fazer o meu trabalho. Tive propostas do Santos, mas nem quis escutar. Eu queria ficar em casa até dezembro. Só que foi um pedido especial do presidente Roberto Dinamite. Mas também quis ajudar esses jogadores. As coisas estão melhorando, porém, o tempo é curto. Cheguei no Vasco e o grupo estava entregue, não tinham forças e, para eles, a Segunda Divisão já era uma realidade. Mas aí entra o lado de quem já foi jogador. Você tem de colocar o cara para correr, trabalhar, jogar, trazê-los para o seu lado. É um esforço tremendo.

Você sente que em um momento complicado como este, em relação aos jogadores menos rodados, eles te enxergam como uma referência muito forte?

A primeira coisa que falei ao chegar no clube foi que na frente deles estava um vencedor, um cara que ganhou 16 títulos como profissional. Se eu não acreditasse em vocês, estaria jogando meu futevôlei. Agora, vocês têm de acreditar em mim. Vocês acreditam em mim? Eles responderam positivamente. Então vamos trabalhar. Não é um manezinho que está parado aqui, e não voltei ao Vasco para pagar mico. Se eu sentir que vou pagar mico, amanhã pego meu boné e vou embora. O meu compromisso com o Dinamite é de boca e vai até o dia 7 de dezembro. Se eu sair, vocês que se virem com outro técnico.

Qual situação é mais complicada, a de 2005 ou de agora?

Depende, tudo é questão de tempo. No início daquele trabalho eu tive de montar um relógio, embaixo d'água e com uma luva de boxe. Tenta lá.

Qual vai ser o gosto de livrar o clube do rebaixamento?

Mais uma vez vai ser um baita trabalho. Aceitei porque escutei muita gente dizer que era o pior time da história do Vasco, que o clube não tem mais salvação. Só que eu vi no rosto de cada um dos jogadores o quanto eles querem sair dessa situação. Vai demonstrar a força de um trabalho e a capacidade do técnico. Neste momento, meu único objetivo é livrar o clube do rebaixamento. É por isso que nem quero pensar neste assunto. Já me vieram com esse papo, mas não quis escutar.

Tem diferença entre o Vasco do Eurico e do Roberto?

Não tenho bronca alguma do Eurico, mas você tem saber levá-lo, tem de saber trabalhar com ele. Se não souber fica complicado. Assim como gosto do Roberto, que tem boas idéias para o clube. São duas pessoas diferentes e trabalho tranqüilamente com eles. Não tenho nada a reclamar dos dois.

No início de sua gestão, a presença do Dinamite foi muito cobrada no clube. A presença do presidente faz mesmo muita falta?

O exemplo sempre tem de vir de cima. Mas até agora as coisas parecem ter melhorado muito, pois sempre fizeram todos os esforços para me proporcionarem todas as condições de trabalho. O Dinamite é uma pessoa que ainda vai crescer muito nesta função.

Renato Gaúcho: "Um dia ganho a Libertadores, o Mundial e treino a seleção"

Um velho e conhecido dito popular diz que "quanto mais alto é o coqueiro, maior será a queda". No entanto, para Renato Gaúcho este dizer representa com muita fidelidade toda a sua trajetória de vida. Homem que gosta de desafios, o técnico bate o martelo e diz com muita firmeza que, dia ou menos dia, estará mais uma vez em uma decisão de Libertadores da América. E, se sonhar não custa nada, Renato mira o seu futuro como técnico à frente da seleção brasileira.

Na segunda parte desta entrevista, o comandante fala sobre a sua melhor passagem pelo Fluminense, revela como é lidar com craques temperamentais como Romário e Edmundo, se considera um profissional que é visto com outros olhos pela crítica e afirma: "O futebol hoje em dia está muito chato".

Muitos críticos apontaram você como o maior culpado pela perda da Libertadores no Fluminense. Como encara isso? Faria alguma coisa diferente?

Eu não cobro pênaltis, mas escolhi os melhores, coisa que qualquer comandante inteligente faria. Só não sou o rei das Américas agora por causa de uma decisão por penalidades. Não faria nada diferente, não foi nada errado. Eu quem pergunto, se é que teve algo de errado, o que fariam diferente. Muitos criticaram o Ygor, mas com ele cheguei à final da Libertadores.

Até que ponto os problemas com o Dodô atrapalharam o seu trabalho?

