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NETVASCO - 08/01/2007 - 04:05 - Conca conta com talento e Dudar para driblar barreira da língua

A voz é baixa, quase inaudível. O peso (58kg) e o tamanho (1,62m) não são de um jogador profissional.

Quem vê o argentino Darío Conca entre os barulhentos e bem nutridos jogadores do Vasco custa a acreditar que aquele jovem franzino, de 23 anos, é a grande aposta do clube em 2007. O meia ainda não se sente à vontade entre os novos companheiros, apesar de garantir que foi recebido com educação por todos. Até agora não desgrudou do compatriota Dudar, a quem não conhecia. Nestes primeiros dias, o zagueiro tem sido uma espécie de irmão mais velho.

— Foi um alívio encontrar o Dudar aqui. Ele vai me ajudar muito, mas com o tempo as coisas entram na rotina — disse ontem o jogador, após o treino da manhã, no Estádio do Trabalhador, em Resende.

Mas, enquanto a rotina não se instala na vida de Conca no Brasil, percalços são normais.

O enfermeiro Luiz sofreu para lhe explicar como recolher fezes para um exame. Tentou um portunhol, e nada. Apelou então para a mímica, e, enfim, acabou se fazendo entender.

Para evitar problemas, o argentino adotou tática cautelosa: observar muito, ouvir tudo com atenção e falar o mínimo possível. Até porque, com exceção de Dudar, ninguém entende o que ele fala.

Apesar do problema de comunicação, Conca não teme a pressão no Vasco. Criado no River Plate, ele se diz acostumado a cobranças. Seu ídolo é Pablo Aimar, mas em campo não se espelha em ninguém.

— É natural que se espere muito de um jogador que vem de fora, ainda mais no futebol brasileiro. O Vasco é um grande clube, com história e torcida. Estou orgulhoso de estar aqui.

Orgulhoso e surpreso. Depois de chamar a atenção de clubes brasileiros na Copa Sul-Americana de 2005, no Universidad Católica, do Chile, Conca quase veio parar no Fluminense, mas o River Plate, dono do seu passe, exigiu que ele voltasse para Buenos Aires em 2006. Voltou, não jogou e foi para o Rosario Central, onde teve passagem discreta.

— No verão passado, vivi a expectativa de jogar no Brasil. Desta vez fiquei surpreso quando o Vasco me procurou. Agora espero que tudo dê certo.

Conca ainda não teve uma conversa com o técnico Renato Gaúcho. Mas sabe que o treinador pretende escalá-lo ao lado de Morais, ficando os dois com a função de criação. Na sua visão, não importa se o jogador é argentino, japonês ou inglês: — A língua do futebol é a mesma em todo lugar.

Ontem, no primeiro treino técnico, deu para notar a felicidade de todos. Até Conca sorriu. Timidamente, mas sorriu.

Fonte: O Globo (texto), Site oficial do Vasco (foto)




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