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NETVASCO - 29/11/2006 - 11:11 - Renato Gaúcho foge do 'extra-campo' e se consolida

A atual temporada representou uma mudança drástica para a imagem do treinador Renato Gaúcho. Antes perseguido pela associação constante com a polêmica, resquício de sua tumultuada carreira como jogador, o atual comandante do Vasco passou por um processo de transformação. E o resultado desse amadurecimento foi o reconhecimento - Renato foi indicado pela Confederação Brasileira de Futebol como um dos três melhores técnicos do país e recebeu elogios de profissionais como Luiz Felipe Scolari, que dirige da seleção portuguesa.

A transformação da imagem de Renato passa também por uma mudança na situação do Vasco. Quando o treinador foi contratado, em julho do ano passado, o time carioca era o penúltimo colocado do Campeonato Brasileiro, estava sem vencer havia sete rodadas e tinha perdido um clássico para o Flamengo por 1 a 0.

Nesta temporada, a equipe cruzmaltina esteve entre os dez primeiros colocados da competição nacional em 30 das 38 rodadas e chega à partida derradeira com chance de conquistar a classificação para a Copa Libertadores (o Vasco tem 58 pontos, um a menos que o Paraná, que atualmente é o último que garantiria vaga no torneio sul-americano).

A mudança no status do Vasco, que antes do Campeonato Brasileiro era apontado como um dos cotados ao rebaixamento (sobretudo por ter terminado no nono lugar entre os 12 participantes do Estadual), acarretou numa valorização do trabalho de Renato Gaúcho. Menos intempestivo do que em seus primeiros anos de carreira, o comandante da equipe carioca adotou como principal diretriz as atividades motivacionais com o elenco.

"Eu só faço o meu trabalho, junto com a comissão técnica. O mérito maior é que o grupo acredita nas coisas que eu passo. Quando o grupo não acredita, aí fica complicado", disse Renato Gaúcho, em tom muito humilde.

Se o trabalho motivacional sempre esteve presente no treinador Renato Gaúcho, o que mudou drasticamente foi sua postura. Antes ligado demais aos jogadores - tanto que a amizade que mantinha com Romário, maior ídolo do Vasco no ano passado, foi um dos argumentos para sua contratação - o comandante se tornou mais rígido. Segundo ele, isso faz parte da experiência que ele adquiriu na nova carreira.

"Eu não caí de pára-quedas no futebol. Aprendi muito durante a minha carreira como jogador e sabia que teria sucesso. Mas estou evoluindo, é claro. No começo, foi muito complicado colocar na cabeça que eu não podia estar em campo para resolver. Eu esperava que meus jogadores fizessem como eu, Zico ou o Romário", contou Renato Gaúcho.

Mais experiente, Renato Gaúcho se consolidou como treinador neste ano. O atual comandante do Vasco teve a primeira experiência no banco de reservas em 1996, quando ainda era jogador do Fluminense e acumulou as duas funções. Ele trabalhou nos últimos sete jogos do Campeonato Brasileiro, mas não conseguiu evitar a derrocada da equipe tricolor para a segunda divisão.

Em 2001, Renato Gaúcho iniciou oficialmente a carreira como treinador. Ele dirigiu o Madureira e, logo na estréia, superou o Vasco por 2 a 1 em pleno estádio de São Januário. No total, comandou a equipe em 16 partidas e acumulou cinco vitórias, dois empates e nove derrotas - campanha que colocou o time do subúrbio no sétimo posto da tabela do Estadual.

O treinador voltou a trabalhar só em 2002, quando assumiu o Fluminense durante o Campeonato Brasileiro. Renato Gaúcho levou a equipe tricolor ao quarto lugar da competição nacional e ao vice-campeonato estadual do ano seguinte, perdendo a decisão para o Vasco. O comandante deixou as Laranjeiras na 13ª rodada do Brasileiro de 2003, quando sua equipe estava na 12ª posição.

