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NETVASCO - 09/02/2007 - 15:57 - Processo da família de Dener contra o Vasco já dura 13 anos

Enquanto aguarda o desfecho da ação que moveu contra o Vasco para receber o que Dener tinha direito, a viúva Luciana sofre com outra ação na Justiça, movida pelo condomínio do prédio onde mora, na capital paulista, em um apartamento deixado pelo jogador. Ela não consegue pagar as despesas desde 1995 e pode ser despejada, além de ver o imóvel leiloado.

- Se o Vasco não me pagar antes e eu for despejada, para onde vou? Terei que montar uma barraca na entrada de São Januário para morar com meus filhos? Só não estou em uma situação pior porque tenho uma família que me ajuda. Não estamos passando fome, mas precisamos deste dinheiro - explica a viúva.

Luciana tem como renda uma pensão de R$ 800 do INSS. Trabalhava em uma loja de telefonia celular, mas esta fechou e ela ficou sem emprego. Dificilmente consegue um trabalho em tempo integral, pois não tem como pagar alguém para cuidar das crianças. Além de David, Felipe e Matheus, filhos de Dener, Luciana tem mais uma filha, Bárbara.

Alguns amigos de Dener chegaram a ajudar Luciana financeiramente, como Edinho, filho de Pelé, e Tico, ambos ex-jogadores. Mas até dos amigos ela precisou se afastar. Diz que sua vida particular foi muito explorada, inclusive com informações falsas.

- Eu era muito amiga da esposa do Edinho, e ainda sou, mas não podemos nem nos falar, pois inventaram que eu tinha um caso com ele. Quando fiquei grávida da Bárbara, não pude sair de casa para fazer o pré-natal, pois sempre havia jornalistas na minha porta. A minha vida e as fofocas que criaram passaram a ser mais importantes que a ação que movo contra o Vasco - desabafa Luciana, que relutou em receber o GLOBOESPORTE.COM por ter traumas da imprensa.

Entenda o processo contra o Vasco

Dener tinha apenas 23 anos quando deixou saudades na torcida do Vasco. Mas apesar de ter dado alegrias ao clube, o retorno para a sua família é só de tristezas. A esposa Luciana até hoje tenta receber uma indenização do clube, sem sucesso. Entenda como o caso começou e acompanhe suas etapas, até os dias atuais.

Após a morte de Dener, em 19 de abril de 1994, em um acidente de automóvel na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, descobriu-se que o Vasco não fez o seu seguro de vida, que seria obrigatório. Luciana e os três filhos - Dênis, Felipe e Matheus - seriam os beneficiários. Mas como não havia o seguro, a família entrou com uma ação por direitos trabalhistas contra o Vasco em que exigia a indenização de US$ 3 milhões.

Na época e até agora, o Vasco não reconheceu Luciana como familiar do jogador. Na ocasião, o clube pagou US$ 90 mil para a mãe de Dener, Vera Lúcia, referente aos prêmios por conquistas. Além de Luciana, a Portuguesa também entrou com uma ação contra o Vasco, por Dener ser seu patrimônio. Com o clube paulista houve acordo, e o Vasco pagou US$ 3 milhões, em três parcelas. Mas seguiu sem reconhecer Luciana.

A ação movida por Luciana está até hoje sem desfecho. Começou em 1994, em São Paulo, na 20ª Vara do Trabalho. O Vasco perdeu e recorreu no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), em 1995. Foi derrotado no ano seguinte e recorreu ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) de Brasília. Perdeu o recurso em 2000. Mas, apesar de todos os ministros terem considerado que o clube deveria pagar a indenização, uma ministra considerou que o valor pago dos prêmios para a mãe do atleta deveria ser descontado do montante de Luciana. Com isso, o Vasco começou a entrar com embargos (são medidas protelatórias, mas que não podem mudar a decisão). O clube já perdeu vários embargos, tem um em vigor no momento e ainda pode entrar com o último.

O caso ainda teve um desdobramento paralelo: quando Luciana ganhou em segunda instância no TRT, entrou com um novo processo para que o valor da causa fosse atualizado por um perito. Ele avaliou em R$ 12 milhões. O Vasco não concordou. Com isso, foi determinado que o clube comprovasse em 10 dias qual deveria ser o valor. Mas o Vasco não fez isso. O caso se arrastou por um ano. O advogado de Luciana conseguiu carta precatória executora, que levou até a Comarca do Rio, e o Vasco deveria pagar, em 48 horas, um valor que já chegava a R$ 15 milhões. Hoje, está em R$ 16 milhões.

