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NETVASCO - 02/06/2008 - SEG - 02:02 - Landu: 'Quando vi o Edmundo no vestiário, parecia um sonho'

É dançando o carimbó e comendo açaí, tacacá, caruru e pato à Tucupi que Landualdo Gomes dos Santos, o Landu, mata um pouco da saudade da sua terra natal. O filho de Belém mal chegou ao Rio e já descobriu um restaurante nortista em Copacabana, onde delicia-se com os pratos típicos do Pará. Foi entre uma tijela e outra de açaí, prato que ele não abre mão, que o novo atacante do Vasco revelou ao JB que sonha fazer um gol contra o Flamengo em uma decisão. Um sonho que parecia impossível para um jogador que debutou no futebol profissional com 25 anos e que há sete meses vestia ainda a camisa do Remo.

Depois de ser considerado o melhor atacante do Itumbiara-GO, o céu passou a ser o limite. Em apenas cinco meses, a vida deste belenense mudou da água para o vinho.

- Quando vi o Edmundo no vestiário, parecia um sonho – revela Landu, que até novembro do ano passado jogava no Vila Rica, em Cametá, distante nove horas de barco de Belém. - Fiz cinco jogos por lá e marquei os dois gols do jogo que classificou o time para a primeira divisão do futebol paraense. Há cinco meses eu estava num time do interior do Pará e hoje estou no Vasco, o que é quase impossível para um jogador da minha idade.

Mas foi o clube do Remo que o projetou para o futebol. No tempo em que vestiu a camisa azul do mais querido de Belém, o atacante foi decisivo na conquista da Série C e do estadual de 2007, quando marcou o gol que praticamente sacramentou o título no Re-Pa, clássico entre Remo e Paysandu.

Um gol que ficou famoso no Brasil inteiro. Na comemoração, Landu exagerou e chutou a bandeira de escanteio e a bolsa de um fotógrafo.

- Foi o meu primeiro gol no Re-Pa. Fiquei tão feliz que acabei perdendo a cabeça - arrepende-se.

Mas a torcida nem ligou para isso e Landu se transformou em uma lenda em Belém. Prova disso é que o Locomotiva, como é conhecido por lá, tem 1.650 comunidades no Orkut. Mas nem tudo foi alegria na vida deste paraense. Criado pelo pai, já que a mãe morreu quando ele tinha apenas 1 ano e oito meses, o menino cresceu sonhando ter uma vida melhor. Cercado pelo carinho de seu Otávio, que se desdobrou para superar a falta de dinheiro e cuidar bem dos oito filhos, o pequeno Landu cresceu forte e saudável graças ao açaí que ele comia com peixe frito e farinha.

- Em Belém, a criança que nasce toma açaí em vez de beber leite. Este é o meu combustível para fazer gols – diz, bem-humorado.

Nos tempos difíceis em que o pai ficou desempregado, o açaí foi muitas vezes a única refeição da família.

- Na minha casa, muitas vezes meu pai comprava dois litros de açaí para alimentar oito pessoas – conta Landu, emocionado. – Lá o açaí é uma refeição. Uma fonte de alimento barata, saudável e acessível às famílias mais pobres, que são numerosas.

Até completar 24 anos, Landu fazia biscates como pedreiro ou ficava dormindo em casa. Nas horas vagas, era disputado a tapas para jogar pelos clubes da região. Uma época que parece ter ficado de vez para trás.

Fonte: Jornal do Brasil


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