Quando tem um jogador no grupo que incomoda, ele não incomoda só ao técnico, mas também a engrenagem toda. Tem horas que é melhor o comandante ficar calado para não criar um clima ruim. Coloquei para jogar a equipe que estava melhor para jogar naquele momento. Não era por desmerecê-lo. Depois o escalei em sete ou oito oportunidades e ele não fez gol. Na Libertadores, eu não poderia ter jogado com o Thiago Neves, com o Washington, com o Conca e com o Dodô. Era muita gente sem marcar. O problema do jogador brasileiro, e comigo isso não vai acontecer nunca, é ele se sentir envergonhado por ficar no banco. Na Europa, onde se ganha muito mais, os caras ficam calados. E se abrir a boca é multa.

Mas a insatisfação pública dele incomodou muito?

Ele sabia que o grupo era fechado. Talvez o Dodô tivesse certas mordomias no Botafogo, que comigo não vai ter. Vou sempre tratar todos iguais. Coloquei o Dodô para jogar também, pô. Encontrei um sistema de jogo que deu certo, mas para ele, infelizmente, não foi o ideal. A insatisfação dele era uma coisa de jogador que queria sempre atuar, é uma coisa normal. Pior seria se ele ficasse acomodado. Mas comigo só joga se fizer por merecer.

Após a sua declaração de que o Fluminense brincaria no Brasileiro, o fato ganhou proporções gigantescas. O futebol está chato?

Está, e muito. E a culpa é da imprensa, não é de todo mundo. Tem muita gente que distorce o que é falado, até entende a mensagem, mas faz isso para colocar o profissional contra a torcida por não gostar dele. Se o cara não fala, é mascarado. No Fluminense usei a palavra errada. Em 2007, quando disse que venceríamos a Copa do Brasil e também brincaríamos no Brasileiro, mas com outras palavras, ninguém falou nada. E ficamos em quarto na competição. Mas esse ano algumas pessoas entenderam, enquanto que outras distorceram. Eu jamais iria brincar com uma instituição. Eu quis dizer ficaríamos livre, leve e soltos no Brasileiro.

Você sente que algumas pessoas torcem contra o seu trabalho, o seu sucesso? Existe resistência?

Não digo torcer contra, mas querem criar um tumulto. Querem passar uma informação que não é verdadeira. É a minoria dos jornalistas. Acho que devem querer aparecer. Sei que alguns profissionais poderiam me elogiar muito mais do que elogiam. Não sei porque não o fazem. O Fluminense foi enfrentar o Arsenal, na Argentina. Os caras não conheciam o clube, que agora é conhecido no mundo todo. É pouca coisa? Ou seja, tem de se levar em conta o resultado do trabalho. Se é outro técnico estariam colocando nas nuvens. Mas como é o Renato Gaúcho. Talvez o técnico bom seja aquele que fala bonitinho, manda presentinho para falarem bem dele. Só que o resultado em campo é nenhum.

Na relação técnico/jogador, quem te deu mais problema, Romário ou Edmundo?

Nenhum dos dois. Craque não dá problema, craque é a solução. Quem te pertuba é o perna-de-pau. É você saber lidar com o cara, pois se tira muito mais dele. Eu prefiro sempre lidar com um profissional assim. Tem as suas vaidades? Tem, claro. Mas é questão de saber trabalhar com eles. Disseram que o Romário estava acabado, mas foi goleador do Campeonato Brasileiro aos 38 anos.

O que você achou de o Maradona como técnico da Argentina?

Torço muito, gosto dele, mas eu acho que ele tinha de passar por um clube antes. O torcedor tem memória curta. O trabalho dele na seleção pode ser colocado acima de toda a linda história que ele construiu no futebol. No clube, você vai se fortalecer muito, pois na seleção o primeiro tiro é sempre em você. Porrada ele vai tomar, pode ter certeza. Mesmo vencendo.

Você tem no seu pensamento que ainda leva uma Libertadores como técnico?

Vou, claro. E vou vencer o Mundial de Clubes, além de um dia conseguir treinar a seleção também. Eu sempre penso grande. Posso até não conseguir, mas estarei sempre pensando grande para chegar. Se pensar pequeno, eu sou pequeno. Eu tenho plena confiança no meu trabalho. É por isso que creio que o Vasco vai se livrar do rebaixamento. Faço o jogador acreditar mesmo que ele não acredite. Eu tiro do jogador o que o ele jamais pensaria que poderia render.

Fonte: Pelé.net

índice

Anterior: 13:06 - Volante Ygor, do Fluminense, pode pintar no Vasco em 2009
Próxima: 13:25 - Rodrigo Antônio: 'Neste momento é pensar só nos três pontos'