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NETVASCO - 27/11/2006 - 09:45 - OS 50 ANOS DE UMA MEDALHA DE OURO OLÍMPICA VASCAÍNA

Neste dia 27 de novembro completam-se 50 anos do bicampeonato olímpico de Adhemar Ferreira da Silva no salto triplo, conquistado nas Olimpíadas de Melbourne, na Austrália, em 1956 (ele havia ganho o primeiro ouro em Helsinque-1952). Uma data para ser comemorada por todos os esportistas brasileiros e em especial pelos vascaínos, pois Adhemar - um dos maiores atletas do Brasil em todos os tempos - defendia na época as cores do Club de Regatas Vasco da Gama.

Adhemar Ferreira da Silva competiu por apenas dois clubes em toda a sua vitoriosa carreira: o São Paulo F.C. e o C.R. Vasco da Gama. Como atleta tricolor, foi ouro nos Jogos Pan-Americanos de Buenos Aires-1951 e da Cidade do México-1955 e nas Olimpíadas de Helsinque-1952. Também como são-paulino, Adhemar bateu dois recordes mundiais (em 1952 e 1955) que seriam eternizados na forma de duas estrelas douradas na bandeira do clube paulista.

No ano de 1955 Adhemar desembarcou no Rio de Janeiro para competir pelo Vasco da Gama com o status de campeão olímpico, bicampeão pan-americano e recordista mundial do salto triplo. Filiou-se ao clube em 30 de abril daquele ano. O campeão residiu no bairro de São Cristóvão, onde fica a sede do Vasco, e conciliou os treinos na pista de atletismo que circundava o campo de São Januário com o trabalho no jornal Última Hora e os estudos na Escola de Educação Física do Exército.

Como atleta do Clube da Colina, conquistou cinco títulos estaduais, dois do Troféu Brasil, a medalha de ouro nas Olimpíadas Melbourne-1956 (sua 2ª seguida, tornando-se o primeiro e até hoje único atleta brasileiro bicampeão olímpico de fato) e a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos Chicago-1959 (sua 3ª consecutiva, tornando-se tricampeão pan-americano).

Para se ter noção da importância dos títulos de Adhemar Ferreira da Silva para o Vasco e para o Brasil, basta dizer que, até 1980, quando o Brasil obteve duas medalhas de ouro no iatismo nas Olimpíadas de Moscou, o esporte brasileiro só tinha dois campeões olímpicos: Guilherme Paraense, atleta do Fluminense, no Tiro, em 1920; e Adhemar, com dois ouros no salto triplo, em 1952 como atleta do São Paulo e em 1956 como atleta do Vasco.

Foi também no Vasco que Adhemar Ferreira da Silva encerrou sua carreira, em 1960, logo após as Olimpíadas de Roma. Sua última competição oficial foi em 1º de outubro, no complexo do Maracanã, quando sagrou-se mais uma vez campeão carioca no salto triplo com a marca de 15,58m. O vínculo afetivo de Adhemar com a Cruz de Malta, no entanto, manteve-se intacto. No centenário vascaíno, em 1998, o campeão foi procurado pelo jornal O Globo para falar sobre a importância do Vasco em sua vida e sua carreira. Ele estava passando férias com a família em Hamburgo, na Alemanha, mas mesmo assim fez questão de prestar sua homenagem ao clube:

"Estou feliz pelo Vasco estar comemorando seu Centenário. Tive uma ótima passagem pelo clube. Morei em São Cristóvão e na Tijuca. Minha filha, Adyel, é vascaína. Tenho boas lembranças do Rio", declarou Adhemar.

Dois anos depois, em 2000, o Vasco convidou-o para chefiar a delegação de 80 atletas que enviou aos Jogos Olímpicos de Sydney, na Austrália, no auge do Projeto Olímpico vascaíno. O campeão só não pôde aceitar o convite porque já tinha firmado um compromisso de trabalhar como comentarista para uma rede de TV estrangeira.

