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NETVASCO - 31/01/2008 - QUI - 11:39 - Meninas da escolinha de futebol do Vasco sonham em ser 'novas Martas'

Priciane Silva, de 14 anos, mora no Morro dos Macacos, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Convive diariamente com a violência. A favela é uma das mais perigosas da cidade e são comuns os tiroteios entre traficantes e policiais. Mas a adolescente tem um sonho. Há seis meses ela sai de casa e vai andando até São Januário. São quase duas horas de caminhada e cerca de sete quilômetros pela frente. Tudo para treinar na escolinha de futebol feminino do Vasco.

Priciane é apenas uma das dezenas de meninas que treinam no clube duas vezes por semana. Segunda e quarta-feira, das 16h às 17h. Para se inscrever basta procurar o departamento infanto-juvenil do Vasco.

A professora Marina Rasga comanda as turmas que têm meninas de 8 a 14 anos. Ela lembra que o sucesso da seleção feminina no Pan-Americano e no Mundial da China contribuiu para o crescimento do esporte. Além disso, Marta, duas vezes eleita pela Fifa a melhor jogadora do mundo, começou a carreira no Vasco.

- Todas querem ser uma "nova Marta" - disse.

Marina, porém, admite que para uma jogadora virar profissional o caminho é longo. O preconceito até faz parte do passado, mas ainda falta apoio.

- As meninas precisam ter muita vontade e apoio em casa. É só você pensar que hoje um garoto com 11 anos se jogar bola vai para um clube e ganha uma ajuda de custo. Já uma menina caminha sozinha por muito tempo. Tem poucas opções para treinar e precisa gastar dinheiro para continuar jogando - disse Marina.

No Rio de Janeiro, só há campeonatos para equipes sub-17. Mas mesmo com todas as dificuldades, a procura para treinar no Vasco é grande. Priciane jogava futebol na rua com os meninos. Até que um dia brincava na Funlar, uma instituição em Vila Isabel que cuida de deficientes físicos, e encontrou com a ex-goleira da seleção brasileira Meg. Pouco tempo depois estava em São Januário.

- A Meg me trouxe para treinar aqui. Fiz um teste e passei. Devo muito a ela. Agora sonho ser goleira como ela - disse Priciane abrindo a mochila para mostrar com orgulho uma camisa oficial de goleiro da seleção que ganhou da ex-camisa 1.

Thaína mostra controle de bola Com a ajuda de amigos, ela adquiriu todo o material para começar a jogar. Chuteira, short, camisa. Mas falta dinheiro para ir treinar.

- Só gostaria de ter um cartão de passe de ônibus para não ter que voltar a pé para casa. O treino acaba tarde e tenho medo da violência. Mas vale a pena. Aqui no Vasco ganhei uma oportunidade - disse.

Caroline Ribeiro, de 14 anos, mora na cidade de São João do Meriti. Está há apenas duas semanas treinando no Vasco. Ainda não deu a notícia aos pais. Mas como gasta R$ 10 de passagem para ir e voltar, não sabe se terá condições de continuar.

- Jogo como lateral-esquerda. Gosto muito de futebol, brinco com os meninos lá onde moro. Queria ser como a Marta, mas é muito difícil continuar. Não tenho esse dinheiro. Minha tia me ajuda, mas não sei - disse.

Juliana tem apenas 11 anos e mora no Recreio, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro. Apesar da baixa estatura sonha ser zagueira. Joga há um ano e meio e sente orgulho por ter disputado um torneio no exterior.

- Nunca deu muito certo jogar no ataque. Então resolvi ser zagueira. Sei que a Marta começou a jogar aqui no Vasco e espero seguir o caminho dela - disse.


Meninas da escolinha de futebol do Vasco posam para foto. Ao fundo, a frase clássica: "Enquanto houver um coração infantil o Vasco será importal."


Thaína


Caroline


Fonte: GloboEsporte.com


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