O afastamento de Renato Gaúcho do Fluminense, porém, durou apenas três meses. Ele reassumiu a equipe ainda em 2003, quando os cariocas ocupavam o penúltimo lugar do Campeonato Brasileiro. Com cinco vitórias, três empates e cinco derrotas em 13 jogos, o treinador conseguiu evitar a queda da equipe tricolor para a Série B.

Em todos esses trabalhos, o ponto comum foi a aposta, por parte dos clubes, no perfil "boleiro" de Renato Gaúcho e no fato de o treinador falar de igual para igual com os jogadores. Só neste ano, com a campanha positiva que vem fazendo no Vasco, é que o ex-atacante conseguiu se livrar desse estigma e se firmar na nova atividade.

"Apesar de não ser o primeiro trabalho, eu coloco o Renato Gaúcho como uma das revelações do Campeonato Brasileiro. Ele vem fazendo um trabalho brilhante no Vasco, com uma grande postura. Conseguiu mudar a imagem e tenho certeza que vai ser um dos maiores treinadores do país", enalteceu Luiz Felipe Scolari, pentacampeão mundial com a seleção brasileira em 2002, que agora dirige a equipe de Portugal.

Scolari não foi, porém, o único a reconhecer o talento de Renato Gaúcho. O ex-jogador Jorginho, auxiliar-técnico de Dunga na seleção brasileira atual, foi outro a salientar a capacidade do comandante do Vasco: "Ele vem aprimorando seu trabalho a cada dia e não é por acaso que foi indicado pela CBF como um dos três melhores do país nesta temporada".

Menos incisivo, Dunga usou o tempo de permanência de Renato no Vasco para justificar o bom momento do treinador. "Isso [o longo período] faz muita diferença. O profissional pode conhecer melhor o grupo, com suas potencialidades e limitações, e aí fica mais fácil para o trabalho de todos", analisou.

O fato de estar à frente do Vasco há mais de 16 meses, aliás, comprova o amadurecimento de Renato. O presidente do clube carioca, Eurico Miranda, citou esse fato para explicar os elogios ao treinador: "Eu não estou satisfeito. Estou absolutamente satisfeito. Ele está demonstrando que tem poder e que já é um profissional formado. Acho que acertamos plenamente na escolha".

Experiência com polêmicas ajuda Renato

Durante os anos em que foi jogador, Renato Gaúcho sempre foi marcado pelo temperamento explosivo e intempestivo. Além disso, o atacante era presença constante em casas noturnas - fato que determinou até seu corte da seleção brasileira que disputou a Copa de 1986. Hoje em dia, todos os momentos conturbados que viveu como atleta servem como experiência para o treinador do Vasco.

"Tive momentos bons e ruins na época em que eu era jogador e procuro passar isso para o meu grupo. Já falei demais, já fui expulso em partidas desnecessárias e tudo isso vira ensinamento. Digo aos atletas qual é o caminho certo e dou conselhos. Eu procuro usar as situações que eu passei para que eles entendam. Mas a decisão é sempre dos jogadores", afirmou Renato Gaúcho.

Um dos pontos mais polêmicos na conduta de Renato Gaúcho como treinador é a liberação para badalações: "Meus jogadores podem sair à noite. Eu não proíbo isso, até porque eu também saía quando era atleta. Mas no dia seguinte, o cara precisa 'se garantir'. Eu podia sair e fazer qualquer coisa, mas garantia meu desempenho depois".

O rendimento em campo é, sem sombra de dúvida, a principal preocupação de Renato Gaúcho com seus atletas. "Eu deixo todas as decisões nas mãos deles. Falo sobre o que é certo e errado, mas não posso fazer o caminho de ninguém. Só que depois eu também não passo a mão na cabeça. Passar a mão na cabeça é uma coisa que eu só faço com a minha filha", avisou o treinador cruzmaltino.

