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NETVASCO - 01/07/2008 - TER - 02:39 - Pequim 2008: Fabiana Beltrame ganha peso para competir na Olimpíada
Há gente de peso na delegação olímpica brasileira abusando do garfo às vésperas dos Jogos de Pequim. Mais surpreendente ainda é notar que os pecados da gula têm o consentimento de técnicos e confederações. Regime na Vila Olímpica de Pequim, só de concentração absoluta. Para o judoca João Gabriel Schlittler e a remadora Fabiana Beltrame, engordar é preciso e cada dígito a mais na balança pode ser um atalho para o pódio. Com 1,99m de estatura, João Gabriel Schlittler lembra, sorridente, que há seis anos competia entre os juniores na categoria médio (até 90kg). Ano passado, já entre os pesos pesados (acima de 100kg) conquistou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos e o bronze no Mundial do Rio bem mais leve que seus rivais. Mesmo agora, com 114kg e apenas 10% de percentual de gordura, ele sabe que ainda precisa encorpar um pouco mais para lutar em igualdade de condições com seus principais adversários. A conseqüência da nova estratégia se reflete no orçamento doméstico. A mãe, dona Maria Helena, é vista com freqüência incomum em supermercados da Zona Sul: — Lá em casa não dá para fazer compra de mês. É tanta comida que tem de ser compra semanal, para caber na geladeira e nos armários. Dieta de até 11 mil calorias João Gabriel, de 23 anos, enche a boca para afirmar que sua meta é engordar de 4 a 6kg até os Jogos de Pequim. Em números, sua dieta pode ser o sonho de consumo de qualquer glutão. São nove mil calorias em nove refeições quatro vezes por semana e 11 mil calorias nos três dias em que faz atividades aeróbicas. Em termos de comparação, a dieta padrão diária de um indivíduo adulto do sexo masculino, usada como base de cálculos nos rótulos de alimentos, é de 2.500 calorias. — Já acordo tomando um copo de liqüidificador (1 litro) de vitamina de frutas. Mas não uso açúcar. No máximo, mel. Daí por diante, como o dia inteiro, mas em horários marcados — afirma o judoca da Gama Filho. Já Fabiana Beltrame, que vai disputar o single skiff peso pesado em Pequim, não sente a menor saudade dos tempos em que passava fome para manter-se no peso leve (até 59kg). Há dois anos, decidiu mudar de categoria e chegou com relativa facilidade ao peso de 70kg que hoje vê como o ideal. Comia de tudo e na hora de competir sentia falta de massa. Massa muscular. — Estou com 65kg e queria muito chegar aos 70kg. Mas naquela época, quando mudei de categoria, eu estava era gorda mesmo. Parece que o corpo dizia: “Vou absorver tudo porque daqui a pouco essa maluca vai parar de comer de novo”. Mais um pouco e eu afundava o barco — diverte-se a remadora. A compulsão pelos chocolates, por incrível que pareça, está mais sob controle agora. Com 15% de percentual de gordura, ela se concentra nos exercícios puxados para ganhar peso sem flacidez indesejada. — Antes tinha aquele coisa de ser proibido. Estabeleci uma relação bem melhor com os alimentos. Quando você pode abusar, a vontade diminui. Ainda como chocolate, mas raras vezes. Tentação mesmo é um sorvete de torta de limão que tomo no Leblon. Mas o importante é aumentar a quantidade sem perder a qualidade da alimentação — ensina ela, que não tem uma dieta calórica especialmente programada para si, como o judoca, e faz a própria comida no apartamento onde vive, no Humaitá. Fabiana redescobriu o prazer do brasileiríssimo feijão com arroz, mas não abre mão das saladas, sucos de frutas e proteínas de carnes, ovos e queijos brancos. A diferença hoje em dia está nas porções mais generosas. — Desisti de competir no peso leve porque passava muita fome. Mesmo que chegue aos 70kg, ainda estarei abaixo da média entre as competidoras internacionais. A maioria pesa entre 75kg e 85kg. Ganhar massa praticando remo é difícil, porque o trabalho não te deixa inchar. O jeito é fazer muita musculação — explica a atleta do Vasco. Patrocinado por uma rede de pizzarias, João vive situação inversa. Não gosta de doces, tortas ou fast food. Sua impressionante dieta, traçada pelo nutricionista esportivo Breno Moraes, respeita o gosto do judoca. Em contrapartida, não há intervalo maior do que três horas em que ele não esteja mastigando. À noite, por exemplo, o lanchinho (um sanduíche, 1,2 litro de suco e suplementos) após o treino precede em apenas meia hora o jantar, marcado britanicamente para as 22h, com um prato de vegetais variados, três a cinco porções de carne e dez colheres de carboidratos. Comida demais também gera queixas: — Se não ficarem no meu pé, às vezes até esqueço de comer. O maior sacrifício é não perder os horários da dieta. Fonte: O Globo |
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