O juiz expediu o mandado pedindo o pagamento em 48 horas ou a penhora de bens, rendas de jogos e cotas de TV, entre outros. Como o Vasco não pagou, deveria ser cumprida a sentença, determinando que 30% dessas rendas entrassem direto para Luciana todo mês.

O Vasco entrou com um pedido na Justiça do Trabalho do Rio dizendo que não poderia destinar 30% de suas rendas, pois existe um ato na Justiça carioca que só permite aos clubes pagarem 10% em qualquer dívida judicial. Porém, o clube não tinha aderido a esse ato, mas o fez na época e a juíza do Rio aceitou, mesmo com a adesão depois da sentença de 30%.

Luciana entrou então em uma lista de credores do Vasco. O processo funciona da seguinte forma: todo mês, o clube destina 10% de seus rendimentos para um fundo, comandado por um juiz centralizador, que divide a quantia entre todos os credores. Mas Luciana nunca recebeu nada por este método por dois motivos: primeiro, porque o valor a receber é muito maior do que os dos demais credores, o que a deixou no fim da lista. Mesmo assim, ela não pode receber, porque o caso ainda está em caráter provisório em Brasilia. Só quando esgotarem todos os embargos a esposa poderá receber algo pelo fundo.

Vasco procurou advogado de Luciana em 2006 e nega que tenha pedido sigilo no caso

Já são quase 13 anos desde a morte de Dener, e o caso movido pela família do jogador contra o Vasco ainda está sem desfecho. O clube diz não reconhecer Luciana como esposa de Dener, mas no fim de 2006 fez uma proposta de acordo para seu advogado, Renato Lima Menezes, em que sugeriu o pagamento de R$ 3 milhões de uma dívida que está em torno de R$ 16 milhões.

Só que Luciana não receberia a quantia de uma vez só: sairia de acordo com uma divisão entre os credores do clube, que destina 10% de suas rendas para um fundo, controlado por um juiz centralizador. Ou seja, Luciana teria na mão o valor de R$ 3 milhões em parcelas menores.

Luciana e o advogado consideraram a proposta ofensiva e vergonhosa, e não aceitaram. Renato acrescenta que Paulo Reis, vice jurídico do Vasco, que fez a oferta, pediu que eles não comentassem nada com a imprensa.

- O Paulo me ligou oferecendo R$ 3 milhões para desistirmos da ação em Brasília. Mas a Luciana teria que entrar na divisão geral de credores. Isso é um absurdo. Não aceitamos e ele me pediu sigilo - afirma Renato.

O dirigente do Vasco nega que tenha feito a solicitação, mas admite ter levado a proposta ao advogado de Luciana.

- Realmente, há mais ou menos um ano lembro de ter tentado um acordo com um advogado. Não sei se foi esse Renato, ela já teve muitos advogados. Mas claro que não teve nada de eu pedir para não ser divulgado. Até porque se o Vasco fizer um acordo tem de declarar publicamente quanto está pagando - rebate Paulo Reis.

Paulo Reis tentou acordo, mas Vasco não reconhece viúva

Quando Dener morreu, em 19 de abril de 1994, com apenas 23 anos de idade, deixou a esposa Luciana Gabino e três filhos: Dênis, Felipe e Matheus. Mas o Vasco, clube que o atleta defendia, não reconhece a viúva como sua família. Ela briga na Justiça há quase 13 anos para receber uma indenização hoje em torno de R$ 16 milhões, chegou a ser procurada pelo vice júridico do clube, Paulo Reis, para um acordo, mas a situação permanece.

- Como o Vasco não me reconhece e liga para propor um acordo? Na época em que jogava no clube, o Dener, inclusive, solicitou a mudança para um apartamento maior, para acomodar a família, e esse local era pago pelo Vasco. Eles sabiam que eu e meus filhos existíamos. Mas logo quando o Dener morreu, o Eurico Miranda (presidente do Vasco) foi ao apartamento em que estava com a minha sogra e falou apenas com ela. Ignorou a minha presença - acusa Luciana.

O vice jurídico do Vasco confirma que o clube continua sem reconhecer Luciana como familiar do jogador, apesar de ter admitido o contato com seu advogado. Mas diz estar disponível para um acordo.

