NETVASCO - 26/10/2008 - DOM - 02:43 - Pinilla afirma que recuperou a alegria de jogar futebol

Sorridente, mas transparecendo uma certa melancolia no olhar, o atacante Maurício Pinilla recebeu a equipe do JB no apart-hotel onde mora na Barra da Tijuca. A tristeza era mais do que justificável. Depois de passar 12 dias curtindo a pequena Agustina, de três anos, o jogador havia se despedido da filha, que embarcara de volta ao Chile. Durante a entrevista, ele não parou de falar da menina. Assumiu que é um verdadeiro pai-coruja. Do tipo que leva a filha ao parquinho e passa horas brincando na praia. Uma imagem bem diferente da apontada antes de sua contratação, quando foi tratado como um playboy incorrigível, que não abria mão das noitadas.

– Dormi todos os dias com a minha filha e tentei aproveitar ao máximo a sua presença. Fui com ela à praia e ao shopping. Ela é muito especial – derrete-se o atacante, que pretende encomendar no futuro mais três e lamenta ficar tão pouco com Agustina devido à distância.

Talvez por isso, Pinilla tenha tatuado o nome da filha em letras garrafais em seu peito para matar um pouco da saudade. Das oito tatuagem espalhadas por seu corpo, outra que chama muito a atenção é uma enorme cruz medieval, que lembra outra: a de malta. Ela intercala os nomes dos pais, Ricardo e Lucia, provando a sua forte ligação com a família. Já no braço direito, um tribal japonês aponta uma veia mística.

– Ela tem um significado espiritual para mim. Tem a ver com a minha forma de sentir Deus – revela o jogador, que, apesar de ser católico e rezar todas as noites, não deixa de usar um colar de proteção contra más energias. – Trabalho com uma guia espiritual no Chile que sempre me aconselha nos momento difíceis.

A proteção extra tem explicação na carreira do jogador, que trocou o Universidad do Chile pela Inter de Milão com apenas 17 anos. Depois de passar por oito clubes europeus, não estourou, apesar dos gols. Os problemas de lesões e, principalmente, uma no menisco, que o tirou da final da Copa da Uefa, quando vestia a camisa do Sporting, o fizeram refletir, sofrer e se aproximar de Deus.

Depois de sua passagem pelo Hearts, da Escócia, pensou até em abandonar o futebol, mas desistiu. Agora no Vasco, parece ter recuperado a paixão pela bola.

– Estas últimas semanas foram as mais importantes da minha carreira. Reencontrei a alegria em jogar futebol e me dediquei ao máximo para entrar em forma. Hoje, eu me sinto em condições de ajudar o Vasco, se o Renato Gaúcho quiser – ressalta o atacante.

Pelo menos nos 20 minutos em que jogou contra o Flamengo, deixou boa impressão. Apesar da implicância do técnico com a sua forma física, não será surpresa se entrar nas últimas rodadas do Campeonato Brasileiro.

Principalmente, porque o jogador, quando atuava pelo Racing Santander, ajudou sua equipe a se livrar do rebaixamento.

– São situações e momentos diferentes, mas nas duas equipes vejo muita união e vontade de superar as dificuldades – analisa. – Se continuarmos assim, o Vasco não vai cair.

Fonte: Jornal do Brasil