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NETVASCO - 26/07/2007 - 03:05 - Pan 2007: Juarez Santos quer passar experiência para jovens carentes Imagine o que é cruzar com um galalau de 1,85m e 96 quilos disposto a brigar num ambiente lotado de gente sem ter para onde correr. Muitos já passaram por esta experiência desagradável em bailes funks pelos municípios da Baixada Fluminense. Juarez Santos, o sujeito lá de cima, adorava protagonizar confusões sob a batida pesada do ritmo. A sorte dele foi que, ao contrário dos amigos, hoje presos ou mortos, foi salvo pela religião e, depois, pelo caratê, que lhe deu ontem sua primeira medalha de ouro em Jogos Pan-Americanos, na categoria acima de 80 quilos. Os tempos sombrios passaram. Nascido e criado em Nova Campina, bairro de Duque de Caxias, o que Juarez mais quer hoje é passar sua experiência para crianças e jovens de comunidades carentes como aquela em que cresceu. Depois de se tornar um atleta de elite, ele quer descansar, tocar um projeto e depois retomar a vida, agora como um campeão de outra estirpe: — Dedico essa medalha ao pessoal de Caxias, aprendi muito com os professores de lá, onde comecei a treinar — afirmou Juarez, ainda atordoado após a vitória consagradora sobre o venezuelano Mario Toro, por 2 a 0. Como todo atleta que se propõe a atingir um nível de excelência no esporte, Juarez Santos teve de abrir mão de muita coisa para se dedicar exclusivamente ao caratê. Primeiramente, porém, teve de superar um trauma. A morte da mãe, há alguns anos, quase o fez abandonar a paixão que descobriu aos 11 anos. Ficou seis meses sem treinar, mas, depois que se refez da perda, nunca mais parou de lutar e vencer. Foi campeão sul-americano, bicampeão do Odesur, torneio disputado também pelos países das Américas, e simplesmente 12 vezes campeão brasileiro. A julgar pela sua reação no Miécimo da Silva ontem, a vitória no Pan-Americano do Rio superou todas as expectativas: — Queria agradecer a todas as pessoas que me ajudaram, psicólogos e nutricionistas da seleção, aos meus companheiros e a minha família. Órfão de mãe, Juarez vai dividir sua alegria com o pai, João Vitorino, que por conta de um problema de saúde não pôde acompanhar as lutas no local, com a irmã, com quem mora até hoje, em Duque de Caxias, e ao filho Igor, de apenas oito anos, fruto de um casamento que não deu certo mas não lhe traz maiores dores de cabeça. — Ele tá aí dentro, ainda não o encontrei, mas quero ir lá dar um beijo nele agora — disse, durante a entrevista que concedia a um batalhão de jornalistas e quase o fez perder o momento da premiação. Até meses antes do Pan, Juarez dividia a rotina de treinos com o trabalho numa empresa de circuitos internos de TV e alarme, onde respondia pela parte administrativa, e os estudos de educação física na Unisuam, que lhe dá uma espécie de bolsa-atleta. A dedicação ao caratê o fez interromper o sonho de se tornar professor formado, que pretende retomar em breve: — Não deu para continuar na faculdade, de sete matérias em que estava matriculado, só deu para passar em duas. Ontem, antes de derrotar Toro e garantir sua medalha, Juarez venceu o equatoriano Andrés Heredia, o americano Wilian Finegan e o dominicano Juan Valdez, campeão da categoria no Pan de Santo Domingo, em 2003: — Naquela ocasião, fui ao aeroporto levar a equipe. Depois que todo mundo embarcou, fiquei sozinho, meio chateado, mas tive a certeza de que hoje estaria aqui. Na categoria até 65 quilos, o brasiliense Carlos Lourenço ficou com a prata. Ele chegou à final contra o venezuelano Luis Plumacher, para quem havia perdido na fase classificatória, e não resistiu a maior categoria do adversário, campeão mundial em 2004 e vice no ano passado. — Fiz o meu melhor. Deveria ter encaixado alguns golpes. Agora, é olhar para frente — disse Carlos, que se considera carioca por morar no Rio desde os quatro anos. — Meu próximo passo é conseguir competir no exterior. Fonte: O Globo A pancadaria desenfreada dos bailes funks por pouco não impediu que o Brasil conquistasse mais uma medalha de ouro neste Pan. Dono do lugar mais alto do pódio na categoria acima de 80kg do caratê, Juarez Silva dos Santos quase teve o mesmo trágico fim de vários amigos de infância e baderna: - Os que não morreram, estão presos. O esporte é tudo