- Não a reconhecemos como nada porque ela não era casada com o Dener. Nunca deixamos de reconhecer a mãe do jogador - rebate Paulo Reis.

Tímidos, filhos não falam do pai

Enquanto Luciana tenta receber, através da Justiça, os direitos trabalhistas do marido Dener, morto em um acidente de carro em 1994, os filhos Dênis, de 17 anos, Felipe, de 14, e Matheus, de 13, evitam falar sobre o pai. O mais velho é o que mais lembra do jogador, mas as palavras do garoto mostram que há muita mágoa do Vasco, que até hoje não indenizou a família.

Luciana lembra as palavras do menino - ele e os irmãos não querem nunca aparecer na mídia. "O Dênis sempre fala que tem orgulho do que foi seu pai, mas se ele não tivesse morrido nós não estaríamos vivendo esta vida, e o Vasco está tirando a vida que o pai queria que tivéssemos", destaca a viúva.

A esposa de Dener conta que eles pouco falam do pai. Até porque quando surge o assunto ou uma imagem dele em ação, todos se emocionam. Na última Copa São Paulo, cenas de Dener jogando apareceram na TV durante uma festa de aniversário, na qual estavam todos reunidos.

- A família comemorava o aniversário da minha afilhada quando apareceram as imagens. Os meninos ficaram muito mal, choraram. Para eles, a pior coisa é ver ou participar de uma reportagem sobre o pai - explica Luciana.

Mas será que algum dos três herdou o talento de Dener? Os meninos já jogaram na Portuguesa por quase um ano. Tentaram a sorte no Corinthians, mas não passaram na peneira. Luciana garante que todos jogam bem, mas o herdeiro do futebol de Dener é Felipe. O filho do meio lembra o jogador em ação, tem o jeito do pai. "Além da habilidade, herdou a segurança do Dener em campo."

Vasco diz que pode fazer acordo

Apesar de não reconhecer Luciana como esposa de Dener, morto em um acidente de carro em 19 de abril de 1994, o Vasco está disposto a tentar chegar a um acordo com a viúva do jogador. Mas exige uma procuração dela em nome dos filhos e espera que seu advogado procure o clube. Luciana move uma ação na Justiça contra o Vasco que já dura quase 13 anos.

- Eu não ia negociar com ela (Luciana), mas se trouxer uma procuração em nome dos filhos, e o advogado me procurar, estarei disponível. Podemos fazer um acordo - garante Paulo Reis, vice jurídico do Vasco.

Luciana e o advogado, Renato Lima Menezes, ficaram indignados com o primeiro acordo proposto pelo Vasco, em 2006, e desejam que o clube faça um acerto semelhante ao realizado com Romário, que hoje recebe cerca de R$ 200 mil mensais por dívidas que o time tinha com ele.

- Com o Romário, eles acertaram e pagarão R$ 200 mil mensais por dez anos. Por que não pagam pelo menos R$ 100 mil mensais para a Luciana? Já resolveria muita coisa - ressalta Renato.

Lusa prevê acordo até março

Se com o Vasco a situação jurídica está mais complicada, com a Portuguesa o acordo está bem próximo. Luciana, esposa de Dener, tem também uma ação contra o clube paulista para receber um resíduo de 13º salário do jogador, morto em 1994. O advogado da Lusa, Valdir Rocha, garante que vai tentar um acordo com a viúva até o início de março.

- Estamos sabendo da dívida e vamos propor um acordo. A Portuguesa vem de uma situação financeira grave e estamos tentando restaurar nossas finanças. Pagamos muitos processos nos dois últimos anos, e acreditamos que o acordo com a Luciana saia no começo de março - explica o advogado, segundo o qual o valor da dívida está em cerca de R$ 8,5 mil.

O representante de Luciana, Renato Lima Menezes, calcula que a dívida esteja em torno de R$ 10 mil a R$ 12 mil. A viúva conta que o clube ofereceu até um carrinho de maca quebrado para pagar a dívida. Valdir Rocha nega, mas volta a afirmar que o clube quer fazer um acordo.

- Acompanho o processo desde dezembro de 2002. Não houve a situação do carrinho, até porque uma máquina dessas vale bem mais do que o valor da dívida. Mas estamos planejados para os pagamentos sem que haja problema. Esperamos fazer um acordo para pagar em duas ou três vezes - completa o advogado da Lusa.

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Fonte: GloboEsporte.com




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