Adhemar Ferreira da Silva nos deixou em 12 de janeiro de 2001. Acompanhe abaixo um resumo da carreira do campeão:

O INÍCIO

Adhemar Ferreira da Silva nasceu em 29 de setembro de 1927 em São Paulo, no bairro Casa Verde. Filho único de um ferroviário e de uma cozinheira, o menino trabalhava desde cedo para ajudar nas contas da casa e apenas aos 18 anos começou a praticar o Atletismo.

O começo da carreira foi por acaso. Em 1947, conversando com um desconhecido (na verdade José Márcio Cato, da equipe de Atletismo do São Paulo F. C.) em plena Av. São João, gostou da sonoridade da palavra "atleta" e resolveu começar a praticar esporte: "Achei a palavra atleta bonita e decidi que queria ser um".

O AUGE

Adhemar logo sagrou-se campeão brasileiro e obteve o índice para as Olimpíadas de Londres, em 1948. Ficou em 14º lugar. Daí em diante, foram só vitórias: o tricampeonato pan-americano (1951-1955-1959), o bicampeonato olímpico (1952-1956), o pentacampeonato sul-americano, dez títulos brasileiros e cinco recordes mundiais, sendo dois deles no mesmo dia, durante as Olimpíadas de Helsinque em 1952.

Para comemorar a vitória em Helsinque, Adhemar deu uma volta correndo pela pista do estádio de Atletismo. Nascia aí a "volta olímpica", hoje comum na comemoração de títulos em qualquer esporte, no Brasil e no exterior.

Em 1960, ele não pôde dar o seu melhor nas Olímpiadas de Roma devido a uma tuberculose. Mesmo sem chegar ao pódio, foi aplaudido de pé pelo público. Abandonou a carreira aos 32 anos.

O ESPÍRITO OLÍMPICO

Adhemar era a personificação do espírito olímpico. Em 1952, recusou um presente do jornal Gazeta Esportiva, uma casa, porque se o aceitasse deixaria de ser considerado amador e não poderia mais competir nas Olimpíadas. O campeão preferiu continuar morando de aluguel e trabalhando como funcionário público da Prefeitura de São Paulo.

Em 1953, Adhemar teve de ficar oito dias fora para competir no Chile. Ao voltar ao Brasil, ficou sabendo que o período havia sido descontado de seu salário. Jânio Quadros, o prefeito na época, havia dito: "A prefeitura é lugar de funcionários e não de vagabundos desportistas". O campeão respondeu com ironia: "Na rua onde eu moro não tape os buracos, pois foi saltando eles que eu ganhei força nas pernas para trazer a medalha de ouro para o Brasil". Acabou perdendo o emprego.

FORA DAS PISTAS

Adhemar foi único também fora das pistas. Sua sede por conhecimento fez com que ele estudasse por toda a vida. Inicialmente, formou-se em Escultura em 1948, pela Escola Técnica de São Paulo. No decorrer da carreira, conseguiu conciliar as competições e treinamentos com o curso de Educação Física, graduando-se pela Escola do Exército, no Rio de Janeiro. Depois de terminada a carreira de atleta, formou-se em Direito pela Universidade do Brasil em 1968 e, em 1990, concluiu o curso de Relações Públicas pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero, em São Paulo.

O bicampeão olímpico também era um craque em línguas. Falava fluentemente inglês, espanhol, francês, italiano e alemão. A admiração mútua entre Adhemar e o povo da Finlândia (graças à sua primeira conquista olímpica em 1952) o levou também a aprender algumas noções de finlandês.

Adhemar também se aventurou na carreira de ator. Participou, em 1956, da peça "Orfeu da Conceição", de Vinícius de Moraes. Em 1962, atuou no filme "Orfeu do Carnaval", dirigido pelo francês Marcel Camus. O filme acabou recebendo o Oscar de melhor filme estrangeiro naquele ano.

Em 1964, Adhemar Ferreira foi nomeado adido cultural do Brasil na embaixada da Nigéria, cargo que ocupou até 1967. Foi uma volta às origens, uma vez que Adhemar era descedente de nigerianos.

O ex-atleta trabalhou também como cronista esportivo no jornal Última Hora, de onde guardou boas recordações: "Foi uma escola. Convivi com nomes como Samuel Weiner, Antônio Maria e Nelson Rodrigues".