A filosofia do agora treinador Renato Gaúcho reflete a postura transgressora que ele adotava como atleta. A polêmica começava no visual, já que o atacante não costumava usar caneleiras e deixava as meias sempre abaixadas. Além disso, o jogador adotou durante a década de 90 o uso de uma faixa para prender o cabelo - e também para divulgar um de seus patrocinadores pessoais.

Fora de campo, o atacante Renato Gaúcho sempre foi citado por dois motivos: mulheres e presença na noite. O gosto pelas festas, aliás, foi o responsável pelo fato de o jogador não ter disputado a Copa do Mundo de 1986. Ele e o lateral-direito Leandro voltaram depois do horário combinado ao hotel em que a seleção brasileira estava concentrada e foram cortados pelo então treinador Telê Santana.

A decisão do comandante, aliás, motivou uma rusga com Renato Gaúcho. O atacante não achou justo o corte em virtude do comportamento dos outros atletas. "A diferença é que eu e o Leandro tivemos personalidade e entramos pela porta da frente da concentração. Os que fugiram e pularam o muro para voltar não sofreram nada", disse o atacante naquela época.

Em 1987, Renato Gaúcho conseguiu uma "vingança" por conta do corte. O Flamengo, time do atacante, eliminou o Atlético-MG nas semifinais da Copa União (principal competição nacional daquela temporada). E com um golaço de Renato. "Eu vontade de jogar a camisa na cara dele na hora de comemorar", contou o jogador.

Respaldo faz Renato superar ano de frustrações

O Vasco pode terminar 2006 com a classificação para a Copa Libertadores, competição que o time carioca não disputa desde 2001. No entanto, a vaga no principal torneio sul-americano de clubes seria apenas uma forma de amenizar um ano de frustrações para a equipe cruzmaltina.

No primeiro semestre, por exemplo, o Vasco realizou uma campanha pífia no Estadual do Rio de Janeiro e terminou na nona posição. O time dirigido por Renato Gaúcho não conseguiu se classificar sequer para as semifinais em nenhum dos dois turnos da competição (foi o quarto colocado de seu grupo na Taça Guanabara e na Taça Rio e apenas os dois primeiros se classificavam).

Além disso, a temporada vascaína ficou marcada pela derrota na decisão da Copa do Brasil para o rival Flamengo. O time rubro-negro venceu as duas partidas da decisão, ambas no Maracanã, por 2 a 0 e 1 a 0. Com a taça, interrompeu um jejum de conquistas nacionais que já durava desde o Campeonato Brasileiro de 1992.

A derrota na decisão da Copa do Brasil, competição que o Vasco nunca venceu, não apenas impediu Renato Gaúcho de conquistar seu primeiro título como treinador. O clube cruzmaltino ampliou o jejum de vitórias sobre o arqui-rival Flamengo em finais - a última foi no Estadual de 1988.

Mantido no comando técnico da equipe a despeito das duas frustrações, Renato Gaúcho sempre colocou o respaldo que recebe da diretoria como um ponto fundamental para o sucesso do time carioca. "O mais importante é a seqüência de jogos. Os outros clubes não têm a mentalidade do Vasco e aqui me passam muita tranqüilidade", comparou.

No Campeonato Brasileiro de 2006, apenas seis equipes não mudaram seus treinadores. E esses times são justamente São Paulo, Internacional, Grêmio, Santos, Paraná Clube e Vasco, que ocupam as seis primeiras colocações da competição nacional (nessa ordem).

Renato Gaúcho classifica essa seqüência no trabalho como um dos pontos fundamentais para o sucesso. O comandante do Vasco resistiu, além do fraco rendimento no Estadual e da derrota na Copa do Brasil, a uma série de cinco partidas sem vencer no Campeonato Brasileiro.

"O trabalho a longo prazo faz muita diferença. Aqui no Vasco eu tenho uma tranqüilidade grande e conheço bem os jogadores. Isso ajuda na hora de montar a equipe", analisou o comandante.

Fonte: Pelé.net




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