na minha vida. Sei que a minha felicidade de hoje vai ser a de muita gente amanhã, por conta da medalha de ouro - festejou Juarez, que largou as brigas de funkeiros para se converter ao evangelho. Na final de ontem, no Complexo Esportivo Miécimo da Silva, o brasileiro derrotou o venezuelano Mario Toro, por 2 a 0. Juarez se classificou para a final com quatro vitórias. Na estréia, o carioca venceu o equatoriano Andres Heredia (que foi bronze). Na seqüência, bateu o americano Willian Finegan, o argentino Leandro Monzon e o dominicano Juan C. Valdez (outro bronze). - Agora e comemorar e torcer pela equipe. Dedico essa medalha a Deus e ao meu técnico (Carlos Alberto Oliveira) - agradeceu. Natural de Caxias, na Baixada Fluminense, o carateca começou a carreira aos 11 anos, em 1990. Segundo ele, mais como uma simples brincadeira. O primeiro impulso veio mesmo em 1994, quando integrou como reserva a equipe da Bushidokan, que disputou o Campeonato Brasileiro daquele ano. Em 1995, Juarez, abalado com a morte da mãe, quase desistiu do esporte. Entretanto, o técnico Carlos Alberto Oliveira, que o treinou no início da carreira, o convidou para disputar alguns campeonatos, pela mesma Bushidokan, depois de uma parada de seis meses. Após conquistar alguns títulos estaduais, em 1999 Juarez foi chamado a integrar a equipe do Vasco, conquistando o tricampeonato brasileiro pelo clube cruzmaltino. De São Januário, o carateca chegou à Seleção Brasileira, onde está até hoje. Foram títulos importantes: tricampeão brasileiro (99, 2000 e 2001) e de Jogos Sul-Americanos e Pan-Americanos da modalidade. Fonte: Lance Excluídos dão ao país 3 medalhas Não-olímpico e sem Lei Piva, esporte recebe ajuda de custo para atuar no Rio Caratecas faturam dois títulos e uma prata e vêem presidente da confederação dizer que entrega o cargo se não faturar mais um ouro No Pan, evento que é tido como vestibular para o Brasil receber uma Olimpíada, coube ao caratê, esporte não-olímpico, o papel de única modalidade de disputas individuais em que o país disputou 100% das finais até o momento. Ontem foram dois ouros, com Lucélia de Carvalho, 29, e Juarez Santos, 28, e uma prata, com Carlos Lourenço, 22. Foi o terceiro título da carateca em Pans, um recorde na história do país nos Jogos. Como a confederação de caratê não conta com ajuda da Lei Piva, que destina recursos de loterias a modalidades olímpicas, a entidade recebeu ajuda de custo do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para preparar a equipe para o Pan. "Não viemos em aventura", declarou Edgard Ferraz de Oliveira, presidente da confederação, antes de narrar como negociou recursos com o COB. "No ano passado, pedi apoio a eles. Fui aos dirigentes do comitê e falei: "Se o caratê não der ao menos três medalhas de ouro, no dia seguinte ao fim do torneio, entrego minha carta de demissão da confederação." Confiante, Oliveira disse ainda que, se o Brasil não ganhar ao menos um ouro nas três categorias em disputa hoje, ele entrega sua carta de demissão à reportagem. O dirigente preferiu não comentar as dificuldades de custeio do esporte: "Não vamos cantar miséria, caminhamos com nossas próprias pernas". Mas o técnico José Carlos Gomes de Oliveira lembrou, por exemplo, que os três psicólogos, dois nutricionistas e o preparador físico da seleção brasileira trabalham voluntariamente para o time. Como ele e o presidente da entidade, os atletas deixaram o Miécimo da Silva otimistas para os outros dias de disputa. "A torcida empurrou, vim bem concentrado, e o resultado está aí. Todos da equipe estão bem e com chances de medalha", disse Santos, dono de "12 a 15 títulos brasileiros". Ele contou que só passou em duas das sete disciplinas do curso de educação física porque priorizou os treinos do Pan. MODALIDADE QUER SER OLÍMPICA O técnico José Carlos Gomes de Oliveira, vice-campeão mundial em 1995, afirmou que o caratê é o quinto esporte mais praticado no mundo e que isso é um forte argumento para tentarem emplacar o torneio nos Jogos Olímpicos de 2016. "É uma questão política, porque já há muitas lutas nos Jogos", diz ele. Segundo sua avaliação, a modalidade foi prejudicada pelos "mais de dez" diversos estilos e federações de caratê que havia. Fonte: Folha de São Paulo |
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