AS MARCAS

Em 1947 Adhemar começou a competir, obtendo 13,05m no Troféu Brasil daquele ano. Sob orientação do treinador alemão Dietrich Gherner, sagrou-se campeão paulista com a marca de 14,77m e conseguiu o índice para a sua primeira Olimpíada. No entanto, em Londres, no ano seguinte, o brasileiro saltou 15,03m e ficou em 14º lugar.

Em 1949, Adhemar melhorou sua marca para 15,51m, batendo um recorde sul-americano que perdurava desde as Olimpíadas de 1924, em Paris, quando o argentino Luis Buneto havia saltado 15,42m.

No dia 3 de dezembro de 1950, competindo no estádio do C. R. Tietê, em São Paulo, Adhemar saltou 16 metros cravados igualou o recorde mundial do salto triplo, que pertencia do japonês Naoto Tajima e durava desde as Olimpíadas de Berlim em 1936.

Os Jogos Pan-Americanos de 1951 em Buenos Aires renderam ao brasileiro seu primeiro grande título internacional. Em 30 de setembro do mesmo ano, competindo no estádio do Fluminense, saltou 16,01m e superou seu próprio recorde mundial.

Em 1952, nas Olimpíadas de Helsinque, Adhemar conseguiu um feito inacreditável: em apenas um dia (23 de julho), bateu por quatro vezes o recorde olímpico do salto triplo, sendo que nos dois últimos saltos estabeleceu também novos recordes mundiais. As marcas conseguidas foram 16,05m, 16,09m, 16,12m e 16,22m. Era a segunda medalha de ouro do esporte brasileiro em Olimpiadas, a primeira desde 1920.

Durante os Jogos Pan-Americanos da Cidade do México, em 16 de março de 1955, Adhemar saltou 16m56, batendo novamente o recorde mundial e conquistando o bicampeonato pan-americano.

No dia 27 de novembro de 1956, aos 27 anos, Adhemar Ferreira da Silva chegou ao bicampeonato olímpico ao saltar 16,35m (no recorde olímpico) nas Olimpíadas de Melbourne, na Austrália. Somente 28 anos depois, nas Olimpíadas de 2004, em Atenas, outros atletas brasileiros (os iatistas Robert Scheidt, Torben Grael e Marcelo Ferreira e os voleibolistas Giovanni e Maurício) alcançaram a marca de duas medalhas de ouro. Porém, somente Adhemar chegou ao lugar mais alto do pódio em duas Olimpíadas consecutivas.

Em 1959, Adhemar chegou ao tricampeonato pan-americano no salto triplo, em Chicago, nos Estados Unidos. Sobre este título, a revista O Cruzeiro de 3 de outubro de 1959 escreveu:

"O público presente ao estádio de “Soldier Field” viu e lamentou quando Ademar teve que abandonar a prova do salto triplo devido a uma distensão muscular. Ainda lhe restavam dois saltos da fase final que êle não pôde completar. Mesmo assim venceu a prova, pois sua marca de 15,90m não foi igualada por nenhum dos outros competidores."

Devido a uma tuberculose, não pôde preparar-se de maneira correta para as Olimpíadas de Roma, em 1960. Após a competição, encerrou sua vitoriosa carreira.

OS ÚLTIMOS ANOS DE VIDA

Adhemar Ferreira da Silva era um dos atletas brasileiros mais conhecidos no exterior. Freqüentemente recebia homenagens em vários países e também trabalhava como comentarista de Atletismo. Ele faleceu nos em 12 de janeiro de 2001 após cinco dias internado no Hospital Santa Isabel, em São Paulo, devido a problemas pulmonares. Foi sepultado no dia seguinte na mesma cidade.

GALERIA


Adhemar bate 4 recordes mundiais no mesmo dia e leva seu 1º ouro



Ficha de Adhemar como atleta do Vasco (frente)



Ficha de Adhemar como atleta do Vasco (verso)



Adhemar, ainda são-paulino, é homenageado pelo Vasco em São Januário



Fonte: NETVASCO




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