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NETVASCO - 26/05/2007 - 05:40 - Martín García passou por drama familiar na Colômbia

Acostumado com as guerrilhas na Colômbia, Martín García chegou ao Vasco há três semanas e não se impressionou com o recente confronto entre policiais e traficantes numa favela do Rio. Quando completou 18 anos, ele perdeu o pai, assassinado enquanto trabalhava em uma fazenda de Jamundí, a alguns quilômetros de Cali. De origem humilde, assim como Romário, o colombiano de 26 anos substitui o artilheiro amanhã, em Recife, contra o Náutico, pela terceira rodada do Brasileiro.

O assassinato do pai, possivelmente por guerrilheiros, foi um divisor de águas na carreira do colombiano.

— Apesar de ter apenas 18 anos, aprendi a olhar o futebol com mais responsabilidade, porque me tornei o responsável pelo sustento de minha mãe e irmã — disse.

Martín lamenta que, assim como no Brasil, a população das regiões mais pobres da Colômbia são as mais afetadas pela violência urbana.

— Sou de uma família muito pobre. Minha mãe era professora e meu pai, fazendeiro. Se não fosse o futebol, não sei onde estaria. O Romário sempre foi um grande exemplo para mim, por causa de suas origens — afirmou.

Romário também é inspiração dentro de campo. Tanto que o atacante, motivado pelo milésimo, resolveu contar seus gols. Com bom humor, ele sabe que ainda está muito longe de igualar o feito do ídolo.

— Falta muito para o milésimo. Tenho 92 ou 95 gols. Acho que nem o centésimo sai em breve — brincou.

Martín iniciou a carreira em 1992 no América de Cali. Jogou em diversos times da Colômbia, como Millonarios, Deportivo Tuluá, Envigado e Independiente Santa Fé. Estava no São Caetano antes de vir para o Vasco. Apesar do pouco tempo na cidade, já começa a incorporar o espírito carioca:

— Aluguei um apartamento em Ipanema, na Visconde de Pirajá. É lindo demais e bastante descontraído.

Mesmo morando perto da praia, ele tem tido pouco tempo para freqüentar as areias do posto nove. Sua rotina limita-se aos treinamentos, na maior parte da semana em tempo integral. Tanto trabalho rendeu a estréia no time com menos de um mês no clube e lhe deu confiança:

— Em um time como o Vasco, sempre pesa a responsabilidade. Não é porque vou entrar no lugar do Romário.

O time que enfrenta o Náutico é o mesmo que venceu o Sport, no último domingo. Exceto no ataque. Artilheiro do Vasco com três gols em dois jogos, André Dias afirma que não haverá problema de entrosamento com o colombiano.

— O Martín é forte, aguerrido. Se ele ficar na área, segurando os zagueiros, eu me posiciono pelos lados. Em certos momentos, podemos trocar esta movimentação — afirmou André Dias.

Para o treinador Celso Roth, a entrada de Martín García dá mais poder ao ataque.

— Ele tem velocidade e excelente força física. O Vasco ganha força para este jogo. Martín e André Dias poderão colocar em prática a marcação no campo do adversário, que temos treinado — explicou.

Se depender de Martín, o que foi treinado durante a semana será colocado em prática sem grandes problemas.

— Para mim, não tem bola perdida. Sou um jogador que dá combate. Aos poucos vocês verão minha forma de jogar e poderão me avaliar — disse.

Mas a titularidade de Martín expira no próximo domingo, quando Romário volta ao time no clássico contra o Fluminense, no Maracanã. Habituado às batalhas da vida, ele garante que terá paciência até receber uma nova chance:

— Na minha vida, nada foi muito fácil mesmo.

Fonte: O Globo (texto), O Dia (foto)




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